Pesquisadores
do Laboratório de Patologia Básica da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
conseguiram identificar dois genes que, quando alterados simultaneamente no
câncer de mama, podem indicar a presença de metástases. A descoberta deverá
servir como uma nova ferramenta para o diagnóstico precoce de tumores metastáticos.
Durante
dez anos a equipe coordenada pela professora Giseli Klassen analisou 69 tumores
retirados de pacientes do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba.
Dessas mulheres, 17 morreram em decorrência de metástases surgidas em outros
órgãos dois ou três anos após a retirada do primeiro tumor. Em 15 destes
tumores, o grupo encontrou alterações nesses dois genes.
“Não
sabemos exatamente porque, mas reações químicas fazem com que esses genes
deixem de se expressar e ocorram as metástases”, diz Giseli Klassen. Neste ano
deverão ser registrados 49 mil novos casos de câncer de mama no Brasil, segundo
o Instituto Nacional do Câncer. Em 10% a 15% dos casos a doença se apresenta de
forma agressiva e pode apresentar novas lesões tumorais. Estima-se que 90% dos
que morrem em decorrência de câncer sofrem metástase.
Prevenção
A
partir do conhecimento dos genes relacionados com esse processo, será possível
identificar possíveis casos antes do aparecimento de qualquer sintoma. “Hoje
não temos nenhum exame que identifique a ocorrência de metástases em um nível
tão inicial. Na maioria dos casos, os tumores são descobertos a partir do
aparecimento de sintomas, mas aí o câncer geralmente já está em fases avançadas
e a resposta ao tratamento costuma ser pequena”, explica Klassen. Segundo ela,
o próximo passo é desenvolver uma maneira de fazer essa análise de uma forma
menos invasiva, por meio de exames de sangue.
O
estudo, feito em parceria com pesquisadores do Instituto Ludwig de Pesquisa
sobre o Câncer e da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, foi
publicado em janeiro na revista Britanica BMC Câncer e já teve cerca de 1,2 mil
acessos. “Para nós é muito importante essa repercussão no meio científico, mas
também que a sociedade saiba que estamos pesquisando e buscando novas formas de
diagnóstico precoce”, afirma a pesquisadora.
No ano passado a equipe da UFPR
publicou outro artigo sobre marcadores genéticos relacionados ao câncer de
mama. Nesse caso, foram estudados tumores de um tipo específico, responsáveis
por cerca de 30% dos casos. “Esse tipo de tumor não costuma dar metástase no
pulmão ou ossos, como a maioria, mas no estômago. E muitas vezes o médico não
fica atento aos sintomas gastrointestinais”, diz Giseli Klassen.
Comentários:
Postar um comentário