É necessário
desembolsar R$ 3 mil para o congelamento das células umbilicais, a manutenção
do material custa R$ 500 por ano e as pesquisas nessa área ainda são
experimentais. Vale à pena?
As pesquisas com células-tronco
são a grande promessa da medicina para o futuro. Espera-se que nas próximas
décadas pacientes com doenças degenerativas, autoimunes, cardiovasculares e até
mesmo pessoas que sofreram acidentes e tiveram os movimentos paralisados possam
ser beneficiadas com terapias desse tipo. Por enquanto, todas essas
possibilidades ainda estão longe de ser tornar realidade. Mesmo assim, há quem
aposte nos avanços tecnológicos da medicina e desde já se preocupe em conservar
materiais com a esperança de que no futuro eles possam vir a salvar vidas.
O sangue de cordão umbilical e
placenta (SCUP) é fonte de células-tronco adultas. Em média, para cada cordão,
o casal desembolsa cerca de R$ 3 mil iniciais para que sejam feitos a coleta,
os exames e os procedimentos necessários para o congelamento. Depois continua
pagando uma anuidade em torno de R$ 500 para a manutenção do material. Com as
pesquisas ainda em níveis bastante experimentais, fica a dúvida: vale à pena
investir essa quantia sem a garantia de como ou quando esses materiais terão
uma aplicação real em tratamentos?
Na opinião do pesquisador do
Núcleo de Cardiomioplastia Celular da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, Paulo Brofman, embora as perspectivas sejam animadoras, ainda há um
longo caminho pela frente. “Estão sendo feitos estudos para o tratamento de
doenças isquêmicas, lúpus, esclerose múltipla, problemas de circulação, mas
isso tudo ainda é experimental. Atualmente, não há nenhuma terapia disponível
que utilize células-tronco, tudo o que está sendo feito ainda está em etapa de
pesquisa”, ressalta.
A única aplicação possível para o
sangue do cordão umbilical, hoje, é no tratamento de doenças sanguíneas, como
uma alternativa ao transplante de medula óssea. Pacientes que sofram de
leucemias, linfomas, anemias graves, imunodeficiências congênitas ou erros
congênitos do metabolismo, e que precisariam de um TMO, podem ser tratados
também com o sangue do cordão umbilical.
Em transplantes, o sangue do
cordão umbilical pode ter melhores resultados do que a medula óssea porque
possui células-tronco mais imaturas e, portanto, com maior potencial de
diferenciação. Além disso, por estar armazenado, esse material já foi examinado
e, assim, o transplante pode ser feito em menos tempo do que se dependesse de
outro doador.
Enquanto um transplante com
doador pode demorar até dois meses – tempo necessário para que todos os exames
sejam cumpridos – um feito a partir do sangue de cordão umbilical pode ser
realizado dentro de 15 dias. O sangue do cordão tem ainda outra vantagem, a de
que pode ser transplantado mesmo com certo grau de incompatibilidade (quando um
dos componentes não é totalmente compatível), enquanto que no caso da medula
essa compatibilidade tem de ser total.
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