quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

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Um Hemocentro não é como uma padaria, infelizmente!



“27 DE NOVEMBRO, DIA NACIONAL DE COMBATE AO CÂNCER”
BRINCADEIRA, OU IRONIA?
É isso mesmo, amigos. Estou voltando do HEMOAM – Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas – simplesmente porque a quimioterapia que esperamos por 28 dias para fazer hoje NÃO FOI REALIZADA EXCLUSIVAMENTE POR FALTA DE PESSOAL! É revoltante, inexplicável, inadmissíve, mas é issol
Eu e os outros pacientes, que aguardávamos desde pouco antes das 8:00 h, chegamos até a tomar os medicamentos adjuvantes orais, o omeprazol e a prednizona (corticóide), pois a única enfermeira presente no local só nos avisou que estava só por volta de 9:30 h, e que, das outras 4 enfermeiras lotadas com ela na seção de quimioterapia, 2 faltaram porque estão com a gripe suína (credo!) e as outras duas faltaram porque também estão doentes (não se sabe de quê). Diga-se de passagem, que, mesmo com os cartazes educativos espalhados pelas paredes dessa ala, os (as) auxiliares de enfermagem que ministram as drogas não se convenceram ainda de que têm que usar o material de proteção para evitar a infecção cruzada, luvas, máscaras, gorros... Alguns nem jalecos usam!
Antes de ontem, quando estive em consulta com o hematologista para avaliação de meu hemograma e estado clínico, toda a Fundação Hemoam estava sem ar condicionado, neste calor de 42 graus do ápice do verão amazonense. E, isto, fui informado, há já uma semana!
O calor era sufocante, as pessoas com aquele olhar desesperado, perdido, se abanando, empapadas de suor, crianças, idosos, todo mundo no mesmo barco, ou fornalha. Foi marcada a químio para daí a dois dias, ou seja, hoje, e fui aconselhado a levar ventilador, imaginem! (já temos que levar toda uma tralha que inclui lençóis e travesseiro). Tudo isso para, de última hora, cancelar por falta de pessoal?! - Aí, ME PERDOEM, TRATA-SE DE MUITA FALTA DE RESPONSABILIDADE, SACANAGEM, ATÉ!!
Afinal, uma unidade de saúde de referência regional como o HEMOAM não pode e nem deve ficar sujeita a esse tipo de imprevidência, de inércia, LETARGIA OU LESEIRA BARÉ (na expressão cunhada pelo escritor amazonense Marcio Souza) sob pena de ficar refém de seus próprios recursos humanos e assumir as sanções públicas desta falta de responsabilidade, de competência administrativa. Trata-se de um órgão evidentemente preocupado com a gestão da qualidade dos serviços prestados, e que publica, abertamente, os resultados de suas pesquisas de satisfação com o atendimento, colhidas entre os pacientes, que constituem o seu público.
A Fundação HEMOAM está em pleno processo de transformação em hospital estadual e investe recursos públicos de monta na manutenção e na melhoria dos serviços prestados à sociedade e na aquisição de medicamentos de alto custo, ao preço de milhares de reais por aplicação, como são os empregados nos tratamentos hemoterápicos, nas doenças do sangue. Não é justo que a má gestão de pessoal – ou a sua falta, ou falta de responsabilidade, pura e simples - não acompanhe estas preocupações com a qualidade e a excelência que a Instituição parece tanto buscar, e que a falta de preparo dos recursos humanos continuem a ser o verdadeiro cancro - esse, sim, incurável - o gargalo a impedir a eficiência no setor e nas políticas de saúde pública em nosso país, por melhores que sejam planejamento e dotação orçamentária.
Nem parece que há apenas cinco dias vivíamos o Dia Nacional de Combate ao Câncer. Parece que foi um ato falho, sem comprometimento qualquer, vazio. Parece que adquirimos a síndrome de comemorarmos o ‘dia disso’, o ‘dia daquilo’... Sem nos preocuparmos com o desenvolvimento da consciência, ou da tomada de consciência que esses dias deveriam evocar.
Nós, pacientes, temos o direito de termos o cronograma de nosso tratamento de câncer respeitado. Temos o direito de termos nossa saúde, nossa vida respeitada. Isso é o mínimum minimorum, vital. Essa é, atualmente, uma das poucas coisas bem definidas em nossas vidas e que aguardamos com ansiedade. O dia da quimioterapia pra gente é sagrado e sabemos que o cumprimento do intervalo entre as aplicações é quase tão importante quanto os medicamentos. E que, em conjunto, podem representar um protocolo bem sucedido, se respeitado.
E por enquanto teremos que esperar até 2ª feira, quase uma semana. Quase uma semana!
VOLTA OFICIAL AO TRABALHO


Não é fácil, não! O Nelson blog do nelson bem que tinha razão! Há cerca de um mês venho lutando contra a burocracia dos regulamentos da Junta Médica para retornar oficialmente ao trabalho. Sou funcionário público, geólogo e trabalho no Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, do Ministério de Minas e Energia.
Empurra daqui, dalí, consegui com que o Nelson, my doctor, (que disse não poder ainda me dar alta, é claro, né)consegui que me desse uma declaração dizendo que estou apto para voltar ao trabalho. A funcionária da Junta, espantada, perguntou quando o médico lhe estendeu o documento: - Ele vai voltar por quê? – E o médico: - Porque ele quer, ora!  (Mas assim: faço a químio na 2ª e retorno na 2ª seguinte, com meus leucócitos já meia bomba).
Bem, de qualquer maneira, já voltei ao recinto, extra-oficialmente, há cerca de 1 mês. Não sou muito de citações, mas acho que essa vem a calhar:
A exclusão do trabalho por muito tempo ou então uma prolongada dependência da assistência pública ou privada corroem a liberdade e a criatividade da pessoa e as suas relações familiares e sociais, causando enormes sofrimentos psicológicos e espirituais” 
 (Caritas in Veritate)

7 Comentários:

JAZZMAN disse...

Não entendo como uma estrutura bem montada como a do Hemoam, diridiga por uma pessoa da mais alta competência como Leny Passos, merecedora de todo o nosso respeito na área de saúde pelo seu trabalho,pode ser traida dessa maneira. Uma grande estrutura sem alicerces...

Thati Guimaraes Gobeth disse...

Concordo plenamente. É um absurdo!

Anônimo disse...

Enquanto não se alcançar um nível mínimo de conscientização entre o pessoal, não avançaremos muito.Isso tudo é cultural também e se deve a anos de maus hábitos desenvolvidos por funcionários relapsos, de nível profissional aquem das necessidades da sociedade.Só a admissão pelo concurso público e o intercâmbio com profissionais de centros culturais mais desenvolvidos pode acelerar esse processo de conscientização.

Paes Leme disse...

Esse é um problema crônico no serviço público:pessoal. E não é algo localizado, tem em todo o mundo. Mas é verdade que nas sociedades mais atrasadas em termos de cultura isso se apresenta com maior gravidade.E,o pior é que o exemplo vem de cima, os próprios médicos e dirigentes não se empenham em cumprir horários.
Esse caso que voce descreve merece ser denunciado ao Ministério Público para que providências sejam tomadas para apurar as responsabilidades

Anônimo disse...

E não me venham dizer que o Hemoam não tem recursos, pois não é verdade. Isso é resultado de uma má administração, só isso.

Anônimo disse...

É HUMANAMENTE IMPOSSIVEL TRABALHAR FELIZ COM TANTO CALOR HUFAAAAAAAAAAAAAAA; SOCORROOOOOOOOOOOOOOO

Felipe disse...

Moro (lá,lá,lá,lá)
Num país tropical(lá,lá,lá,lá)
Abençoado por Deus
E bonito por natureza (mas que beleza)
Em fevereiro (em fevereiro)
Tem carnaval (tem carnaval)
Tenho um fusca e um violão
Sou flamengo
Tenho uma nêga
Chamada Tereza