Aproximadamente 20% de
todos os cânceres de mama têm amplificação ou superexpressão (ou ambos) do receptor
do fator de crescimento epidérmico humano chamado HER2, resultando em um
fenótipo de tumor mais agressivo e um prognóstico pobre.
Um novo fármaco, um anticorpo monoclonal chamado pertuzumabe,
a ser administrado em combinação com duas drogas já empregadas no tratamento,
trastuzumab e docetaxel, estende a sobrevida
de pacientes com este tipo agressivo de câncer de mama. A novidade foi
apresentada nesta semana em um dos maiores congressos sobre o tema, o San Antonio Breast Cancer Symposium, que começou no
último dia 6 e encerra no próximo dia 10, nos Estados Unidos.
Um
estudo clínico de fase II, denominado Estudo
Cleópatra, com a participação de 808 pacientes de 24 países, inclusive do
Brasil, foi conduzido com a administração da droga em portadoras de câncer de
mama em que o tumor já se havia espalhado para outras partes do corpo, estágio
da doença conhecido como metástase, considerado grave. Os dados dos testes
foram primeiramente apresentados na edição eletrônica do New England Journal of Medicine, uma das principais
publicações médicas do mundo.
No
estudo clínico, pacientes que nunca haviam feito quimioterapia antes foram
divididos em dois grupos: metade recebeu trastuzumabe e docetaxel. O restante
tomou uma droga a mais: a pertuzumabe. As participantes foram monitoradas durante
20 meses.
Os condutores do estudo concluíram que, administrando apenas o trastuzumabe, conseguiram controlar o avanço da doença durante um período aproximado de 12 meses. Período este que foi estendido para cerca de 18 meses nas pacientes que, além do trastuzumabe, receberam também o pertuzumabe.
Entenda
o processo
Durante as pesquisas verificou-se que a
capacidade proliferativa do tumor está ligada a uma proteína produzida por
humanos chamada HER2, que pode estar dispersa pela membrana celular. Ela
transmite sinais que orientam o crescimento celular, desde o exterior da célula
até seu núcleo. Pequenas moléculas, designadas por fatores de crescimento,
aderem aos receptores HER2 e sinalizam a célula para que esta cresça
normalmente. Um gene com o mesmo nome é o responsável por regular este
processo. E quando ele enlouquece, o número de proteínas HER2 sobe e faz as
células na região dos seios começarem a desenvolver câncer. Médicos afirmam que
no caso de metástase, não existe chance de cura para esta versão da doença.
O pertuzumabe não foi desenvolvido para agir
sozinho e deve ser combinado com outros fármacos que já fazem parte da terapia
usual. As drogas usadas no tratamento deste tipo de câncer servem para
prolongar a vida do paciente e diminuir o sofrimento.
Atualmente,
o protocolo padrão de tratamento associa um quimioterápico chamado docetaxel
para destruir as células com câncer, com um anticorpo monoclonal chamado
trastuzumabe. A adoção desta combinação fez com que a maior parte dos casos de
câncer de mama se tornasse uma doença crônica controlável.
No
mercado desde 1998, o trastuzumabe atua ligando-se a um dos lados da proteína
HER2, reduzindo sua ação cancerígena. Esta união aumenta a eficiência do
quimioterápico (docetaxel) e o tumor pode então ser controlado por mais tempo,
estendendo a sobrevida. A ação do pertuzumabe é semelhante, porém se liga a uma
região diferente desta proteína.
O
fabricante do pertuzumabe já solicitou aprovação às agências de controle dos
EUA e da Europa para produzir o medicamento em escala comercial. No Brasil, a
previsão é de que a droga seja submetida à avaliação da ANVISA no início de
2012.
Traduzido pelo autor do blog de matéria publicada em
07/12/2011 no New
England Journal of Medicine. Ilustração
do GoogleImages
3 Comentários:
Novas amas contra o gigante sempre são bem vindas .Beijo Dan.
ps:voltei a malhar e estou com todos os musculos doendo demais!rs.
Mas voltei.
coragem, Tânia! Só doi nos primeiros dias. Bj!
Olá, Daniel!
Notícia importante essa. Soube desse congresso e vejo que os estudos estão avançados para os casos de câncer de mama.
O meu tumor era negativo para Her2, mas me preocupo com essa situação pois muitas mulheres não são avisadas quanto ao tipo de tumor que têm e isso pode repercutir de forma negativa no tratamento, já que muitas não fazem um teste específico para verificação da sobreexposição dessa proteína.
Dias desses apareci aqui dizendo que tinha abandonado o "notas", mas tive que voltar a escrever lá. O assunto câncer gera muito preconceito e medo e os que me liam no diário não queriam nem ouvir essa palavra. Então me sinto mais confortável relatando tudo o que sinto lá no notas.
Uma semana iluminada para você e sua família.
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