quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

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Uh-lá-lá! Voltar ao trabalho é voltar a trabalhar?

Claro! Mas as coisas não são assim tão evidentes. Em 25 anos de job eu nunca havia tirado uma licença, não que me lembre. Nem por uma semana. Nem sou viciado em trabalho. Mas tenho que me readaptar.

Fiquei desde agosto em uma órbita improdutiva, compulsória, esperando o próximo ciclo de químio e o tempo passar rápido para que eu pudesse retomar logo minha vidinha, aquela rotina que sempre achei medíocre, da qual eu reclamava tanto e que só comecei a valorizar depois que perdi.

Retornei segunda-feira ao trabalho. Cara, as pessoas (e seus olhos, claro) estão por todos os lugares! Elevador do prédio onde moro, recepção. Olhos nos carros que passam...

Reencontro de colegas, alguns amigos. Festa dos olhos interrogativos, curiosos, indiscretos, hesitantes. Simpáticos, negros, profundos, desdenhadores, frios, sorridentes. Os que encaram, penalizados, culpados, calorosos, pressurosos, piedosos. Os que se escondem indecisos. Surpresos, arregalados, brilhantes, úmidos, castanhos...
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Ah... Os olhos! Bem, é claro, tem todo o resto da anatomia humana... Mas os olhos, (puta merda!) os olhos são diferentes, têm vida própria, eles traem, avisam, apóiam, criticam, desprezam, fecham (simplesmente, às vezes prá sempre), indicam o caminho ou induzem ao erro por encantamento. Os melhores cúmplices que se pode ter!
“... desculpe-me a curiosidade, mas... só os da cabeça... caem...? – E eu, evitando os olhos - Ainda estou parece uma banana descascada, cai tudo, Chiquinha...

Entro na sala do escritório, ligo o PC e a loirinha no desktop continua me olhando nos olhos e dizendo, eternamente solícita, “I know how you must feel, Daniel...”, do seu balão de HQ. Parece até que tudo ficou parado no tempo, em suspensão, esperando por um novo ciclo de vida. Só parece, não se preocupem, eu sei... .
job

Diferente de voltar das férias,  aos poucos saio do estupor pós-inércia e tento reinicialisar o  cérebro, espiritualmente mais leve. Tomo um café. Sinto-me mais ligado. A vida tá aí. É como  sair de um transe.

Nunca antes pensei que perguntaria, mas, por gentileza, cadê a minha rotina?

5 Comentários:

Socorro Cunha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Socorro Cunha disse...

É como eu disse no meu último comentário: vc vai conseguir virar essa página, com certeza, e verá a vida de uma forma completamente diferente, dará muito mais valor a tudo, as coisas simples da vida, vai achar até a sua rotina, antes considerada medíocre, maravilhosa!!! Prepare-se maninho, vc saíra dessa muito mais fortalecido do que antes!!! E quantos aos olhos dos outros... não se surpreenda tanto com eles, o importante mesmo são os olhos de Deus, que eu tenho certeza que estão fixos em vc, acompanhando todos os seus passos em direção a CURA!!!! Beijos e que Deus te abençoe sempre!!!!!

Anônimo disse...

daniel, querido amigo quem te escreve aqui é seu querido amigo, Francisco Christo, que hoje criou coragem para fazer um comentário com relação a volta ao trabalho: você bem sabe que luto contra depresão e síndrome de pânico a quase dez anos, hoje me sinto bem melhor pois já me conheço o suficiente para tirar de letra , esses dois distúrbios pisciquiátricos leves. Pois assim são classificados pelos estudiosos da área, entretanto caro amigo, esses dois deixaram marcas que talvez só o tempo apague. Portanto quero lhe dizer para você não se cobrar muito sobre qualquer coisas, a não ser, ficar bem consigo mesmo. Pois seja qual for o resultado de qualquer atividade sua o tempo dara conta de você voltar a velha e gostosa rotina, não se apresse, pois o tempo é o senhor da história.

Thati Guimaraes Gobeth disse...

Concordo com o Chico, pai! Seu estado de espírito é muito importante para esse período que antecede os exames finais. Então se possível dê uma ajudinha ao tempo e tente se manter tranquilo, pensando em coisas boas e positivas para você! Nada de pânico!!
Conte sempre comigo. Te amo!

Carolyne disse...

Olá Daniel!

Que bom que comentou no meu blog!

Aproveitei a deixa pra fuçar o seu. E estou feliz ue seja uma pessoa tão cheia de força, e concordo com vc quando diz que os olhos são extremamente denunciantes. E, nesta fase parece que eles sempre se voltaam pra nós não é mesmo?

Muita força!!!