Quando lemos, por exemplo, que a abiraterona
aumenta em oito meses – na mediana (lembrar que mediana divide os pacientes em
duas metades iguais, os que viveriam menos e os que viveriam mais), com
freqüência esquecemos que estamos comparando com o que viveriam os pacientes com
câncer, mas sem abiraterona. Não estamos comparando a expectativa de vida
dos pacientes se fossem homens sem este câncer.
Saber isso tem, pelo menos, duas conseqüências:
- A importância da cura reside
nessa diferença;
- A importância da cura será
maior quanto mais jovem for o paciente.
Um homem brasileiro de 65 anos tem uma esperança
estatística de vida de 16,2 anos, ou 194,4 meses. Esse tempo diminui com
a idade.
Em
relação ao que viveriam os pacientes sem o tratamento, o efeito do novo medicamento
(seja a terapia hormonal, a quimioterapia, ou a abiraterona) representa uma
importante contribuição porque a esperança de vida sem ele é muito pequena.
Oito meses de vida a mais para quem só tem 20 para viver, significa um aumento
de 40%! Porém, os mesmos oito meses numa pessoa normal, sem câncer, de 65 anos
somente significam 4% da esperança de vida naquele momento. Essa percentagem
aumenta um pouco com a idade porque a esperança de vida diminui.
A
importância da cura, fora os importantes ganhos em paz, tranqüilidade, redução
do estresse e do medo, é o salto no tempo de vida, na esperança de vida.
Uma parte importante dos recursos na
luta contra o câncer da próstata deve ser orientada para a cura ou, pelo menos,
para transformá-lo, a exemplo do HIV, numa doença crônica com a qual muitos
vivem, mas da qual poucos morrem. Essa é a lógica desse remanejamento.
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