Academias e centros de exercícios começaram a se esforçar por atender a pequena, mas crescente demanda de programas dirigidos a não só apressar a recuperação, mas combater a fadiga da quimioterapia, os inchaços dos linfedemas e a perda de tônus muscular.
Sempre houve pacientes de inclinações atléticas que se mantiveram ativos, e até mesmo competitivos, apesar do diagnóstico de câncer.
Um exemplo notável recente é o de Eric Shanteau, um nadador da equipe olímpica norte-americana, que decidiu deixar de lado sua cirurgia de câncer testicular até depois de ter competido em Pequim.
Mas a maioria dos cerca de 10 milhões de pessoas que sobreviveram ao câncer nos Estados Unidos não são versões amadoras de Lance Armstrong. (http://meubloguezinhoLance Armstrong, o fenômeno)
Muitos, porém, se deixaram inspirar por celebridades como o ciclista, que eles vêem como modelos sobre como se recuperar dos efeitos muitas vezes debilitantes dos programas de tratamento de câncer.
Um novo programa da Associação Cristã de Moços, em parceria com a Fundação Lance Armstrong, oferece aulas de exercícios para pacientes de câncer em mais de uma dúzia de locais, em 10 Estados norte-americanos.
"Costumava existir esse entendimento de que, se você está sendo tratado, deve ficar na cama", disse Pam Whitehead, arquiteta que sobreviveu ao câncer uterino e criou o Triumph Fitness Program, em academias de Modesto e West Sacramento, na Califórnia.
Em alguns casos, os oncologistas estão prescrevendo exercícios, e gentilmente insistem junto aos pacientes para que estes realizem qualquer forma de atividade física que lhes pareça confortável: caminhadas, alongamento simples, exercícios com faixas elásticas.
"Comecei em 1992, e aquela era realmente uma época em que não muitos pacientes estavam se exercitando", disse a Dra. Alexandra Heerdt, cirurgiã especializada em câncer de mama no Sloan-Kettering que está conduzindo um programa-piloto que envolve exercícios.
"Caso um paciente me procurasse perguntando sobre exercícios, eu teria dito que não existiam informações disponíveis". Mas agora, ela afirma, "eles têm muitas escolhas".
Wendy Rahn, 46, professora associada de ciência política na Universidade deMinnesota, sabe bem disso. Depois de uma dupla mastectomia, seus ombros doíam tanto que ela muitas vezes andava encurvada de dor. Então, pesquisando sobre sua doença, descobriu um estudo sobre câncer e exercício físico, datado de 2005.
"Os efeitos benéficos eram enormes", ela afirmou. " Fiquei imaginando por que ninguém falava sobre isso”. Ela havia desistido de se exercitar uma década antes, mas o estudo a inspirou a retornar à academia.
"Comecei a me sentir muito melhor", ela disse. "E me ocorreu que, se estava me sentindo bem daquele jeito, então todo sobrevivente de câncer poderia sentir a mesma coisa".
Por isso, ela criou uma organização sem fins lucrativos chamada Survivors' Training, e em janeiro abriu uma academia de ginástica em White Bear Lake, Minnesota, na qual oferece ioga, exercícios com pesos, Pilates e Nia, uma técnica que combina dança e artes marciais. "Gosto de pensar no que faço como um grupo de apoio que se movimenta", ela disse.
Nos últimos oito anos, a escassez de pesquisas se transformou em um dilúvio de estudos. Entre eles está o patrocinado pelo Instituto Nacional do Câncer, em 2006, que considerava os efeitos de exercícios moderados sobre pacientes de cânceres de mama e próstata que estavam em radioterapia há seis semanas.
Os pacientes que faziam exercícios diariamente - caminhadas de distâncias cada vez mais longa e exercícios com faixas elásticas - apresentavam menos fadiga, mais força e melhor capacidade aeróbica do que aqueles que não se exercitavam. Essa constatação, e outras semelhantes, foram reproduzidas em diversos outros estudos.
Há também estudos segundo os quais exercícios moderados oferecem benefícios adicionais, como funções imunológicas reforçadas e menores índices de reincidência.
Os estudos do Dana-Farber apontaram que pacientes de câncer de cólon em estado pré-metastásico que realizavam exercícios em caráter rotineiro tinham índice de mortalidade 50% inferior durante o período de estudo do que seus colegas inativos, independentemente do grau de atividade apresentado por ambos os grupos antes do diagnóstico.
Condensado de The New York Times, edição de 18 de agosto de 2008.
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