A incidência de retinoblastoma (câncer nos olhos que atinge especialmente crianças com menos de quatro anos) no Brasil é o dobro dos EUA e da Europa, aponta a primeira publicação brasileira que avalia a incidência dos cânceres infantis no país.
Enquanto algumas cidades brasileiras registram entre 21,5 e 27 casos desse câncer por milhão, nos EUA esse valor varia entre 10 e 12 casos por milhão. O estudo, realizado pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), será publicado na próxima edição da revista científica "International Journal of Cancer".
Segundo a oncologista pediátrica Beatriz de Camargo, uma das autoras da publicação, o próximo passo é tentar descobrir os motivos que expliquem essa distorção, como fatores ambientais, alimentares ou genéticos.
Para o oncologista pediátrico Neviçolino Pereira de Carvalho Filho, do Hospital A.C.Camargo, os resultados devem estimular os cientistas a tentar descobrir as razões de a incidência desse tumor ser muito maior nos países em desenvolvimento.
"Uma das hipóteses é de que ele teria alguma relação com a infecção por HPV, mas há estudos controversos."
O retinoblastoma está entre os dez tumores mais comuns na infância - é o sexto mais frequente nas crianças.
É um tumor que ataca a retina e normalmente se manifesta ainda nos primeiros anos de vida. Se não tratado precocemente, leva à perda da visão e até do olho. Os principais sinais são uma mancha esbranquiçada no olho (que pode ser facilmente observada em uma foto com flash e estrabismo.
"Nem toda mancha é câncer e nem todo estrabismo é câncer. Mas, se a criança apresentar esses sinais, o ideal seria fazer um exame oftalmológico de fundo de olho", recomenda Carvalho.
da Folha de S.Paulo
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