Na
contramão das grandes companhias farmacêuticas, que consolidam presença no
Brasil e demais países emergentes reduzindo seu portfólio de produtos de
inovação e tentando driblar o prejuízo com a suspensão de suas patentes, a
Roche promete lançamentos de moléculas em 2012 - todas de medicamentos
biológicos que agem de forma inteligente, impedindo a proliferação do câncer, e
de grande impacto no médio prazo.
Uma delas pode significar uma
revolução na forma de tratar o câncer de pele, considerada a maior descoberta
nos últimos trinta anos para reduzir o risco de morte em quase dois terços dos
pacientes com a forma avançada da doença. Aprovada nos EUA em agosto de 2011, a
aprovação no Brasil é esperada para o primeiro semestre de 2012.
A droga, chamada vemurafenib (Zelboraf), desenvolvida em parceria com a
Plexxikon, é a única dentro do conceito de medicina personalizada para uma
doença com pouquíssimas opções de tratamento.
"É importante considerar que,
além dos resultados significativos alcançados, o medicamento já vem acompanhado
de um teste que delimita quem terá bons resultados com a sua aplicação",
diz Adriano Treve, presidente da Roche Farmacêutica Brasil, referindo-se à
prática que permite direcionar os tratamentos às necessidades individuais dos
pacientes.
Além disso, o medicamento é um dos
primeiros em forma de comprimido, o que facilita a administração.
No caso do vemurafenibe, o produto foi
projetado para inibir especificamente algumas formas da proteína encontrada na
maioria dos melanomas. E essa possibilidade é comprovada pelo teste que detecta
a mutação dessa proteína.
"É uma nova abordagem de
tratamento que traz economia de tempo e de sofrimento para os pacientes",
diz Treve.
Ele explica que é a mesma filosofia
por trás de medicamentos importantes no portfólio da companhia, como o
Herceptin (trastuzumabe), desenvolvida para tratar com mais eficácia as
pacientes com câncer de mama; Mabthera (rituximabe), para linfomas; e Avastin
(bevacizumab), para câncer de intestino, que poderá ter sua ação estendida para
câncer de ovário.
Esta semana, a Roche deve apresentar
os resultados de suas pesquisas no San Antonio Breast Cancer Symposium, realizadas com o pertuzumabe, um
novo medicamento destinado a aumentar a sobrevida de pacientes com câncer de
mama que já fazem o tratamento padrão com o Herceptin.
"A expectativa é que ocupe um
lugar importante na terapêutica associada com outras abordagens", diz o
diretor médico da Roche, Maurício Lima, que calcula ainda para 2012 a aprovação
do registro da droga no Brasil.
Lima conta que o Brasil participou
ativamente dos estudos clínicos referentes a todos esses novos medicamentos.
"Estamos muito bem posicionados
como referência em pesquisas na Roche", afirma. A empresa aplica cerca de
R$ 90 milhões em 60 estudos clínicos com mais de 5.300 pacientes em cerca de
300 centros brasileiros. Esse número deve aumentar, segundo Treve. "Temos
todo o interesse considerando que os brasileiros têm todas as condições de
aplicar essas novas tecnologias", afirma.
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