A operação extraordinária, descrita em um artigo do
“New York Times” em 15 de dezembro do ano passado, foi realizada pelo Dr.
Tomoaki Kato, especialista em ressecção ex vivo – tirar órgãos e operá-los fora
do corpo para eliminar tumores que não podem ser removidos de outra forma,
depois costurar os órgãos de volta.
Nesse caso, o Dr. Kato teve de remover o fígado de Collison, depois
reimplantá-lo. O tumor, um liposarcoma que pesava 4,5kg, tinha engolido outros
órgãos importantes, e o Dr. Kato também tinha removido de forma permanente dois
terços do estômago do paciente, assim como parte de seu pâncreas e intestino.
O paciente passou oito semanas no hospital. A conta, sem incluir os
honorários dos cirurgiões e dos anestesistas, chegou a quase US$ 300 mil. Até
agora, o seguro pagou US$ 156.477, segundo uma porta-voz do hospital.
Ele teve uma recuperação difícil, mas em fevereiro parecia estar
melhorando. Collison foi para casa em Brookfield, Wisconsin, subúrbio de
Milwaukee, esperando trabalhar em projetos em sua casa, viajar, voltar a
trabalhar e ensinar seus netos a tocar trombeta, guitarra e piano.
Porém, sua mulher, Mary, disse em entrevista que ele só teve apenas
algumas semanas boas depois de voltar para casa. Ele não conseguia digerir
alimentos e estava cada vez mais fraco. Era um problema atrás do outro. Um
abscesso se formou no fígado. Um sangramento no tórax comprimiu o coração e
exigiu uma cirurgia de emergência. O fígado começou a não funcionar. Collison
passou suas últimas semanas no hospital, ainda determinado a seguir vivendo, e
só concordou em se submeter a cuidados paliativos bem no final da vida, quando
ficou claro que já não havia mais esperanças, contou Mary Collison.
Não foi realizada autópsia. A causa exata de sua morte não está certa,
nem se sabe se o câncer voltou a aparecer.
Dr. Kato, que estava no Japão, não conseguiu ser contactado para fazer
comentários. O Dr. Jean C. Emond, diretor de transplantes, disse: “Todos nós
ficamos muito tristes e chocados quando recebemos a notícia”. Ele afirmou que,
em dezembro, se surpreendeu porque Collison tinha sobrevivido à cirurgia. No
entanto, o Dr. Emond via Collison regularmente e começou a se sentir motivado
por sua recuperação, embora ela ainda fosse dolorosamente lenta. Outros
pacientes que se submeteram a longas operações ex vivo tiveram trajetórias
difíceis, mas mesmo assim recuperaram a saúde, ele disse.
Ele contou que os médicos em Nova York deveriam ter tido um contato mais
próximo com os que tratavam Collinson em Wisconsin. Mas acrescentou rapidamente
que não há razão para crer que o resultado poderia ter sido diferente ou que os
médicos de Wisconsin tenham feito algo errado.
Ele completou dizendo que a cirurgia ex vivo ainda está em estágio
inicial, e que a equipe espera aperfeiçoá-la para ajudar pacientes como
Collison. “Não somos o tipo de pessoa que para diante dos obstáculos”, disse o
Dr. Emond.
© 2010 New York Times News Service
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