sábado, 31 de julho de 2010

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Vitória do Espírito Santo.

Sempre que fico algum tempo sem escrever, sem postar aqui no blog eu fico nervoso, quando volto. Isso aconteceu pela primeira vez em março, quando pude viajar de férias após todo o período de reclusão da quimio. Acho que é porque, mesmo com todo o prazer que consigo extrair desse contato continuado que tenho tido aqui com gente interessante, com quem me identifico, levo tudo isso muito a sério e me preocupo em trazer sempre o melhor que posso. Mas permanece aquela relutância visceral de falar de mim. 

Minha ausência, desta vez, foi porque tive que me deslocar de “minha base”, Manaus, por duas semanas, à trabalho, e o hotel onde normalmente fico em Vitória-ES, ficou esse tempo quase todo sem os serviços que deveriam ser prestados pela sua provedora de conexão à WWW. Já tive o mesmo transtorno aqui em Manaus, por várias vezes. Mas este é um problema recorrente em todos os cantos de um país onde se paga mais caro por esse tipo de serviço que, por aqui, é um dos piores do mundo. 
Custei a ir à Vitória, única capital da região Sudeste que eu ainda não conhecia. Mas, a vida tem dessas coisas. Nada, até então, me levara até lá. Resultado: gostei tanto que esta já foi minha segunda vez. Sandrinha e eu, já que fica cada vez mais difícil ficar privado de sua companhia. Afinal....bem... . Deixa prá lá. 
Acho belíssimo o conjunto formado por Vitória e Vila Velha, ligadas pela Terceira Ponte, como é chamada pela população, com quase 3,5 km de extensão, a segunda maior ponte do Brasil, cujo nome oficial é Deputado Darcy Castello de Mendonça. As duas cidades, juntas, mal somam o milhão de habitantes, e, talvez por isso mesmo, gozem de uma qualidade de vida de fazer inveja a muita megalópole. Muitíssimo bem abastecida e com uma excelente infra-estrutura urbana, tem o terceiro melhor IDH entre as capitais do Brasil. Uma cidade de muitos superlativos.
O Estado do Espírito Santo faz divisa com os de Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. É banhado pelo oceano Atlântico, tem lindas praias e uma região serrana deslumbrante. Talvez pela circunstância de estar ali, ao lado da eterna “Cidade Maravilhosa”, Vitória tenha de certo modo vivido até hoje à sua sombra. Eu, pelo menos, nunca ouvi alguém falar por aqui que iria passar as férias, passear ou fazer compras em Vitória. 
A cidade tem uma topografia bastante acidentada, de rara beleza, pespontada por picos rochosos isolados, “pontões” e “pães-de-açúcar” bordejando as enseadas de águas plácidas do oceano Atlântico, formando um conjunto harmonioso com a soberba arquitetura pós-moderna. Neste contexto, o Convento de Nossa Senhora da Penha, um dos santuários mais antigos do Brasil, construído em 1558 e que abriga em seu acervo a tela mais antiga da América Latina, a imagem de Nossa Senhora das Alegrias, fica isolado no topo de um destes morros de granito, como um eremitério, dominando uma vista deslumbrante da Cidade, de suas praias e de seus arredores. 
No meses de junho e de julho, quando a temperatura fica mais amena, é só subir a serra pra se poder saborear um “friozinho” em pousadas pitorescas, bem transadas e a hospitalidade, o vinho e a boa comida dos descendentes dos cerca de 120 mil imigrantes pomeranos que lá chegaram no fim do século XIX. Pernoitamos numa destas cidadezinhas serranas onde rolava um Festival de Inverno, Domingos Martins, Sandrinha e eu, pra conferir, e saímos de lá repletos de vinho colonial, de queijos artesanais excelentes e de lindas paisagens na retina, na memória da câmera e na memória da gente. Ah!, ia esquecendo dos doces, das tortas e dos crepes...Ufa!! - Assim, prá qualquer gordo pós-químio e sem-vergonha, como eu, se perder prá sempre nas delícias da delicatessen alemã. 
Além disso tudo, não esqueçamos que Vitória é uma ilha atlântica, cercada de praias lindas (a de Camburi tem 6 km de extensão). Mas a verdade é que a maior parte delas está sem condições de banho, poluídas pela incúria babaca e anacrônica do poder público. Mas é só atravessar a ponte que em Vila Velha as praias são também lindas.....e limpas. E tem ainda a badalada Guarapari, que ainda não conheci, ali pertinho, entre tantas outras opções. 
Mas fica prá próxima vez. Afinal, não esqueçamos também que tenho ido ali à trabalho (ufa!). Mas, como ninguém é de ferro.....

2 Comentários:

Anônimo disse...

Nossa Daniel parecer ser uma cidade bem interessante. Também irei para lá ainda este ano (também à trabalho...mas concordo com vc que ninguém é de ferro!) rsrsrs

Renata

Anitha disse...

Querido Daniel,
Ufa! Que bom que você resolveu postar de novo...estava sentindo sua falta! Fiquei feliz com o seu regresso. Assim, seja bem-vindo!
Como sempre, os seus textos são superlativos em úteis informações e em elegância!
Ah! As fotos estão também primorosas...e a Sandrinha está muito bonita nelas...
Não some não, hein?
Beijo