O
Brasil estuda parcerias com a Argentina e o Peru para garantir sua auto-suficiência
na produção de molibdênio-99,
elemento essencial para a produção de radiofármacos,
usados em exames de imagem e no tratamento de doenças como o câncer. O
presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear anunciou que uma missão
técnica discutirá em Buenos Aires a eventual participação do vizinho no projeto
e na construção do reator multipropósito brasileiro. Segundo Luiz Alfredo
Salomão, assessor da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, 1,5
milhão de brasileiros são usuários de radiofármacos. “Há uma crise mundial na
oferta de isótopos médicos”, disse Otheguy no simpósio.
No ano passado, o país
sofreu uma escassez temporária de molibdênio-99, depois da parada de um reator
nuclear do Canadá, seu fornecedor tradicional. Teve que recorrer à Argentina,
que forneceu um terço da demanda brasileira.
O reator nuclear ficará em
terreno do Centro Experimental de Aramar, em Iperó (SP). Além de produzir o
molibdênio-99, o equipamento servirá para teste de material e pesquisa
científica. A previsão é que esteja concluído em seis anos. O custo estimado é
de R$ 850 milhões, mas até agora só foram liberados R$ 50 milhões.
O Brasil cogita lançar uma
licitação internacional para a construção do equipamento ou fechar a parceria
com a Argentina. Neste caso, a participação do vizinho seria por intermédio da
Invap, estatal que já construiu reatores para Austrália, Egito, Argélia e Peru.
A associação seria
facilitada pelos planos argentinos de construção de um reator de pesquisa
próprio mais avançado, nos moldes do planejado pelo Brasil.
O uso posterior dos
reatores, no entanto, caberia a cada país, disse Gonçalves, que participou no
Rio do simpósio anual da seção latino-americana da Sociedade Nuclear das
Américas.
No caso da parceria com o
Peru, segundo explicou o presidente da Cnen, a idéia é modernizar um reator
peruano que já produz alguns radiofármacos, mas está subutilizado.
A Argentina, que construiu o
equipamento, também participaria desse projeto. Caso se concretizasse, os
planos incluem a criação de uma empresa subsidiária da Cnen para atender à
demanda brasileira e de outros países da região.
Dos países da América Latina
que têm programas nucleares, o Brasil é o único que já enriquece urânio a
19,9%, ainda em caráter experimental, limite máximo permitido para usos
pacíficos pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), esse é o
combustível dos reatores como o que será construído. O Brasil tem quatro outros
reatores de pesquisa, mas nenhum produz molibdênio.
Brasil
e Argentina firmaram em 2008 um acordo para aumentar a cooperação na área
nuclear. Mas o presidente da Cnen descartou a possibilidade de compartilhar a
tecnologia nacional de enriquecimento.
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