Centenas
de sequências genômicas de cânceres de diferentes pessoas serão publicadas este
ano. Nos próximos anos, serão milhares. A produção de tamanha base de dados,
resultado de trabalhos coordenados pelo Consórcio Internacional do Genoma do
Câncer (ICGC, na sigla em inglês), é considerada um marco na pesquisa da
doença.
Em artigo publicado na edição desta quinta-feira
(15/4) da revista Nature, os mais de 200 integrantes descrevem objetivos,
metas e conquistas obtidas pelo consórcio lançado há um ano por cientistas de
instituições de dez países.
O objetivo principal do ICGC é catalogar 50 dos
mais comuns tipos e subtipos de câncer em adultos e crianças. Entretanto, como
os participantes destacam no artigo, a dimensão do projeto, somada à
necessidade de dados padronizados e de alta qualidade, torna a tarefa um grande
desafio.
Os membros do consórcio coordenarão esforços de
pesquisa e padronizarão conjuntos de dados e formas de apresentações dessas
informações em diferentes estudos. Os participantes destacam a importância de
abordar o “balanço delicado entre proteger os dados pessoais dos participantes
e compartilhar esses dados de modo que a pesquisa do câncer possa avançar”.
Os 50 tipos de câncer resultarão em cerca de 2,5
mil genomas diferentes – 500 para cada um. As sequências estarão disponíveis
livremente na internet.
“Dado o enorme potencial do sequenciamento genômico
em revelar informações clinicamente úteis, com custo relativamente baixo,
antecipamos que, no futuro não tão distante, genomas parciais ou completos de
cânceres serão rotineiramente sequenciados como parte da avaliação clínica dos
pacientes”, destacaram os autores.
Ou seja, em alguns anos o paciente poderá ter um
tratamento totalmente personalisado, baseado nas informações obtidas do
sequenciamento de seu tumor.
A estimativa pode ser até considerada conservadora,
dado a velocidade do progresso em estudos genômicos nas duas últimas décadas. O
primeiro projeto do genoma humano, que sequenciou meia dúzia de pessoas, custou
US$ 1,5 bilhão e levou 15 anos. Hoje, a mesma quantidade de dados pode ser
processada em uma semana, por uma fração do valor dispendido originalmente.
“Estamos vivendo uma revolução na maneira com que
fazemos pesquisa sobre o câncer. No passado, o desafio era gerar informações.
Hoje, os desafios são administrar o volume de dados gerados e encontrar
maneiras de interpretá-los, testá-los e aplicá-los de modo adequado”, disse
Andrew Biankin, do Instituto Garvan de Pesquisa Médica, na Austrália, um dos
pesquisadores do ICGC.
“O consórcio está fornecendo à comunidade
científica mundial a melhor ferramenta de pesquisa possível, que permite saber
como selecionar o estudo clínico adequado para cada estudo. Sequências
genômicas completas permitem que identifiquemos as aberrações moleculares
exatas de cada tumor. Entender as aberrações permite que possamos atingi-las
com as drogas certas”, disse Biankin.
Segundo o cientista, atualmente, quando se trata um
câncer, os médicos prescrevem a seus pacientes os medicamentos que têm mais
chances de funcionar. Mas o conhecimento atual é limitado. Uma droga pode não
funcionar para uma pessoa, mesmo que atue com sucesso na maioria das outras.
“Se a droga falhar, passamos para o tratamento de
segunda linha, terceira e assim por diante. No momento em que chegarmos a um
tratamento que realmente funcione, o câncer poderá estar muito avançado. Em
caso de câncer pancreático, por exemplo, o paciente provavelmente estará
morto”, afirmou Biankin.
“Os bancos de dados do consórcio, baseados na
internet, ajudarão a tratar cânceres com tratamentos específicos. Além disso,
as informações nos auxiliarão a entender por que alguns tratamentos funcionam e
outros não. Também poderemos desenvolver drogas mais eficientes”, disse.
O artigo International network of cancer genome
projects (vol. 464 | 15 de abril de 2010 | doi:10.1038/nature08987), do
Consórcio Internacional do Genoma do Câncer, pode ser lido por assinantes da Nature
em www.nature.com.
http://www.agencia.fapesp.br
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Cientistas fazem mapeamento do genoma do câncer de pele e pulmão
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Cientistas fazem mapeamento do genoma do câncer de pele e pulmão
Pesquisadores do Projeto Genoma do
Câncer do Instituto Wellcome Trust Sanger, no Reino Unido, completaram o
sequenciamento dos genomas de dois tipos de câncer: o melanoma maligno (pele) e
pulmão (carcinoma).
Os resultados revelam que o sol e o cigarro deixam
verdadeiras “marcas registradas” no DNA das pessoas. As duas doenças matam
quase 250 mil por ano em todo mundo.
Um tumor se desenvolve quando uma
célula normal de DNA é danificada, desencadeando a multiplicação descontrolada
de células. Ao sequenciar e catalogar estas mutações de um tipo específico de
tumor de vários indivíduos, cientistas esperam identificar os genes que são
mais suscetíveis ao dano, compreendendo os processos de reparo do DNA e,
consequentemente, desenvolvendo drogas mais potentes contra o câncer.
Uma mutação a cada 15 cigarros
Peter Campbell, hematologista e
especialista em genomas do câncer Instituto Sanger afirma que o número de
mutações genéticas identificadas – 33.345 no melanoma e 22.910 no câncer de
pulmão – é notável. Estas mutações não estão distribuídas uniformemente pelo
genoma; muitas estavam fora das regiões de codificação, o que sugere que as
células reparam danos em algumas regiões-chaves do DNA.
Os resultados podem ajudar a
solucionar a perguntas sobre se os agentes cancerígenos causam a maioria das
mutações diretamente ou se o câncer, em si, desequilibra as funções de reparo
do DNA. Além disso, a evidência é de que a cada 15 cigarros fumados, uma
mutação no DNA aconteça. Alguns danos serão reparados, outros não.
Por este motivo, ele diz que cada maço de cigarros é um jogo de roleta-russa.
http://cienciadiaria.com.br/
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