O e-mail que eu não gostaria de ter recebido.

Olá Sandra e Daniel

Infelizmente as notícias sobre Carolzinha não são boas. Não disse nada lá no blog do Daniel por se tratar de um assunto delicado.

Carolzinha passou muito mal na semana retrasada depois de fazer um de seus tratamentos e foi internada.

Infelizmente nossa pequena não resistiu e faleceu na última segunda-feira (26/04) no fim do dia. Não sei maiores detalhes porque também fui pega de surpresa.

Me desculpem estar dando essa notícia dessa forma tão impessoal que é um email, mas vi o comentário do Daniel no blog dela e não pensei em outra coisa que não tentar avisá-lo, por pior que seja. Não sei o grau de amizade que vocês tinham com nossa pequena florzinha que hoje é um anjinho cuidando de todos nós, mas tenho certeza que aquele sorriso lindo daquela pequena e ao mesmo tempo tão grande criatura foi muito especial na vida de vocês também.

Eu sou amiga dela da faculdade, o tempo que convivemos juntas foi curto... mas foi o bastante prá eu aprender muita coisa com ela e ser hoje uma pessoa muito melhor. A dor de não tê-la aqui conosco ainda é muito grande. Mas tenho certeza que ela está bem. Ela se foi em paz, calma e amando todos nós. Costumo dizer que ela não perdeu essa batalha, está apenas descansando.

Daniel, vi que você também luta contra um LNH, li alguns dos seus posts e com certeza vou voltar a ler mais. Minha vontade de ajudar é gigantesca, então se precisar de alguma coisa me comunique, me mantenha informada que se estiver ao meu alcance com certeza irei ajudá-lo com muito carinho.

Não sei de onde você é, se é daqui do Rio ou não, mas no que eu puder ajudar me coloco a disposição. E te peço que tenha força meu caro, a força que nossa amiga Carol teve nesses anos de luta com um sorriso no rosto mesmo quando estava com dor ou triste. Mesmo quando o momento era desanimador ela sorria e enchia os nossos corações e o dela de esperança. Não desanime nunca.

Tenha muita fé em Deus e esperança, que Deus sabe de todas as coisas! Ele só faz o melhor por todos nós.

Um grande abraço.

Bruna Moura

Sim, Bruna,

com certeza aquele sorriso de anjo, da menina que, mesmo tendo luz própria, adorava o Sol e o exaltava com a poesia simples e franca de suas belas palavras, muitas vezes iluminou como uma estrela de luz intensa a solidão das noites escuras.

Esse é um e-mail que não gostaríamos de receber, ou que recebemos com desgosto. E quem gostaria, não é mesmo? Mas nós, minha amiga, que partilhamos nossos medos, nossas dúvidas e nossas angústias na humanidade de nossas lutas contra o infame inimigo comum desenvolvemos afinidades, laços, cuja natureza está acima de nossa limitada compreensão racionalista e findamos por pressentir - pré-sentir - mais no coração pesado, que inexplicavelmente se encharca de tristeza (antes mesmo da ciência da fatalidade dos fatos consumados), que na lógica do raciocínio que se recusa a aceitar as evidências.

Foi quase assim quando o Nelson se foi. Ele simplesmente sumiu. Todos os dias, mês após mês, eu entrava em seu blog esperando encontrar um novo post que desmentisse o que meu coração já temia. Eu me sentia meio como os parentes dessas pessoas que desaparecem em desastres de avião e não se sabe o que realmente aconteceu com elas.

Até que um dia, casualmente, a Carin piedosamente comentou aqui o seu falecimento meses atrás. E o blog do Nelson continua até hoje, disponível, como se fosse possível que ele, de um momento para o outro, volte a publicar os seus posts, apesar de tudo tão bem-humorados e otimistas.

Não, Bruna, infelizmente não tivemos, Sandrinha e eu, como você, o privilégio de conhecer a Carol pessoalmente. Mas a beleza de seus sentimentos, a força de sua fé - que plasmava em suas palavras de esperança - chegava até nós e nos iluminava com a intensidade da luz de uma estrela de primeira grandeza que atravessa anos-luz de distância para iluminar nosso pequenino planeta.

E agora, graças ao seu piedoso e-mail, sabemos que não adianta mais procurarmos em vão pela inspiração que ela nos transmitia a cada nova poesia, forma humanista que ela encontrou de traduzir as nuances de sua natureza de jovem sonhadora que enfrentava as cruezas de uma doença cruel.

Mas quando olharmos pro céu numa linda noite estrelada, não será difícil imaginar que uma daquelas estrelas é a Carolzinha, que continua brilhando intensamente, agora em outro plano de existência, livre finalmente das mazelas deste mundo material.

Nosso carinho ao Robson, pais, demais parentes e amigos. Comungamos desse luto.