quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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Hollywood não cessa de me surpreender.


No episódio de estréia de The Big C, que foi ao ar no canal a cabo Showtime em 16 de agosto, Cathy não conta nem ao marido imaturo nem ao filho mimado sobre o seu diagnóstico de câncer, e eles não conseguem compreender as mudanças em seu comportamento.  Alguns podem até pensar que seria egoísmo, mas compreendo bem isso. O câncer é assustador e no meio de um diagnóstico é difícil processar essa informação. Levei certo tempo para falar às pessoas sobre o diagnóstico. Algumas souberam imediatamente, outras mais tarde. Mas eu sei de muitos casos de sobreviventes que receberam dos médicos a notícia de que sua data de validade estaria vencendo, (em alguns casos só faltaram dizer o dia fatal) e que ainda estão aqui, teimosamente, vivos, lutando após meses de esgotada a data-limite prevista. A fé, a força da vontade e o poder da mente são fatores imponderáveis na medicina materialista.
O câncer é uma doença que vem sendo utilizada com maior freqüência por roteiristas de séries para o desenvolvimento de uma trama ou de um personagem. A mais conhecida, até o momento, é Breaking Bad, na qual o personagem descobre sofrer da doença, passando a ter um comportamento que, simbolicamente, o transforma em um câncer em seu ambiente familiar.
A doença chega de mansinho, consumindo o espírito das pessoas que sofrem do mal e daquelas que convivem com o paciente. Geralmente, é vista pelas produções seriadas como uma fatalidade ou um recurso do roteirista para criar situações, especialmente nos melodramas. Agora, pela primeira vez na TV americana (ao menos que se tenha notícias), o câncer será tema de uma produção divulgada como comédia.
Estrelada por Laura Linney, a série apresenta Cathy Jamison, uma esposa, mãe e professora de Minneapolis vivendo uma vida reservada, quase sufocada. Cathy vê seu mundo virar de cabeça para baixo quando recebe o diagnóstico de câncer de pele, com a perspectiva de apenas 18 meses de vida.
A doença transforma-se em ponto de partida para Cathy mudar sua postura diante da vida. Cansada de ser condescendente, ela passa a fazer e a dizer o que lhe dá na cabeça. Suas opiniões e suas decisões terão que satisfazê-la, não importa se as pessoas que a cercam gostem ou não. O tempo urge e Cathy precisa aproveitá-lo.
Até o final de 2020 cerca de 1.5 milhão de americanos devem receber um diagnóstico de câncer de algum tipo, e mais de 669 mil vão morrer dessa doença, segundo a Sociedade Americana do Câncer.
Por isso, apesar de o tema parecer pouco indicado para se fazer humor, a criadora de "The Big C" acha que já era hora de ser feita uma comédia de humor negro sobre o câncer.
"Os sobreviventes do câncer ou pessoas que tiveram contato com a doença se sentem subrepresentados na televisão. Espero que agora sintam que têm uma heroína com quem podem rir e chorar", disse Darlene Hunt à Reuters.
A série tem 13 episódios encomendados para a primeira temporada. A idéia é retratar um ano da vida de Cathy por temporada, apesar de seu médico ter previsto que ela teria apenas 18 meses de vida. No elenco também estão os atores Cynthia Nixon, Liam Neeson e Gabourey Sidibe.

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