terça-feira, 6 de dezembro de 2011

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Câncer de mama, quimioterapia e função cerebral


Sobreviventes do câncer sabem há muito tempo que um dos mais incômodos e persistentes efeitos colaterais da quimioterapia é uma nebulosidade mental que interfere com a capacidade de pensar claramente, de se lembrar de detalhes e de concentrar a atenção sobre algo. Há até mesmo um apelido, "cérebro químico", que alguns médicos e pacientes utilizam para se referir a essa condição. Eu, que nunca tive uma memória boa, tenho sentido, depois da quimioterapia, uma dificuldade ainda maior para lembrar nomes e de coisas óbvias. Mas, do que era mesmo que estávamos falando?

Pesquisadores da Stanford University School of Medicine desenvolveram estudo, publicado na edição de novembro de 2011 da revista Archives of Neurology, sobre o comportamento de um grupo de mulheres para descobrir como o câncer de mama e a quimioterapia afetam a função cerebral. Eles examinaram 3 grupos de mulheres classificadas por idade, nível educacional e status menopausal, sendo: 25 com câncer de mama que haviam recebido quimioterapia, 19 com câncer de mama que não haviam recebido quimioterapia, e 18 mulheres sem câncer de mama. Eles usaram ressonância magnética para medir o arquivo de mudanças no cérebro, e analisaram o desempenho das mulheres em tarefas simples.

Eles descobriram que, quando comparadas com as mulheres que nunca haviam tido câncer de mama, as que eram sobreviventes da doença, tanto no grupo da quimioterapia como no grupo sem quimioterapia, demonstraram algumas funcionalidades do cerebro reduzidas, e observaram ainda que esta redução foi maior no grupo que havia recebido quimioterapia. Elas cometeram mais erros na execução das tarefas e levaram mais tempo para concluí-las. Os pesquisadores também descobriram que os efeitos negativos da quimioterapia eram piores entre os membros do grupo que eram mais velhos, e com nível mais baixo de escolaridade.

A Pesquisadora-chefe, Shelli R. Kesler, PhD, disse que o próprio câncer de mama provavelmente causa, ele mesmo, algum nível de comprometimento, e que a quimioterapia, por sua vez, causa danos adicionais que, quando combinados resultam em perda de memória, déficit de atenção e dificuldade de raciocínio.

Kesler e equipe planejam conduzir um estudo de longo termo para acompanhar pacientes de câncer de mama ao longo de todo o tratamento seguido por eles. “No passado, a existência destes transtornos foi um tanto controversa, e este estudo agora vem validar nossas suspeitas”, disse Kesler. “E os seus resultados poderão nos ajudar a prevenir e a tratar o problema”, concluiu.

A American Cancer Society recomenda aos pacientes em tratamento com quimioterapia e aos sobreviventes de câncer que falem com seus médicos se perceberem mudanças na capacidade cognitiva. Mudanças na função cerebral em consequência do câncer e da quimioterapia são normalmente temporários, mas podem causar problemas em casa e no trabalho.

Traduzido pelo autor do blog de matéria publicada no jornal da American Cancer Society. Leia release aqui. Ilustração do GoogleImages.

5 Comentários:

Anônimo disse...

Daniel, primeiro quero dizer que fiquei feliz com sua visita lá e também pelo seu comentário. Respondi seu comentário lá na postagem.

Quanto ao assunto e a seu blog eu o acompanho de perto. Não perco nenhuma atualização.

Embora eu tenha desistido do notas do momento, deixei um recado ao pessoal que quisesse me acompanhar no meu antigo blog e quando vi você a Sol, a Fabiana senti alegria.

Quanto a matéria, embora eu ache que cada caso é único, li e vou ficar ligada para perguntar a meu médico quais as chances de que eu desenvolva isso.

Obrigada por compartilhar.

Beijos no coração!

Lilian disse...

ola querido, nossa, voce me salvou, eu ta achando que estava esclerosada, doidinha de pedra, porque estes dias eu nem conseguia lembrar como se chamava o meu queixo, kkkk. E fui pedir um... como chama aquela ferramenta que prega os pregos? ah, martelo e não lembrava o nome do dito cujo. Coisa de louco... tava bem triste com a minha pessoa. Mas li, descobri da tal fadiga oncológica e hoje seu post, só veio a confirmar, uffa!!! eu não estou piradinha. Pelo menos não tanto assim, tentei copiar e colar no meu blog, nao consegui, mas compartilhei o link no facebook e foi o maior sucesso. Falando nisso, tem face? Beijos amore, vou dar uma sumidinha, amanha é a dita cirurgia, então fica na torcida ai por mim, obrigada e... o que é mesmo que eu ia dizer? ... acho que era xau.

Cristina disse...

Ótimo post. Eu bem que percebi que depois da quimio minha cabecinha não é a mesma, esquecimentos, dificuldade para raciocinar...afff Muito bom vc ter colocado esse assunto aqui. Gostei de seu blog! Um abraço!

Marina da Silva disse...

UAI???A pesquisa está "incompleta"? Até câncer de mama, quimio, idade e blá eu entendi; mas quando entrou o dado "muié", sem os "zomis" (qui também tem mamas, ops, peitorais, câncer de peitorais e quimio) fiquei perdida!
Arrrrrrrrrghhhhhhhh! Chamo para a solução Umberto Eco que diria, vivo ainda fosse, categoricamente que "esta é uma ciência daquilo que não deve ser sabido", ENTÃO...isquiçi!
Beijos Daniel!

daniel disse...

Concordo parcialmente com Marina: não são apenas os pacientes de cancer de mama (incluidos os masculinos), que tem este efeito colateral, e eu sou uma incômoda prova disso, pois fiz quimio para tratar linfoma.