A influência de substâncias químicas
presentes na comida, na água e no ar no desenvolvimento de câncer é subestimada
e, embora seja possível preveni-la, pouco tem sido feito a respeito.
O alerta está em um relatório
divulgado na semana passada nos Estados Unidos. De acordo com especialistas, a
situação no Brasil pode ser ainda pior. "Somente algumas centenas das mais
de 80 mil substâncias químicas usadas nos Estados Unidos passaram por testes de
segurança. Não há regulamentação para muitos produtos sabidamente
carcinogênicos ou para substâncias suspeitas de causar câncer", diz o
relatório do Conselho de Câncer do Presidente. O órgão é composto de
especialistas responsáveis por acompanhar os programas americanos para o
controle da doença.
O documento aponta como causa leis
fracas, autoridade fragmentada em agências reguladoras e falta de investimento
em pesquisa. Culpa ainda o conceito de que os produtos químicos são seguros, a
menos que fortes evidências provem o contrário. "Há substâncias, como
alguns agrotóxicos, contra as quais ainda não há evidências suficientes para se
classificar como carcinogênico. Mas são consideradas prováveis causadoras de
câncer e isso deveria ser o bastante para evitar o uso e buscar
alternativas", afirma Ubirani Otero, coordenadora da Área de Vigilância do
Câncer Relacionado ao Trabalho e ao Ambiente do Inca.
Segundo Ubirani, o
quadro brasileiro é ainda mais preocupante que o americano. "Por ser um
País em desenvolvimento, abriga tecnologias e substâncias que já foram banidas
em outros países", diz ela, citando como exemplo as indústrias que
utilizam amianto, sílica e benzeno. "Por causa de uma legislação falha, há
empresas que fecham e abandonam seu lixo tóxico sem cuidado. Em outros países
isso seria um crime grave." As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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