No Norte e Nordeste, há fila para pacientes de radioterapia. Pará e Bahia prometem melhorias no atendimento.
Pacientes com câncer aguardam na fila por tratamento de radioterapia no Norte e Nordeste do país. É uma luta diária pela sobrevivência. Enquanto isso, há hospitais que têm equipamentos instalados há seis anos, mas que nunca foram usados.
Em Santarém (PA), há um equipamento novinho, que nunca funcionou. Segundo a direção do Hospital Regional, o serviço só deve ser inaugurado no segundo semestre, porque ainda falta a instalação de peças.
Na corrida contra o tempo para combater a doença, no interior do estado, pacientes enfrentam até quatro dias de viagem para chegar a Belém em busca de atendimento.
No único hospital em funcionamento para o tratamento contra o câncer na capital paraense, uma vistoria feita pela Justiça constatou que três equipamentos de radioterapia estavam parados. Entre eles, um que chegou em 2004, mas nunca foi usado.
A procuradora da Justiça Ana Carícia Teixeira diz que vários equipamentos continuam quebrados e o acelerador linear ainda não está em funcionamento, apesar do pedido oficial. O diretor da unidade disse que um dos equipamentos está em manutenção e que o acelerador ainda depende de licença para funcionar. O governo diz que ele deve entrar em ação em 45 dias.
Com a crise no tratamento de câncer, cerca de 180 pacientes do Pará tiveram que ser transferidos para outros estados. Mesmo assim, várias pessoas enfrentam dificuldades. O pagamento de ajuda de custo, feito pela Secretaria Estadual de Saúde, está atrasado. Com isso, alguns doentes estão sem dinheiro para se manter e até voltar para casa.
O agricultor Josué da Costa foi para o Piauí para tratar um câncer na garganta. Ele disse que já teve alta, mas não consegue voltar para o Pará, porque está devendo à pensão onde está hospedado.
Na Bahia, os problemas se repetem. A técnica em enfermagem Helineta Silva tem câncer de mama e precisa de sessões de radioterapia, com urgência. Mas ela não consegue fazer o tratamento. Ela mora em Feira de Santana e o aparelho da única clínica que oferece o serviço pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade está quebrado. O governo diz que já foram contratados profissionais para avaliarem o equipamento.
No interior, além de Feira de Santana, só Vitória da Conquista e Itabuna têm atendimento de radioterapia. A Secretaria de Saúde prevê para o ano que vem a implantação do serviço em outras duas cidades. Enquanto isso, muitos pacientes são obrigados a procurar tratamento na capital.
Em Salvador, quatro hospitais oferecem serviço de radioterapia para pacientes do SUS. Em um deles, 60% dos pacientes que fazem tratamento moram em outras cidades.
A Secretaria de Saúde já negocia a criação de turnos extras nos hospitais. A pasta garante que vai contratar novos médicos para aumentar o atendimento em todo o estado.
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