sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

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As Invasões Bárbaras

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Por seu roteiro inteligente, sua abordagem original e criativa, seus diálogos geniais, sua sábia direção, decididamente o melhor de todos os filmes que eu jamais tenha assistido dentro desta temática. As “Invasões Bárbaras” retrata com leveza e inusitado senso de humor o drama pessoal de Remy - professor universitário, mulherengo e cinquentão que está com um câncer terminal –, e, ‘en passant’, questiona com irreverência e um hedonismo clássico, quase epicuriano,  a homossexualidade*, a eutanásia, o holocausto indígena, a globalização, a descriminalização das drogas e valores atemporais como a amizade entre pais e filhos. Já o revi 4 vezes. Imperdível! 

Assisti a esse filme pela primeira vez um ano depois de seu lançamento, por indicação de meu filho mais velho, o Daniel (que há dois anos nos deixou na saudade aqui no trópico húmido pra desenvolver seu doutorado em semiótica e comunicação lá no longínquo Japão).

A produção é canadense, ou melhor, do Quebec, região francófona que há anos se tenta pacificamente tornar independente e onde as histórias são contadas num estilo bem diferente do modelão adotado por hollywood. Recebeu os prêmios de melhor roteiro e de melhor atriz (Marie-Josée Croze) no Festival de Cannes e concorreu à Palma de Ouro em 2003, ano de seu lançamento. 

Fiquei tão bem impressionado que já o revi 4 vezes. E em cada uma delas descobri novos sentidos, novos significados, tal a riqueza dos diálogos contidos numa história simples - porém com vários planos de compreensão superpostos -, história que se repete milhares de vezes pelo mundo afora a cada ano. Não me consta que tenha estado no circuito comercial aqui em Manaus. Doença, de uma maneira geral, não era uma palavra constante no meu vocabulário nessa época. Mas foi mais ou menos por aí que o linfoma começou sua tentativa silenciosa e até aqui fracassada de invadir meu corpo.

Em sua camada mais evidente As Invasões Bárbaras retrata com leveza e inusitado senso de humor o drama pessoal de Remy, professor de história universitário, divorciado, mulherengo e cinquentão que está com um câncer terminal. Internado num hospital público ele espera a volta de seu filho, Sebastian, chamado pela mãe, operador da Bolsa de Valores em Londres e com o qual há muito não tem diálogo por causa do confronto entre ideologias divergentes. 

Apesar disso, Sebastian faz de tudo para amenizar os últimos dias do pai. O filme não é brasileiro, mas mostra uma realidade parecida: pacientes em macas em corredor de hospital, estatização, polícia corrupta, pois o Quebec, mesmo não sendo uma região de um país latino, faz parte da chamada América Católica. Correndo contra o tempo ele suborna o sindicato corrupto e a direção do hospital para melhorar as condições da internação e compra heroína para aliviar a dor do pai, sob o olhar complacente da polícia. Chega até a pagar alguns alunos para lhe irem fazer visita no hospital.


Depois consegue uma casa de campo emprestada para instalar o pai em seus últimos dias, onde  reune uma animada turma de amigos e parentes mais próximos, composta por professores, um casal gay, antigas amantes e a ex-mulher de Remy, que o acompanham até seus últimos minutos. - Uma farra apocaliptica, pelo menos para Remy! 

*(desculpem, mas se agora o correto é homoafetividade, para “desvincular o caráter meramente sexual da relação”, não deveríamos, então, empregar heteroafetividade com a mesma intenção?)

Aproveite “As Invasões Bárbaras

3 Comentários:

Edson Leite disse...

Olá Daniel,
A sua sinopse do filme me instigou a procurá-lo por aqui, coisa que o farei o mais rapidamente possível tamanha a minha curiosidade pelo enredo.
Fico contente por estar bem.
Abraços,

daniel disse...

Edson,o link está no fim do post. vc vai gostar muito deste filme.

Sandra disse...

O amor é a resposta para amaioria dos males que nos aflige.Apenas um pouco,Amar! Essa é aforma de todas as pessoas evoluirem. Esse filme de diálogo maduro entre pessoas maduras e sem preconceitos,passa uma mensagem muito bonita! É de fundamental importância para quem se encontra numa situação como essa, receber atenção, calor humano,Amor! É disso que a humanidade precisa, dar e receber! As dores seriam mais amenas. Assisti com meu amor e gostei muito.