sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

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San Antonio Breast Cancer Symposium/2011: pertuzumabe - nova droga associada às já existentes aumenta sobrevida


Aproximadamente 20% de todos os cânceres de mama têm amplificação ou superexpressão (ou ambos) do receptor do fator de crescimento epidérmico humano chamado HER2, resultando em um fenótipo de tumor mais agressivo e um prognóstico pobre.
Um novo fármaco, um anticorpo monoclonal chamado pertuzumabe, a ser administrado em combinação com duas drogas já empregadas no tratamento, trastuzumab e docetaxel, estende a sobrevida de pacientes com este tipo agressivo de câncer de mama. A novidade foi apresentada nesta semana em um dos maiores congressos sobre o tema, o San Antonio Breast Cancer Symposium, que começou no último dia 6 e encerra no próximo dia 10, nos Estados Unidos.

Um estudo clínico de fase II, denominado Estudo Cleópatra, com a participação de 808 pacientes de 24 países, inclusive do Brasil, foi conduzido com a administração da droga em portadoras de câncer de mama em que o tumor já se havia espalhado para outras partes do corpo, estágio da doença conhecido como metástase, considerado grave. Os dados dos testes foram primeiramente apresentados na edição eletrônica do New England Journal of Medicine, uma das principais publicações médicas do mundo.

No estudo clínico, pacientes que nunca haviam feito quimioterapia antes foram divididos em dois grupos: metade recebeu trastuzumabe e docetaxel. O restante tomou uma droga a mais: a pertuzumabe. As participantes foram monitoradas durante 20 meses.

Os condutores do estudo concluíram que, administrando apenas o trastuzumabe, conseguiram controlar o avanço da doença durante um período aproximado de 12 meses. Período este que foi estendido para cerca de 18 meses nas pacientes que, além do trastuzumabe, receberam também o pertuzumabe.


Entenda o processo
Durante as pesquisas verificou-se que a capacidade proliferativa do tumor está ligada a uma proteína produzida por humanos chamada HER2, que pode estar dispersa pela membrana celular. Ela transmite sinais que orientam o crescimento celular, desde o exterior da célula até seu núcleo. Pequenas moléculas, designadas por fatores de crescimento, aderem aos receptores HER2 e sinalizam a célula para que esta cresça normalmente. Um gene com o mesmo nome é o responsável por regular este processo. E quando ele enlouquece, o número de proteínas HER2 sobe e faz as células na região dos seios começarem a desenvolver câncer. Médicos afirmam que no caso de metástase, não existe chance de cura para esta versão da doença.

O pertuzumabe não foi desenvolvido para agir sozinho e deve ser combinado com outros fármacos que já fazem parte da terapia usual. As drogas usadas no tratamento deste tipo de câncer servem para prolongar a vida do paciente e diminuir o sofrimento.

Atualmente, o protocolo padrão de tratamento associa um quimioterápico chamado docetaxel para destruir as células com câncer, com um anticorpo monoclonal chamado trastuzumabe. A adoção desta combinação fez com que a maior parte dos casos de câncer de mama se tornasse uma doença crônica controlável.

No mercado desde 1998, o trastuzumabe atua ligando-se a um dos lados da proteína HER2, reduzindo sua ação cancerígena. Esta união aumenta a eficiência do quimioterápico (docetaxel) e o tumor pode então ser controlado por mais tempo, estendendo a sobrevida. A ação do pertuzumabe é semelhante, porém se liga a uma região diferente desta proteína.

O fabricante do pertuzumabe já solicitou aprovação às agências de controle dos EUA e da Europa para produzir o medicamento em escala comercial. No Brasil, a previsão é de que a droga seja submetida à avaliação da ANVISA no início de 2012.

Traduzido pelo autor do blog de matéria publicada em 07/12/2011 no New England Journal of Medicine. Ilustração do GoogleImages

3 Comentários:

Tânia Regina disse...

Novas amas contra o gigante sempre são bem vindas .Beijo Dan.
ps:voltei a malhar e estou com todos os musculos doendo demais!rs.
Mas voltei.

daniel disse...

coragem, Tânia! Só doi nos primeiros dias. Bj!

Iza disse...

Olá, Daniel!

Notícia importante essa. Soube desse congresso e vejo que os estudos estão avançados para os casos de câncer de mama.

O meu tumor era negativo para Her2, mas me preocupo com essa situação pois muitas mulheres não são avisadas quanto ao tipo de tumor que têm e isso pode repercutir de forma negativa no tratamento, já que muitas não fazem um teste específico para verificação da sobreexposição dessa proteína.

Dias desses apareci aqui dizendo que tinha abandonado o "notas", mas tive que voltar a escrever lá. O assunto câncer gera muito preconceito e medo e os que me liam no diário não queriam nem ouvir essa palavra. Então me sinto mais confortável relatando tudo o que sinto lá no notas.

Uma semana iluminada para você e sua família.