Medicamentos descobertos recentemente reduzem em
até 20% o risco de morte; governo reconhece que há déficit na oferta de
tratamento, e, de cada dez doentes, três não recebem cuidados.
O tratamento de câncer, doença que é a terceira
principal causa de mortes no país, pelo SUS está uma penúria. O serviço
oferecido pelos hospitais públicos exclui pacientes que precisam de
radioterapia e, segundo especialistas, falha em incorporar remédios de nova
geração, que são mais eficazes e têm menos efeitos colaterais.
O Ministério da Saúde estima que há déficit na
oferta da radioterapia — de cada dez pacientes que precisam usar o equipamento
para se tratar, três ou quatro não terão acesso a ele. No país, há 275
hospitais cadastrados para atender pacientes com tumores.
Ao todo, o Brasil conta com apenas 221 equipamentos
de radioterapia, sendo que no Amapá não há nenhum aparelho e em três estados
(Rondônia, Acre e Tocantins) há apenas um. Nessas regiões, doentes do interior
têm que se mudar para a capital para serem atendidos. O problema se concentra
nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
As estimativas oficiais são de que cerca de 500 mil
novos casos de câncer serão registrados este ano, com 160 mil mortes causadas
pela doença. Especialistas alertam para a falência do sistema na área de
oncologia.
— A gente espera uma crise grave nessa área. O Ministério da Saúde empurra com a barriga enquanto for possível — diz José Getúlio Martins Segalla, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
A última atualização de medicamentos foi em 2001.
— A gente espera uma crise grave nessa área. O Ministério da Saúde empurra com a barriga enquanto for possível — diz José Getúlio Martins Segalla, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
A última atualização de medicamentos foi em 2001.
De acordo com Segalla, a portaria 3.535 de 1998, do
Ministério da Saúde, determina que todo medicamento novo para combate ao câncer
seja avaliado periodicamente com vistas a ser incorporado ao tratamento. A cada
dois anos ele sofreria uma revisão de custos. O problema, diz, é que a última
atualização de medicamentos foi em 2001. — Há defasagens no valor do remédio
pago pelo SUS, os serviços estão mais caros e não há remuneração por isso.
As atualizações feitas até hoje são burocráticas e
cosméticas, pois elas só mudaram a numeração dos códigos dos remédios — diz
Segalla.
Ele afirma que o ministério não introduziu medicamentos de nova geração para tratamento dos tumores. Um deles é o Mabthera, medicamento intravenoso que reduz em 20% o risco de morte. Foi este o usado pela ministra Dilma Rousseff em seu tratamento. Ele está no mercado desde 2003, mas ainda não teria sido aprovado para ser usado no SUS. Quando, e se for aprovado, representará custo alto para a planilha médica. Segundo Segalla, a tabela do SUS para tratamento de linfomas é de R$ 500, a mesma de 1998. Com o Mabthera, sobe para R$ 6 mil. — O que a gente tem no SUS é uma tabela de medicamentos extremamente defasada. O SUS paga um pacote que o paciente tem que usar para cobrir todo o tratamento, incluindo medicamentos.
Ele afirma que o ministério não introduziu medicamentos de nova geração para tratamento dos tumores. Um deles é o Mabthera, medicamento intravenoso que reduz em 20% o risco de morte. Foi este o usado pela ministra Dilma Rousseff em seu tratamento. Ele está no mercado desde 2003, mas ainda não teria sido aprovado para ser usado no SUS. Quando, e se for aprovado, representará custo alto para a planilha médica. Segundo Segalla, a tabela do SUS para tratamento de linfomas é de R$ 500, a mesma de 1998. Com o Mabthera, sobe para R$ 6 mil. — O que a gente tem no SUS é uma tabela de medicamentos extremamente defasada. O SUS paga um pacote que o paciente tem que usar para cobrir todo o tratamento, incluindo medicamentos.
Nem mesmo o Instituto Nacional do Câncer (Inca),
centro de excelência no tratamento gratuito de câncer no país, escapa das
falhas na prestação de serviço a quem depende do sistema público. O Inca tem
quatro hospitais no Rio, sendo que um trata exclusivamente pacientes que já não
têm mais cura, mas que podem ter sua qualidade de vida melhorada. Com autonomia
para receitar os melhores tratamentos para seus doentes, o Inca tem como
gargalo a oferta limitada de vagas. Para ser atendido em um desses centros, há
uma fila de 1.626 pessoas.
O segredo dessa pequena ilha de excelência, que tem
405 leitos, um centro de transplante de medula óssea e conta com 26 grupos de
pesquisa, é a Fundação do Câncer, uma entidade de direito privado que capta
recursos externos para investir em estudos e tratamentos.
O Ministério diz que os hospitais escolhem os
remédios e nega que deixe de incluir medicamentos modernos. Explica que os
procedimentos para tratar cada tipo de câncer são tabelados e que cabe aos
hospitais, nos estados e municípios, escolher os remédios.
A falta de recursos é o principal gargalo, de
acordo com o governo. Por isso, o Ministério da Saúde aposta na possibilidade
de aumento das verbas, via aprovação da emenda 29, empacada no Congresso,
diante da proposta de ressuscitar a CPMF, com novo nome de Contribuição Social
para a Saúde (CSS).
Em novembro, o Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (Conass) comunicou que o orçamento para a compra de medicamentos em 2010
(R$ 3,3 bilhões) será 4% menor que em 2009 e que a falta de um modelo de
financiamento é uma das principais causas da redução. A compra de medicamentos
de alta complexidade, em geral mais caros, sofrerão impacto, entre eles para
câncer e hepatite.
Fonte: O Globo – RJ (condensado)
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