quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

5

Quarta quimioterapia - Ufa!!!

Ontem passamos o dia todo no Hemoam, onde finalmente completei o 4º ciclo da quimioterapia. E quem leu os últimos posts sabe da no-ve-la! Uma se-ma-na de atraso porque duas das 4 enfermeiras da quimio contraíram gripe suína, e as outras duas também cairam doentes, não sei de que, e o principal motivo disso tudo certamente é a desobediência as normas básicas de segurança e higiene hospitalarares.
É inacreditável, inadmissível como grande parte dos profissionais de saúde aqui do Estado, pelo menos entre os que trabalham no Hemoam, são refratários no cumprimento as normas de segurança no que concerne ao uso obrigatório da roupa de proteção para eles mesmos e para evitar a infecção cruzada. Eles simplesmente não usam luvas, máscara, gorro, jaleco, nada. Uma das enfermeiras, questionada por minha mulher, chegou mesmo a afirmar, equivocadamente, que não estaria obrigada a usar tal equipamento e que o paciente, este sim, é que o estaria, “inclusive seu acompanhante” (!). O mais absurdo de tudo isso, pela contradição que envolve, se não fossem “enfermeiras” de formação, é que cartazes educativos que tratam do assunto foram afixados em locais estratégicos e visíveis nas paredes pela própria Gerência de Enfermagem da Instituição (!!).
Chegamos lá às 8:00, mas a perfusão do Mabthera só foi começar às 10:10 e só conseguimos deixar o Hemoam às 23:30, quando terminou a perfusão da Ciclofosfamida. Além da minha cabine mais duas estavam ocupadas: uma com um rapaz do município de Manacapuru, tratando um linfoma de Hodgkin, outra com uma garotinha de uns dois anos, tratando de uma leucemia. Mesmo tendo veias bem visíveis, logo de primeira a enfermeira errou a agulhada. Disse que sentia muito (hahaha). Estive a ponto de mandá-la tomar no tomate cru, como diria o Nelson, mas apenas ri.
Além disso, eu e os demais pacientes passamos várias horas da manhã sendo molestados, torturados mesmo pela tagarelice desenfreada, a mil decibéis, entre algumas enfermeiras e um paciente “alegre” que apareceu para se consultar e depois foi ficando para fofocar. Eu apenas espero, pela minha e pela saúde de todos os que precisam desses serviços, que o desleixo não se estenda às demais normas de higiene hospitalar e aos cuidados e precauções necessários quando da manipulação dos quimioterápicos na capela, onde se trabalha com valores críticos e precisos de temperatura, volume, dosagem, concentração e titulação de medicamentos geralmente caros e vitais para a cura dos enfermos e que podem se tornar até perigosos em caso de negligência.   
 Químio do Tadeu - São Paulo-SP
Pelo período da tarde apenas uma enfermeira permaneceu e ficou sobrecarregada. Teve que se dividir entre os cuidados aos pacientes de duas enfermarias, a da quimioterapia e a da transfusão, em alas diferentes. Como conseqüência, os pacientes passaram longos períodos abandonados, sem monitoramento, e os acompanhantes tiveram que ficar brincando de “Caça ao enfermeiro”. Naturalmente, neste caso a enfermeira é mais vítima do que outra coisa qualquer.
Este comentário, estas críticas não têm como propósito senão o de contribuir para o aprimoramento na prestação destes serviços de saúde pública, tão essenciais, tão vitais, os quais, em sua grande maioria, são procurados por pessoas humildes, simples, crédulas, confiantes no paternalismo do poder público, sem instrução, carentes de formação para o exercício crítico da cidadania e de informação necessária para reivindicar seus direitos constitucionais mais básicos - como o acesso à saúde com dignidade - e que por isso tendem a aceitar tudo o que vivenciam como se fosse normal.
No que me toca mais diretamente, meus exames de sangue, felizmente, têm apresentado resultados excelentes entre cada ciclo, com números de leucócitos, hemácias, plaquetas, etc, de acordo com os valores de referência. Meu médico, reservado por natureza e ossos do ofício, até abandonou brevemente seu habitual comedimento para comentar que estava otimista diante dos exames, na última consulta. Após este 4º ciclo de quimioterapia, percebo que a cada um deles os efeitos colaterais foram diferentes e progressivamente mais severos. Já estou colocando a barba (ou o que restou dela) de molho, pois hoje ainda é só o day after da 4ª e ainda me faltam dois ciclos completos !
 Minha químio - Hemoam, Manaus-AM
No 1º tive febre, calafrios e um apetite devorador, que me levou a ganhar um presente de grego: 5 kg, até aqui. Os cabelos da cabeça começaram a cair  ; No 2º, náusea moderada, febre baixa, calafrios, flatulência e diarréia por três dias (tendo como efeito co-colateral uma grande irritação nos canais competentes), além da perda da capacidade gustativa.No 3º, perda da capacidade gustativa, náusea, tonturas e cansaço.
Hoje a náusea bateu forte desde o início deste 4º ciclo com a perfusão do MabThera (Rituximabe). Isso nunca me tinha acontecido antes. Nos ciclos anteriores os efeitos colaterais só começaram a surgir a partir do 2º dia. Melhorou um pouco, mas nem o Zolfran, antiemético, conseguiu controlar o enjôo no hospital. Hoje já tomei dois comprimidos de Dramin, outro antiemético, mas nem assim consegui almoçar. Estou tomando bastante líquido para aumentar a diurese. Tenho tolerado bem os sucos e os sorvetes preparados com frutas ácidas, como os cítricos, o maracujá, o abacaxi, o taperebá e o cupuaçu, de preferência sem leite e com adoçante. Acho que ainda estou no lucro, pois, mesmo com muita náusea não cheguei a vomitar uma única vez, nem tive espasmos desde o início do tratamento.
Algumas pessoas me recomendaram tomar mingau de banana-da-terra, ainda verde, ou banana padova ou “pacovã”, como dizemos aqui (aquela bananona, parruda), pela manhã, antes da químio. Segundo elas a banana seria muito eficaz para evitar as náuseas. Experimentei no 3º ciclo e comigo não funcionou. Este mingau, bem preparado, é uma delícia, mas para mim é muito pesado e sua digestão não é fácil.
Bom, amigos, vou ficando por aqui. Ainda faltam dois ciclos. A luta continua. Obrigado a todos que tem participado dela, me animando com suas palavras de incentivo e de apoio. ;-] 
Os cabelos brancos estão crescendo bem mais rápido que os pretos, mais lisos e  mais macios que antes. Já estão com cerca de 1 cm e já posso até sentí-los ao vento (hehehe). Como sou otimista as vezes, até já comprei dois pentes novos (hehehe).

5 Comentários:

S.T DELGADO disse...

Tudo bem com vc? Tenho acompanhado suas matérias no blog e achei super legais. Meu tempo está muito apertado, mas sempre que posso faço uma visita e essa última de não haver enfermeiros para realizar a quimioterapia foi demais!!!!!! A falta de respeito pela vida do ser humano é revoltante. Mas bola pra frente e pensamento positivo que tudo vai dar certo, no final o bem sempre tem que vencer. Te amo!!!! BJS.....

Juju disse...

Oi daniel,como vai vc? Isso não acontece so lá no Hemoam não. É geral na rede pública de saúde. É claro que tem profissionais muito conscientes e não podemos generalisar. A vinda de enfermeiros e auxiliares de outros centros mais desenvolvidos tem ajudado muito na conscientização de todos nós. Mas isso de que estamos falando é o básico do básico nas escolas de enfermágem. Sou auxiliar de enfermagem, trabalho tb numa unidade de saúde pública e vejo isso todos os dias ha muito tempo.Mas sabe, já foi pior. Fica com Deus.Melhoras.

Cinthia Ribeiro disse...

Que careca mais lindaaaa!!!!!
E que absurdo as enfermeiras sem os equipamentos de proteção!!!!! Aquela que estava conduzindo sua quimio na foto, também é enfermeira??? Sem jaleco????
Que é isso????? Onde vamos parar!!!!!
Vamos lá amigo, estamos com você, SÓ restam dois ciclos... Já estivemos mais longe!!!
Beijos com saudades!!!

Felipe disse...

ENFERMEIRA DO HEMOAM SEM JALECO,MASCARA E LUVAS!?. AONDE ELA PASSOU AQUELA MÃO... TEM COISAS QUE É MELHOR NEM SABER...(VOMITOS).

daniel disse...

Oi Cinthiaaaaaa!! bleza te ver por aki, amiga! É, o Felipe tem razão, (VÔMITOS)
Com relação à vesecto, cuidaaaaaaado, hahahahaha, fujam do SUS, meus filhos, senão a alegria acaba, hahaha. BJ