sexta-feira, 6 de novembro de 2009

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Açaí pode combater células de câncer


Nunca se pesquisou tanto essa frutinha mágica da nossa região. Em estudo recente, pesquisadores americanos comprovaram que os antioxidantes contidos na fruta originária da Amazônia conseguiram destruir células cancerosas de leucemia. Paralelamente, equipe do cardiologista Eduardo Costa, amapaense que desenvolve trabalho científico na Universidade Federal do Pará (UFPa), descobriu que a fruta contém uma substância chamada antocianina, que aumenta o HDL (bom colesterol) e baixa o LDL (mau colesterol). E, conseqüentemente, diminui bastante o risco de doenças cardiovasculares.

Estão em andamento, nos Estados Unidos, várias pesquisas com o açaí no combate a vários tipos de câncer. O trabalho desenvolvido pelos norte-americanos sob a supervisão do professor Stephen Talcott, do Instituto de Ciências Alimentícias e Agrícolas da Universidade da Flórida, e publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, mostra que os extratos do açaí são uma das mais ricas fontes de antioxidantes, principalmente a antocianina, capazes de estimular a destruição de 86% das células de leucemia testadas.

Bem, definitivamente parece que os chamados antioxidantes estão mesmo em alta como a última panacéia da ciência médica para as doenças degenerativas. Em post anterior, de 23 de outubro de 2009, Vinhos auxiliam tratamentos quimioterápicos, vimos o trabalho desenvolvido pela equipe francesa do professor Norbert Latruffe, demonstrando as propriedades terapêuticas do resveratrol, outro antioxidante, desta vez na uva pinot noir, com a qual se produz o vinho varietal homônimo.

E as novidades não param por aí e, com a participação dos brasileiros. O cardiologista Eduardo Costa, amapaense, professor da Faculdade de Medicina da UFPa, analisando exames de mais de 800 pessoas que consomem açaí diariamente e mais de 200 que não consomem, observa que o HDl e o LDL estão em níveis normais nas pessoas que tomam açaí. “Observamos que os consumidores regulares de açaí tinham níveis de HDL maiores que os do grupo que não consumia açaí, onde os níveis de LDL se mostraram mais altos”. Estes dados mostram que o grupo que consome a fruta diariamente corre menos riscos de sofrer com infartos e derrames do que os que não consomem.

Por sua vez, a dentista e pesquisadora paraense Danielle Emmi, sob a orientação da professora Regina Feio Barroso, do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), revelou o açaí como um eficaz evidenciador de placas dentais. Para aderir às bactérias da placa, os pesquisadores adicionaram ao corante concentrado feito com açaí uma substância específica para esse fim. "Em comparação com os corantes sintéticos utilizados hoje no mercado, a eficácia do corante natural chegou a ser 90% superior", afirma Danielle.

Bem, amigos, começo a me preocupar - como bom gourmand e apreciador dessa fantástica, deliciosa beberagem - com o futuro dessa frutinha. JPrimeiro foram os japoneses, que fizeram tudo para controlar o cupuaçu, a começar pelo uso de seu nome. O açaí tem um valor tradicional na alimentação dos povos da Amazônia, e sua exploração é de fundamental importância para as economias dos Estados do Pará, Maranhão, Amapá, Acre e Rondônia, especialmente para o primeiro e o terceiro, pois responde pela sustentação econômica das populações ribeirinhas e sofreu impacto muito grande nos anos 80 com a derrubada de suas palmeiras pela indústria do palmito, principalmente nas ilhas do arquipélago do Marajó. O problema foi contornado pela Embrapa, que conseguiu reorientar essa produção para o plantio da pupunheira, espécie mais produtiva e de mais fácil manejo. Se os grandes laboratórios multinacionais vão começar a investir pesado na produção de medicamentos obtidos da biotecnologia do açaí, acho bom começarem logo as pesquisas de produtividade. Leia mais aqui.

1 Comentário:

Ricardo disse...

Olá, Daniel, como sempre um bom "post" - voltamos à "vaca fria", as pesquisas com derivados da biodiversidade brasileira acontecem em muito maior escala no exterior do que no próprio Brasil.

Ainda me questiono e questiono aos interessados nestas questões, quais seriam as nossas alternativas...

defendo a mesma idéia anterior, isto é, um mega-grupo de trabalho, uma equipe multidisciplinar, integrada em informações, espalhada pelo país, com objetivo único de produzir pesquisa, interesse coletivo e comum à todos.

Abraços - Ricardo