O genoma
das esponjas, seres aquáticos extremamente rudimentares e multicelulares (que possuem
mais do que uma célula) foi seqüenciado, o que permitirá compreender quais os
genes relacionados com a multicelularidade e até dar respostas a algumas
questões sobre o câncer. O fato do genoma da esponja ser particular
prende-se ao fato de as esponjas serem seres pluricelulares muito
primitivos.
Dentre os
20 000 a 30 000 genes presentes no genoma da esponja, cerca de 4670 famílias de
genes (conjuntos de vários genes similares, que desempenham funções
bioquímicas semelhantes e resultam da duplicação de um gene original) são
comuns a todos os animais, sendo que, desses, 1268, ao não estarem presentes
nos seres unicelulares evolutivamente mais próximos das esponjas, estarão muito
provavelmente relacionados com a multicelularidade. De fato, algumas das
funções desempenhadas por estes genes relacionam-se com a capacidade celular de
transmitir sinais químicos entre si, de divisão e de crescimento coordenado e
de diferenciação (especialização) celular, o que é essencial para a coordenação
e "divisão de tarefas" entre as células de um indivíduo multicelular.
Por outro
lado, muitos genes presentes nas esponjas estão envolvidos no aparecimento do câncer.
Isto é passível de ser explicado pelo fato dos tumores surgirem devido à
divisão descontrolada das células, apenas possível num indivíduo pluricelular.
Contudo, as esponjas não apresentam dois genes relacionados com o câncer e que
são extremamente importantes no que toca à divisão celular, sendo que ao
compreendermos como é que as esponjas "contornam esta situação",
poderemos descobrir mais acerca do papel desses dois genes no aparecimento de câncer
em seres humanos.
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