Na era em que a internet se tornou
uma presença inevitável no dia-a-dia de todos, sites estão oferecendo serviços
para lidar com a vida cibernética após o encerramento da material. A atenção
que têm gerado mensagens póstumas como a do blogueiro canadense Derek Miller,
que morreu no mês de
maio, ilustra uma tendência de se cuidar da vida
online tanto quanto da física, após a morte. Para isso, as opções existentes
vão das mais práticas às mais sofisticadas. Entre as primeiras está o site Legacy
Locker, que se propõe a funcionar como uma espécie de "cofre
digital".
O serviço consiste em guardar toda e qualquer informação digital como
nomes de usuários e senhas de acesso para qualquer site ou conta de email, e
repassá-la para as pessoas indicadas quando o cliente partir.
É possível manter mensagens de despedidas que são
enviadas aos respectivos destinatários conforme as instruções deixadas em vida.
No futuro, esse serviço poderá ser feito também através de vídeo.
Outro site cuja proposta segue a mesma linha é o Death Switch, que envia emails automáticos para
os usuários confirmarem que eles estão vivos. Se as mensagens forem
repetidamente ignoradas ao longo de determinado tempo, o programa pressupõe que
o cliente está morto, e dispara os email com textos, dados e arquivos anexados
para os endereços indicados. "Não morra com segredos que precisam ser
liberados", diz o site.
Já o Intellitar possibilita que o cliente crie uma
espécie de avatar com base em uma fotografia real, ao qual a companhia atribui
uma voz e acrescenta animações e efeitos. Outras pessoas podem "entrar em
contato" com o avatar para bater um papo através de um chat no site.
Últimas palavras
Os serviços são uma versão sofisticada de uma prática que já está se
tornando comum na era online, de oferecer na vida cibernética um encerramento
mais suave para o fim material. Em outros casos recentes, indivíduos com o
prospecto de uma morte em breve se encarregaram de providenciar o próprio ato
final em posts que foram publicados por amigos ou parceiros.
Um caso recente foi o do blogueiro Derek Miller, que morreu no início de maio em consequência de uma metástase do câncer colorretal do qual sofria. O último texto dele, Last Post, atraiu 8 milhões de usuários ao site PenMachine.
Derek usava o site para relatar sua dolorosa
experiência, entre pinceladas de trivialidade, como o seu gosto por Diet Cherry
Coke e a ceia de Páscoa.
Na Austrália, um caso que chamou atenção foi o de
Jessica Horton, que mantinha o site Dying for Beginners (algo como "A morte para iniciantes", em tradução livre).
No seu último post, publicado por seu marido Jason,
a jovem de 24 anos se disse feliz com a vida que levara até então e agradeceu
pessoalmente a diversos amigos e parentes pela companhia e o amor que lhe
dedicaram.
"Fui feliz ao longo de toda a minha vida.
Lembrem-se, a felicidade é uma jornada, não é um destino", escreveu.
"Quando estiverem velando por mim, por favor
também celebrem minha vida - o milagre que foi uma vida de amor e
felicidade."
Tanto no caso de Derek quanto de Jessica, a decisão
da família foi manter os sites no ar como uma espécie de homenagem à vida dos
seus entes queridos.
"Respeitamos os desejos dela", disse a
mãe de Jessica, Julia Whitby, ao jornal local Sydney Morning Herald.
"Gosto de saber que ela está por aí. Sei que
ela gostaria. Ela adorava escrever e se estivesse viva, tenho certeza de que
seria escritora."
1 Comentário:
Nossa Dan...
realmente não sei o que pensar sobre tudo que acabei de ler em seu post...
Reflexiva aqui. Um beijo.
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