quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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De novo a CPMF, agora disfarçada de CSS

Os jornais noticiaram ontem que em reunião do Conselho Político, a presidente observou que a Emenda 29, que fixa porcentuais mínimos para investimento na saúde pública, só pode ser aprovada se houver novos recursos. O presidente da Câmara Federal já se manifestou e pretende programar a votação da emenda para o dia 28 de setembro. A mensagem não poderia ser mais clara, e “novos recursos” deve ser traduzido como ressuscitar a famigerada CPMF - aquele imposto criado como provisório e banido na era Lula pela sociedade organizada, a qual já demonstrou inequivocamente que não o deseja de volta. Mas os políticos nunca se conformaram com a perda  dessa galinha dos ovos de ouro. Chega!

Por Jaime Leitão

O governo e os seus líderes no Congresso dão uma volta aqui, outra ali e retornam ao mesmo lugar. Circulam como quem não quer nada querendo tudo. O que eles pretendem mesmo é recriar a famigerada CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) com outro nome: CSS (Contribuição Social para a Saúde).

O nome é bonito, mas é inaceitável criar mais um imposto, taxando todas as operações financeiras, sem que tenhamos certeza de que os seus recursos serão aplicados na saúde. Quer dizer, é mais fácil acreditar em duendes e mula sem cabeça do que na aplicação desses recursos em um setor tão carente deles.

Durante os anos em que existiu a CPMF, a saúde no Brasil continuou maltratada, com os hospitais públicos atendendo, na sua maioria, muito mal os seus pacientes. Por que agora será diferente? Agora estão bem intencionados? Por que não estavam antes?

E já pagamos impostos demais, em quantia mais do que suficiente para atender às necessidades da saúde, educação e segurança.

 O fundamental é evitar que esses recursos que já existem sejam extraviados para onde nunca deveriam ir. Por mais impostos que sejam criados, as nossas maiores carências não serão aplacadas enquanto houver desvios.

Cenas tenebrosas vemos pela televisão: mulheres grávidas em trabalho de parto sendo rejeitadas em hospitais e maternidades públicas, algumas morrendo ou perdendo os seus filhos porque ficaram rodando horas na ambulância sem receber a assistência devida.

Inúmeras escolas têm falta de professores, e a qualidade do ensino muitas vezes é tão baixa que promove o aluno para a série seguinte sem que ele consiga fazer contas elementares ou entender um texto tão elementar quanto.

Não se suporta mais ouvir a expressão: “aumento de impostos”. Pelo contrário, o caminho deve ser o inverso: “diminuição urgente de impostos” e “melhoria na qualidade dos serviços prestados à população”.

Nada de CPMF, CSS ou qualquer tipo de contribuição que queiram nos enfiar goela abaixo. Pelos impostos que pagamos, deveríamos ter acesso a uma saúde pública de primeiríssima e a uma educação pública também excelente. Mas não! Os impostos que pagamos vazam por dutos invisíveis. E isso nos torna reféns de políticas obscuras que nunca chegam à transparência e à luz. Até quando pagaremos por camarão e receberemos ovo frito no prato? Gato por lebre, sardinha por lagosta, coxão duro por filé mignon? Pagamos em ouro e recebemos lata. Estou mentindo? A realidade está aí para provar que não.

O que gastamos em impostos é suficiente para suprir as necessidades básicas de toda a população. Mas isso não se dá porque a rota dos recursos segue um percurso cheio de atalhos. E nesses atalhos grande parte deles some para sempre. Com novos impostos, o destino será o mesmo.

Fonte aqui. Ilustração do Googleimages e editorial pelo autor do blog.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

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Inveja


Do canto em que me encontrava, pude admirá-la com discrição. De vestido claro, cabelo curto e olhos verdes que coloriam o rosto sem maquiagem, ela tomava uma xícara de chá no intervalo anterior ao segundo ato d'O baile de máscaras, no primeiro andar da Ópera de Estocolmo, um salão com paredes, teto e ornamentações reluzentes de ouro. Subitamente, o ar pensativo se transfigurou num sorriso que iluminou a sala. Fiquei de tal forma encantado por ela, que só percebi a quem a expressão de alegria se destinava quando um rapaz loiro chegou perto o suficiente para beijá-la. De terno cinza-escuro, camisa branca de gola rolê, corpo esguio e traços herdados dos ancestrais vikings, ele estava à altura da beleza da moça; parecia um casal de artistas de cinema.

Por Drauzio Varela
Depois do beijo, conversaram animadamente durante todo o intervalo. Fiquei curioso a respeito deles. Quanta diferença haveria entre nascer num lugar sem gente pobre como Estocolmo e num bairro operário de São Paulo? Se eu tivesse recebido a mesma educação e fosse tão bonito quanto aquele rapaz, minha vida teria sido mais fácil? Mais feliz?

Sozinho, no burburinho polido das pessoas bem-vestidas do salão de ouro, senti uma inveja como as da infância, difícil de entender. Queria ter tido as mesmas oportunidades e ser bonito como ele, mas sem deixar de ser quem sou, encarnar meu espírito em seu corpo por um tempo, viver travestido na sua pele, naquele país culto, organizado, sem miséria por perto, atraindo olhares admirados das mulheres.

Terminada a ópera, voltei debaixo de uma garoa fina para o pequeno apartamento de hóspedes que o Instituto Karolinska me cedera, durante o estágio hospitalar a convite dos velhos amigos Ulrich Ringborg e Sam Rotstein. Cheguei com as meias ensopadas e com tanto frio que corri para tomar banho, projeto imediatamente frustrado pelo mau humor do chuveiro, que se recusou a deixar cair sequer um pingo de água  quente. Agasalhei-me o quanto pude e sentei junto ao aparelho de calefação, com saudades de estar em casa ao lado de minha mulher.

Naquele estágio passei por várias clínicas, nas quais acompanhava consultas ambulatoriais e visitas à enfermaria. Um dos serviços visitados atendia pacientes portadores de linfoma, tipo de câncer que geralmente se manifesta sob a forma de gânglios aumentados no pescoço, axilas, virilhas, e nas regiões internas em que essas estruturas estão concentradas. O chefe do grupo se chamava Bo Johanson, tinha pouco mais de cinquenta anos e era tão míope que sem óculos não conseguia enxergar a caneta em cima da mesa. Bo se distinguia não apenas pelo conhecimento da especialidade, mas pelo hábito de fumar dois maços de cigarros por dia, raridade entre médicos na Escandinávia.

Sua notória dependência de nicotina era folclórica entre os colegas; contavam que uma vez, depois de ter permanecido por quatro horas na sala de cirurgia, deu uma tragada tão profunda que consumiu dois terços do cigarro.

Noutra ocasião, em noite de insônia, já tendo percorrido a cidade a pé atrás de um bar aberto, tocou a campainha na casa de um amigo fumante às duas da madrugada, liberdade intolerável entre suecos. A esposa atendeu, à janela:
- O que o senhor deseja a esta hora?
- Dois ou três cigarros para um paciente meu que está passando muito mal.

Nossa rotina no ambulatório era rever o prontuário do doente, antes de chamá-lo. Religiosamente, a cada três atendimentos ele interrompia solene: “Time for a cigarette” e saíamos para o jardim, numa temperatura abaixo de zero. Eu ainda tomava o cuidado de vestir o capote, ele não. Discutíamos os casos vistos, enquanto a brasa do cigarro não encostava no filtro, ou até meu queixo começar a bater e os lábios congelados a embaralhar as palavras. Nessa hora, ele fazia alguma referência jocosa ao baixo limiar de regulação térmica dos habitantes dos trópicos, e dava a última tragada, com gosto. Apesar do rosto afogueado pelo vento e das mãos roxas, era impressionante como conseguia resistir, fleumático, só com o avental por cima da camisa.

Numa das manhãs, atendemos a um dos primeiros refugiados políticos do Chile a chegar a Estocolmo. Fiquei comovido com a situação do rapaz, com quem tive oportunidade de conversar por alguns minutos, enquanto Bo saiu da sala para cuidar de um doente internado. Era um engenheiro de trinta e dois anos que perdera a esposa e o irmão mais velho, aprisionados no estádio de futebol de Santiago, nos primeiros dias da ditadura Pinochet. Desesperado ao saber das mortes, empreendeu com documentos falsos uma longa fuga para Mendoza, na Argentina, onde se asilou na representação da Suécia. Dois meses depois de desembarcar em Estocolmo, mal havia conseguido emprego na construção civil, notou a presença de um tumor de crescimento rápido na axila direita. Como a previdência social daquele país garante igualdade de direitos aos asilados políticos, estava sendo acompanhado no Instituto Karolinska com as regalias de qualquer cidadão sueco.

Em relação aos cuidados recebidos não tinha queixas: pelo contrário, reconhecia que não teria acesso a tantos recursos e competência profissional em Santiago. Seus problemas eram de ordem emocional:
- Estou doente, sozinho, neste frio de Estocolmo, sem poder voltar para o meu país. De minha família sobraram meus pais, já velhos, a quem poupei de mais este desgosto, e alguns primos e tios com quem perdi contato há anos. Escapei da morte certa no Chile, mas já nem sei se foi sorte. Será que não é mais triste morrer solitário, numa enfermaria de um país estranho?

Dei a ele meu telefone no hospital e me pus à disposição para o que julgasse necessário. Insisti que não deixasse de me chamar em caso de dúvida ou mesmo para conversarmos num fim de tarde. Quando virou as costas, senti a inutilidade do oferecimento: em poucos dias eu não estaria mais lá! Graças a Deus tinha para onde voltar, pensei sem querer, e esse pensamento me trouxe alívio.

Mais dois ou três cigarros fumados por Bo em minha companhia congelada, e folheamos um prontuário grosso como uma lista telefônica. Era um caso de linfoma de evolução lenta, controlado por ele fazia oito anos com tratamentos conservadores que induziam remissão completa dos sintomas e dos gânglios aumentados, sem muitos efeitos colaterais, mas não curavam a enfermidade. As duas primeiras remissões duraram dois anos, mas as subsequentes foram gradativamente mais curtas; a última delas fora mantida por apenas dois meses. Desconfiado de que a doença dessa vez tinha se transformado numa variedade mais grave, Bo tomara a precaução de pedir biópsia de um dos gânglios cervicais. O resultado anexo ao prontuário confirmava as piores suspeitas: o linfoma sofrera transformação num tipo de alta agressividade.

Bo perguntou minha opinião sobre o caso. Argumentei que o único tratamento com alguma chance de levar à cura seria um transplante de medula óssea, procedimento novo na época, porém só exequível se o paciente tivesse um irmão ou uma irmã para servir de doador; sugestão de nenhuma valia, porque o rapaz era filho único. A alternativa seria tentar novos esquemas de drogas que pelo menos pudessem controlar a doença por algum tempo.

Quando a enfermeira abriu a porta, custei a acreditar: o doente era o rapaz bonito da ópera! Como naquela noite, usava camisa de gola alta para encobrir os gânglios saltados e a cicatriz da biópsia.

Extraído do Livro de Drauzio Varella, “Por um Fío”
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Virus contra o câncer

Rabdovirus em uma célula epitelial de peixe
Essencialmente, o câncer é o crescimento descontrolado das células. As células são afetadas por vírus. Um vírus poderia infectar células cancerosas? Sim, de acordo com a descoberta dos pesquisadores de Yale. Liderados pelo dr. Anthony Van Den Pol, eles usaram o vírus da estomatite vesicular  como uma arma contra as células cancerosas. Os resultados demonstraram que o procedimento poderá ser util para combater um tipo de câncer encontrado principalmente em crianças e adultos jovens, o sarcoma. As descobertas serão relatadas na edição de setembro de 2011 do Journal of Virology.

Sarcomas de tecidos moles são cânceres que se desenvolvem em tecidos que conectam, suportam ou envolvem outras estruturas e órgãos do corpo. Músculos, tendões, tecidos fibrosos, gordura, vasos sanguíneos, nervos e tecidos sinoviais são tipos de tecidos moles. 

Embora relativamente raros em adultos, eles representam aproximadamente 15% das neoplasias malignas pediátricas e resultam na morte de aproximadamente um terço dos pacientes dentro de cinco anos do diagnóstico.

Para alguns tipos de câncer, a cirurgia pode ser uma opção perigosa. Entre eles, o câncer no cérebro. A fragilidade do órgão, além do risco e da dificuldade de se chegar aos tumores em regiões profundas do cérebro podem impossibilitar a cirurgia. A quimioterapia e a radioterapia podem ser as únicas opções no tratamento do câncer no cérebro. Esses tratamentos geralmente prolongam a vida de um paciente com esse tipo de câncer por alguns meses.

O vírus da estomatite vesicular (VSV) é um rabdovirus da mesma família do vírus da raiva e causa uma doença semelhante à febre aftosa em bovinos. Uma pesquisa recente descobriu que o vírus também é oncolitico, o que significa que procura e destrói tumores cancerígenos. Estudos anteriores já indicavam o VSV como promissor no tratamento de tumores cerebrais em ratos.

Neste estudo, os pesquisadores investigaram o potencial do VSV e uma versão melhorada oncoliticamente do vírus (VSV-rp30a) para efetivamente alvejar e matar 13 sarcomas diferentes. Ambos os vírus, de forma eficiente infectaram e mataram 12 dos sarcomas. A resistência do sarcoma de um sobrevivente foi finalmente superada por pré-tratamento com compostos que antagonizam a sinalização do interferon, uma proteína produzida pelo organismo para defendê-lo de agentes externos como vírus, bactérias e células de tumores.

Além disso, eles observaram a capacidade do VSV-rp30a para infectar e impedir o crescimento do tumor em ratos.

Nos testes de laboratório, os pesquisadores de Yale usaram camundongos infectados com o câncer de cérebro e transplantaram tecido não canceroso do cérebro humano para o cérebro dos camundongos. As células cancerosas foram identificadas com proteínas fluorescentes, assim como o vírus injetado nos camundongos. Isso deu aos pesquisadores uma visão clara do processo: o vírus atacou as células cancerosas, acabando com o tumor no prazo de três dias [fonte: Sociedade de Neurociência (em inglês)].

Os estudos de Yale também mostraram outro aspecto importante. Como progrediu sozinho pelo cérebro dos camundongos, o vírus matou somente as células cancerosas e deixou intactas as células não cancerosas do tecido dos próprios camundongos, assim como do tecido transplantado das amostras humanas.

Estrutura de um rabdovirus típico
"Uma única injeção intravenosa de VSV-rp30a infectou seletivamente todos os sarcomas humanos subcutâneos testados em camundongos e evitou o crescimento de tumores que, de outra forma cresceriam 11 vezes", dizem os pesquisadores. "No geral, achamos que a eficácia potencial do VSV como um agente oncolítico estende-se a tumores mesodérmicos não-hematológicos, e que a resistência invulgarmente forte à ação do VSV pode ser superada com atenuadores de interferon."

Traduzido de sciencedaily.com, com conteúdo acrescido de comotudofunciona. Editorial pelo autor do blog. Fonte das ilustrações: Microbiologia e Inmunologia On-line

domingo, 28 de agosto de 2011

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Livro: Por Um Fio – Drauzio Varella

“A Morte é a ausência definitiva. Tomei consciência desse fato aos quatro anos de idade, dois meses depois de ter ficado órfão."
É assim que Dráuzio começa seu livro. Ele não é volumoso (88 pg) e conta uma série de histórias reais de seus pacientes terminais ao longo da sua carreira. E o ponto comum entre elas é a constatação de que sempre, por mais que o paciente dissesse o contrário, jamais desistia de viver e lutar contra a sua doença, pela vida.
“…nada mostra com tanta clareza a estatura de um homem como a sua atitude perante a morte..” Michel de Motaigne, 1533 a 1592

Escrito na primeira pessoa, com feeling autobiográfico e um profissionalismo sensível, Por um Fio nos traz de volta o narrador meticuloso de Estação Carandiru. O médico experiente que, através da narrativa de fatos reais observados do ponto de vista privilegiado de seu cotidiano profissional - e filtrada por sua sensibilidade elevada diante da condição humana -, nos leva a refletir sobre o impacto da perspectiva da morte sobre o comportamento de seres humanos, de pacientes de doenças graves e seus familiares.

Drauzio especializou-se em oncologia numa época em que o câncer era visto como uma maldição bíblica, um horror cujo nome sequer da doença se pronunciava – era “aquela doença”, ou “CA”. Ele declara em seu livro: “... na faculdade, descobri que tratar de doentes graves era o que mais me interessava na medicina. Por essa razão, passei os últimos trinta anos envolvido com pessoas portadoras de câncer ou de AIDS, um convívio que moldou minha forma de pensar e de entender a existência humana.” E nunca abandonou esse convívio.

Em Por um Fio, confrontamo-nos com histórias reais, vividas por personagens de carne e osso, assim como eu e você, em dramas que expõem como que cirurgicamente a crueza de questões delicadas e filosóficas sobre a vida e a morte, levando-nos à reflexão sobre o que verdadeiramente importa na existência e nas relações que estabelecemos com outros seres humanos, sobre o assessório e o essencial, sobre a permanência e a imanência.

Somos levados a testemunhar (e no meu caso muitas relações de empatia se estabeleceram), de um lado, a reação dos que se flagram doentes, que pode ir da incredulidade à revolta, do desespero ao silêncio e, por fim, à conformação; do outro, a reação dos parentes e amigos, que pode ir da generosidade e dedicação incondicional até a mais autêntica mesquinharia, da solidariedade ao abandono e ao silêncio das palavras de conforto.

Leitura para se indicar a alguém pretensamente condenado à morte por um mal sem cura? Não. É antes um livro que fala da infinidade de circunstâncias que a vida pode apresentar com seus mil truques, dramas, tantas lutas e batalhas. Tantas histórias do intrincado universo hermético único que é o humano ser com suas relações e, eventualmente, sua luta por um fio de vida, e onde Deus não é culpado de nada.

Ilustração do Googleimages.
Baixe o livro aqui  em PDF

sábado, 27 de agosto de 2011

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Depoimento: jornalista conta como consegue superar a quimioterapia e as cirurgias com bom humor

Diagnosticado em 2009 com um tumor no intestino, o jornalista Claudio Feldens não se deu por vencido e continuou na luta. Venceu a primeira batalha. Um ano depois, a surpresa. Novos tumores indicavam mais aparições do câncer, desta vez no pulmão e no fígado. Mesmo assim, Claudio não se deixou abalar: “O apoio da minha mulher e das minhas filhas é fundamental para levar essa situação com confiança e até bom humor. Falei que ia escrever um livro e alguém me sugeriu um título digno de noticiário policial: Pegaram o cara errado!". Veja o depoimento:

“Se tem médico direto e objetivo, que não enrola a gente, é o oncologista. Eu, pelo menos, só conheci desse tipo. Tive uns sangramentos intestinais e o médico me mandou fazer uma colonoscopia. Quando alguém disser que você tem pólipos no intestino, desconfie que já pode ser adenoma. E se disserem que você tem adenomas, fique cabreiro porque já pode ser carcinoma.

No meu caso, o exame mostrou um tumor enorme, com 8 cm de comprimento e tomando quase todo o tubo intestinal, na região de junção entre o cólon e o reto. As primeiras biópsias indicaram que se tratava de adenoma, isto é, um tumor benigno, pré-cancerígeno. Mas o cirurgião do Hospital Erasto Gaertner, que é referência no tratamento de câncer, foi enfático: ‘tem cara de leão, juba de leão, garra de leão e estão me dizendo que é um gatinho? Tem que operar e é logo’.

Dá um ‘cagaço’ na gente. Mas, ao mesmo tempo, percebemos que, se tem que operar, tem que operar. E vamos para a faca. Foi tirado um pedaço de 20 cm do intestino, 5 cm além das bordas do tumor. De fato, a biópsia da peça retirada demonstrou que era um adenocarcinoma, isto é, um tumor maligno, e que um dos oito linfonodos retirados do entorno estava contaminado. Ou seja, já havia processo metastático.

Metástase! Quantas vezes ouvimos as pessoas falarem que ‘fulano não tem mais volta, está com metástase’. Pois eu estava com metástase, e a solução era fazer quimioterapia. Não havia indicação para radioterapia. Foi me colocado um cateter subcutâneo no peito e começaram as sessões. Eram três horas na clínica e mais 48 com uma bombinha que a gente carrega em uma pochete. Nessa primeira série deveria fazer 12 aplicações, mas acabei fazendo 11 – uma a cada 15 dias.

A quimioterapia que eu fiz não derruba cabelo, mas dá um enjoo danado e alguma diarreia. Como eles dão um anti-hemético (remédio para não enjoar) concomitantemente com a aplicação, a gente sai de lá meio que sob controle. Mas depois os enjoos voltam, e então a gente tem que tomar, pela ordem, Plasil, Vonau ou Nausedron. Tem vezes que o Plasil não segura a barra, então se usa os outros dois. Só que o Nausedron é muito caro...

Mas como encarar a químio? No meu caso, saio da clínica e vou trabalhar. Confesso que ficar vendo letrinhas no computador muitas vezes potencializa o enjoo, mas acho melhor enfrentar essa parte ocupado, em vez de ficar em casa vendo a ‘Sessão da Tarde’. No começo, a bombinha me atrapalhava um pouco, mas depois me acostumei.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

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Dezessete por cento dos enfermeiros oncológicos americanos são expostos acidentalmente às drogas da químio

Pesquisei mas não descobri nenhum estudo sobre a realidade brasileira neste sentido. Mas certamente por aqui as coisas são bem piores. Na minha experiência pessoal, quando tomava o protocolo R-CHOP em regime ambulatorial, vi coisas de arrepiar: um enfermeiro prosaico, por exemplo, que tinha pavor de manusear as drogas e me olhava como se eu fosse um pobre condenado, um fudido; enfermeiros sem equipamento, com apenas parte dele, ou, ainda, com o equipamento inadequado ou simplesmente...sujo.
Outra coisa que chama atenção neste estudo é a periculosidade destas drogas que tomamos aos litros, ao longo de um protocolo de tratamento contra o câncer, muitas vezes a um custo muito mais elevado do que os benefícios proporcionados.

Cerca de 17% dos enfermeiros que trabalham em centros de infusão ambulatorial de quimioterapia relataram estar expostos,  pele e olhos, às drogas tóxicas que ministram, de acordo com um novo estudo do Comprehensive Cancer Center, da Universidade de Michigan.

O estudo pesquisou 1.339 enfermeiros oncológicos do estado, que não trabalham em unidades de internação. Cerca de 84% da quimioterapia é ministrada em regime ambulatorial, em grande parte por enfermeiros. Os resultados aparecem on-line na revista BMJ Qualidade e Segurança.

"Qualquer exposição não intencional da pele ou olhos pode ser tão perigosa quanto uma picada de agulha", diz o principal autor do estudo, Christopher Friese, professor assistente na Escola de Enfermagem da Universidade de Michigan. "Temos minimizado os incidentes com picada de agulha para que eles sejam cada vez mais raros.

Orientações de segurança para a administração de drogas quimioterápicas têm sido emitidas por organizações como o Instituto Nacional para a Segurança e Saúde Ocupacional. Mas estas orientações não são obrigatórias. As diretrizes incluem recomendações para a utilização de batas, luvas e outros equipamentos de proteção quando se manusear este tipo de drogas.

"Esta pesquisa mostra que compensa a saúde prestar atenção à carga e a qualidade das condições de trabalho, de uma organização. Não é apenas uma questão de satisfação no trabalho. É muito provável que esta atenção diminua o risco desses riscos ocupacionais", diz Friese.

Ao contrário de agulhas, onde um vírus específico poderá estar envolvido e tratamentos preventivos podem ser aplicados, é mais difícil relacionar a exposição à quimioterapia a um efeito direto na saúde e prever um tratamento. E isso torna mais difícil aos sistemas oferecerem uma pronta resposta a estes incidentes. A exposição involuntária pode afetar os sistemas nervoso e reprodutivo, além de aumentar o risco futuro de câncer no sangue.

"Se cabe a nós garantir a segurança do paciente, também devemos garantir a segurança dos funcionários. E o cumprimento rigoroso das diretrizes de segurança nacional e o ensino e o treinamento profissional de normas e diretrizes é fundamental, diz Friese.

Editorial e tradução de Sciencedaily pelo autor. Ilustração editada de Googleimages. Leia o release completo aqui.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

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Terapia de Steve Jobs é experimental e tem risco

Se hoje fosse o último dia de minha vida, queria fazer o que vou fazer hoje? E se a resposta fosse ‘Não’ muitos dias seguidos, sabia que precisava mudar algo.”
 É difícil acreditar que um único homem tenha revolucionado a informática nos anos 1970 e 1980 (com o Apple II e o Mac), o cinema de animação nos anos 1990 (com a Pixar)e, mais recentemente, a música digital (com o iPod e o iTunes). Foi o que fez Steve Jobs, cofundador e presidente da Apple. Não é à toa que conquistou milhares de fãs no mundo inteiro. (Leander Kahney, no livro biográfico “A cabeça de Steve Jobs”)

Pacientes com o tipo raro de câncer de Steve Jobs, da Apple, enfrentam uma luta mais dura se a doença se torna recorrente por causa dos métodos usados no tratamento.

Jobs disse, na quarta-feira (24), que não poderia mais ser o presidente-executivo da empresa da qual era cofundador. Ele saiu de licença médica em janeiro depois de anos lutando contra um raro tipo de câncer no pâncreas e outros problemas de saúde. Ele não deu detalhes sobre sua saúde em seu último anúncio.

O tipo de câncer pancreático é causado por um tumor neuroendócrino de células da ilhota. Jobs teria se submetido a um transplante de fígado em 2009 para combater a disseminação do tumor neuroendócrino. O procedimento é experimental e propício a complicações.

Jobs nunca divulgou publicamente o motivo para seu transplante de fígado. O médico Simon Lo, diretor de doenças biliares e pancreáticas no Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles, disse que a complicação grave mais provável depois do transplante de fígado de Jobs seria a metástase do câncer, o que obrigaria Jobs a deixar o seu cargo permanentemente.

Cerca de 80 por cento dos pacientes que fazem transplantes de fígado para tratar esse tipo de câncer vivem pelo menos cinco anos, segundo a Universidade da Califórnia em San Francisco. Lo disse que um estudo recente havia mostrado que cerca de três quartos dos pacientes que fazem um transplante de fígado por causa de câncer veem a doença voltar dentro de dois a cinco anos. O câncer pode voltar ao fígado ou para outros órgãos. As drogas imunossupressoras necessárias para um transplante de fígado também dificultam a luta do organismo contra o retorno da doença.

Jobs pode estar "se confrontando com problemas hepáticos relacionados ao transplante de fígado ou ao próprio câncer", disse Lo. "Quando você coloca os pacientes sob medicação imunossupressora, há sempre o risco de que elas retirem a resistência natural, então o câncer consegue crescer mais rápido."

UP (2009), da PIXAR: um velho ranzinza, um jovem escoteiro ansioso e um monte de balões são as estrelas de um filme emocionalmente rico o suficiente para receber uma indicação ao Oscar de Melhor Filme.
Embora esse câncer seja confundido com o câncer de pâncreas, tumores neuroendócrinos têm uma natureza diferente da maior parte dos tumores pancreáticos, que são muito letais e costumam matar 95 por cento dos pacientes em cinco anos. Os tumores neuroendócrinos são mais fáceis de tratar e menos agressivos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, há apenas de 200 a mil novos casos por ano.

Jobs retirou um tumor neuroendócrino em 2004 e disse, depois que todo o câncer fora retirado, que não precisou de quimioterapia nem de radioterapia.

Reuters, com ilustrações editadas do Googleimages

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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IZ, o verdadeiro Mago de OZ

Quem assistiu ao filme “Como se Fosse da Primeira Vez”, de 2004, com Adam Sandler e Drew Barrymore, provavelmente sentiu-se tocado pela beleza e originalidade da interpretação que se ouve de um medley das canções “Over the Rainbow” e “What a Wonderful World”, na cena final, enquanto são exibidos os créditos. A segunda, é de Louis Armstrong. A primeira é uma das canções mais famosas do final da década de 1930, eternamente associada à Judy Garland e ao filme “O Mágico de Oz”, onde apareceu pela primeira vez.

Durante o tratamento e recuperação de um câncer de mama, a cantora australiana Kylie Minogue gravou uma versão dela.

E se considerarmos apenas Over The Rainbow, segundo a Wikipedia ela já foi interpretada por nomes da música mundial como The Beatles, Celtic Woman, Jewel, Celine Dion, Aretha Franklin, Patti LaBelle, Beyonce, Guns and Roses, Chris Impellitteri, Eric Clapton, Faith Hill, Frank Sinatra, Shania Twain, Ray Charles, Mariah Carey, Crystal Kay, The Ramones, Louis Armstrong, Ingrid Michaelson, Girls' Generation, entre centenas de outros interpretes. No Brasil já foi traduzida e interpretada por Luiza Possi, com o título de Além do arco-íris. Nara Leão, a eterna musa da Bossa Nova, também gravou uma versão. Né moleza não, né?

Além do arco-íris há um mundo maravilhoso?

Mesmo assim IZ, como era carinhosamente chamado o popular cantor e compositor havaiano Israel Kamakawiwo’ole, “o Doce Gigante”, conseguiu ser original. E sua grande sacada foi ter tido a sensibilidade criativa de juntar em uma mesma canção duas composições que combinam perfeitamente poesia e música e se complementam esteticamente, no álbum Facing Future, de 1993. 

E, depois, ter dado ao conjunto a mais bela e original interpretação, traduzindo de maneira minimalista, tranquila e encantadora - apenas com sua voz suave e morna e o pequeno violão havaiano ukelele - as esperanças e sonhos da humanidade por um mundo ideal de amor, justiça e paz, ou pelo menos um pouco melhor do que esse em que vivemos.

Nos últimos anos de sua vida, IZ, descendente de uma linhagem pura de nativos havaianos, resistiu a várias hospitalizações devidas a problemas de saúde acarretados pela obesidade mórbida extrema contra a qual lutava, a ponto de atingir 340 kg.

Outra luta, que muita gente não sabe, pois o assunto é meio tabu no Havaí, é que IZ também tinha participação política discreta, mas ativa, através de sua música, no movimento pacífico pela independência da Ilha onde nasceu Barak Obama.


Quando foi premiado pela Hawaii Academy of Recording Arts, no ano de 1997, com o título de melhor vocalista e pela autoria do melhor álbum, aos 38 anos, pelo reconhecimento de seu talento, ele assistiu às cerimônias já no quarto do hospital onde viria a falecer em seguida, em consequência de complicações respiratórias devidas ao excesso de peso.

Suas cinzas foram lançadas no Oceano Pacífico em cerimônia da qual participaram mais de dez mil pessoas. Mas, IZ: - Valeu, cara!

Baixe o album póstumo Alone in IZ World

terça-feira, 23 de agosto de 2011

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Livro: Por uma vida Inteira

O resultado do trabalho de "Por uma vida inteira" é uma jóia doada por Sylvia a cada uma das mulheres, doentes ou não, que sabem o significado dos seios para sua feminilidade, principalmente quando ameaçados pela tragédia do câncer de mama. Num momento como esse, não é só a vida que fica em jogo, porém a auto-estima e a própria dignidade. Provavelmente, a autora concorda com o ditado: "aquilo que não mata, fortalece ainda mais". E, mesmo não sendo nenhum livro de auto-ajuda, "Por uma vida inteira" é extremamente "pra cima". Vale à pena conferir.

A psicanalista Jacirema Ferreira e os médicos Antonio Nisida, Mauro Speranzini e Roberto Vieira são apresentados logo no início do livro como os seus consultores. Mas, certamente, sem os anos de experiência jornalística de Sylvia, "Por uma vida inteira" não conseguiria ter um tom tão objetivo e linguagem acessível.

O texto é impecável. Mas, o relato expõe que a autora foi vítima deste problema, ocupando hoje a segunda causa de morte entre as mulheres.

Deve ser por isso que, além dos depoimentos de quem venceu a doença, as Marta, Alice, Alda Judith e Antonieta, há, no livro, uma veia poética de alguém que escreveu sobre a própria experiência, sem perder, no entanto, o foco da responsabilidade de informar com a precisão de quem esteve calcada em dados de pesquisas. E o mais saudável do livro é que a jornalista consegue dar uma aula sobre estes membros femininos, apresentando detalhes tão comuns às mulheres. Esse é o caso do capítulo "Seios de muitos significados": "Seio da terra. Não é à toa que assim nos referimos ao âmago, ao mais profundo, ao que é fértil e pródigo. Símbolo da mãe-natureza e, portanto, das entranhas, expressão maior da vida."

No livro, a autora explica de forma convincente o que pode ser natural ou preocupante em relação ao choque de um diagnóstico positivo e aos sintomas em geral. A compreensão de cada etapa do tratamento é fundamental para a própria recuperação da paciente. Confiança nos médicos que as atendem, tudo conta nessa hora. Sylvia traz em seu livro, sobretudo, uma vontade de desmistificar o câncer como uma doença fatal, oferecendo o pragmatismo de que é possível transmitir conselhos úteis para superar o problema.Ela parte do pressuposto de que a dura realidade de se ter câncer de mama pode ser transposta, um dia após o outro. 

Fonte Oncoguia

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

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Guerreira, Vera Gimenez incentiva Gianecchinni em entrevista

“Se o Giane for tinhoso como eu era, dá para trabalhar, seguir em frente.”

Em 1994 a atriz Vera Gimenez, 62 anos, enfrentou e superou um câncer de mama. Agora - depois de vencer uma primeira metástase na coluna, em 2004 -, em setembro/2010, quando fazia exames de rotina, a surpresa: uma mancha em um dos pulmões, diagnosticada como uma segunda metástase, desta vez na 7ª vértebra.
Após cinco meses de tratamento anti-hormonal que lhe rendeu alterações de humor, perda de cabelo e inchaço, ela deu um basta. Mas não desistiu, não. Guerreira consciente pesquisou alternativas menos agressivas de tratamento, e adotou a “radioterapia cirúrgica não invasiva” como melhor estratégia de combate pra vencer mais essa batalha.
Em entrevista recente a um site de celebridades, a atriz, mãe do ator Marco Antônio e da apresentadora Luciana Gimenez, relata sua experiência e incentiva o ator Reinaldo Gianecchinni, que começa hoje a fazer quimioterapia. Pela positividade exemplar de Vera, reproduzo aqui a entrevista quase na integra para quem não teve oportunidade de lê-la ainda:

Como descobriu que a doença voltou após sete anos?
Vera: Em setembro passado, realizei exames como normalmente faço desde que tive um câncer no seio em 1994. Procuro estar alerta sempre. A cintilografia detectou uma mancha na sétima vértebra. Não acreditei que fosse câncer. Mas aceitei fazer o tratamento com anti-hormônio, que me deixa muito mal...

Como os seus filhos reagiram com a notícia?
Vera: Ficaram muito tensos, claro. Mas eu disse que sairia bem dessa. Tomei o remédio por cinco meses e não suportei. Inchava demais, meu cabelo caía... Falei para o médico: chega!  Comecei a pesquisar o assunto e descobri um tratamento inovador que vem sendo chamado de radioterapia cirúrgica não invasiva, que pode ser feita em pontos do corpo com movimento, ao contrário da tradicional... Na quarta-feira, eu vou ao médico conversar marcar o início do tratamento e devo ficar ótima após umas cinco sessões. Já estou por dentro de tudo. Eu vou à luta. Procuro me informar muito.

Dizem que o câncer é de fundo emocional. Acredita nisso?
Vera: Sei que muitos médicos não acreditam nisso... Descobri meu câncer seis meses depois da morte do meu marido. Foi uma perda muito significativa e mexeu demais comigo... No entanto, em nenhum momento, eu imaginei que fosse morrer de câncer.

E essa certeza a ajudou a superar os momentos críticos?
Vera: A coragem, a determinação, a fé não me deixaram fraquejar. O câncer é arrasador e não te dá chance de fraquejar. Ou você o encara ou morre. Por isso, eu sempre procurei falar sobre essa doença e alertar as pessoas. Preciso estar sempre atenta, fazer todos os exames possíveis como mamografia e ultrassonografia.  Tem que correr atrás.  Meus filhos já fizeram exames. Não gostaria que ninguém passasse por esse drama.

Indicaria ao Reynaldo Gianecchini voltar ao trabalho?
Vera: Se ele conseguir é uma ótima opção. Ele não pode dar espaço para a dor, para o choro. Sei que o caso dele é sério e que a quimio pode deixá-lo mal... Mas é preciso ser firme para vencer essa batalha. No 11º começa a cair a imunidade, pois o tratamento destrói tanto as células boas como as ruins e o doente fica muito cansado. Se o Giane for tinhoso como eu era, dá para trabalhar, seguir em frente. Sei que algumas pessoas não aguentam... Eu fazia ginástica em casa com personal e até desfilei no carnaval. É preciso acreditar de verdade.

Qual foi o momento mais difícil em seu tratamento?
Vera: Quando tirei o seio. Foi doloroso demais. Só um ano e meio depois, fiz reconstrução. Entre ficar sem peito e viva, preferi a segunda opção.

Que lição tirou desse momento dramático?
Vera: Que é preciso, acima de tudo, acreditar na vida. E valorizá-la, cuidando do seu corpo da melhor forma possível. Nunca escondi minha doença. Ela voltou, não por descuido. Pelo contrário! Pago R$ 2.500 de mensalidade de um plano de saúde e faço questão de usá-lo bastante. Já que o Governo não investe em saúde, não previne esse tipo de doença, é preciso que cada um de nós lute por sua vida.

Fonte aqui. Editorial pelo autor do blog e fotos editadas do Google images.
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Chá verde apresenta potencial para combater tumores

Um composto encontrado no chá verde vem se configurando como uma grande promessa para o desenvolvimento de medicamentos para tratar dois tipos de tumores e uma doença mortal congênita. A descoberta é o resultado de pesquisa liderada pelo investigador principal, Dr. Thomas Smith no The Donald Danforth Plant Science Center e seus colegas do Hospital Infantil da Filadélfia.

O glutamato desidrogenase (GDH) é encontrado em todos os organismos vivos e é responsável pela digestão dos aminoácidos. Em animais, o GDH é controlado por uma complexa rede de metabólitos. Por décadas se indagou por que os animais precisam desta regulação, e outros reinos não. Isto foi parcialmente respondido pelo grupo de Stanley pela constatação de que uma doença mortal congênita, hiperinsulinismo / hiperamonemia (HHS), é causada pela perda dessa regulação.

Utilizando estruturas atômicas para entender as diferenças entre animais e plantas, Dr. Smith e seus colegas descobriram que dois compostos encontrados naturalmente no chá verde são capazes de compensar esta desordem genética, desligando o GDH quando os compostos do chá verde são administrados por via oral.

O laboratório de Smith também usou cristalografia de raios X para determinar a estrutura atômica desses compostos do chá verde ligado à enzima. Com esta informação atômica, eles esperam ser capazes de modificar esses compostos naturais para projetar e desenvolver drogas melhores.

Dois outros grupos de pesquisa têm validado estes achados e estenderam seus resultados para demonstrar que o bloqueio do GDH com o chá verde é muito eficaz em matar dois tipos diferentes de tumores; glioblastomas, um tipo agressivo de tumor cerebral, esclerose tuberosa e desordem complexa, uma doença genética que faz com que tumores não-malignos cresçam em vários órgãos.

Traduzido e adaptado de sciencecodex.com. Ilustração do Google images. Leia release completo aqui.
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Cientistas acham que descobriram como células de câncer se espalham


Existem no corpo humano pelo menos 200.000 tipos diferentes de proteínas – onde se incluem as enzimas -, cada uma especializada em uma função biológica, e até o momento presente compreendemos de maneira não muito precisa o funcionamento, a função, a utilidade de apenas aproximadamente 2% delas. Elas são as moléculas orgânicas mais abundantes e importantes nas células, totalizando mais de 50% de seu peso seco. Além disso, a maior parte da informação genética é expressa por elas.
E tudo indica que mesmo tão essenciais à vida, estão sempre associadas aos processos cancerosos. No início de fevereiro uma publicação do "Journal of Clinical Investigation" informava que pesquisadores encontraram uma proteína produzida pelos tumores, chamada CPE-delta N, que também está envolvida no processamento da insulina e de outros hormônios, que os tumores com mais probabilidade de se espalhar produzem, e que poderia ser usada para prever quais pacientes teriam mais risco de morrer por causa da doença.

Rembrandt? Não. Esta é a primeira imagem de uma célula humana que permite a visualização das proteínas responsáveis pelos contatos intercelulares.
Pesquisadores europeus descobriram como as células do câncer geram contrações parecidas com as produzidas pelas células musculares para se espalhar pelo corpo. Uma proteína chamada JAK desencadeia contrações nos tumores que permitem que as células cancerosas se espremam por pequenos espaços e se espalhem.

A pesquisa, publicada na revista Cancer Cell, foi feita por cientistas do Instituto de Pesquisas sobre o Câncer (ICR), de Londres, e da Universidade de Nice, na França.

Metástase

Quando a proteína JAK é "ligada", ela produz contrações nas células, semelhantes às dos músculos, gerando a força que as células cancerosas precisam para se mover.

A descoberta levanta a possibilidade de que drogas que alvejem a JAK possam impedir a disseminação de tumores, chamado metástase, que é responsável por 90 por cento das mortes relacionadas ao câncer.

Os tumores são formados por células cancerosas, células saudáveis associadas ao tumor e estruturas de suporte, que se juntam na chamada matriz extracelular. As células cancerígenas se espalham movendo-se para fora do tumor, através desta matriz, atingindo novos locais.

Usando os cotovelos

Em alguns tipos de câncer, as células cancerosas usam a força para "acotovelar" suas vizinhas e abrir caminho através da matriz. Em outros tipos de tumores, as células saudáveis associadas ao tumor usam a força para criar túneis, pelos quais as células cancerosas podem escapar.

Os cientistas mostraram que tanto a força gerada pelas células de câncer, quanto pelas células normais associadas ao tumor, usam os mesmos processos, baseados na proteína JAK.

Já existem drogas em desenvolvimento para inibir a proteína JAK, mas ainda em estágio de pesquisa.

Fonte aqui. Editorial pelo autor do blog e ilustração do Googleimages.