sábado, 27 de agosto de 2011

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Depoimento: jornalista conta como consegue superar a quimioterapia e as cirurgias com bom humor

Diagnosticado em 2009 com um tumor no intestino, o jornalista Claudio Feldens não se deu por vencido e continuou na luta. Venceu a primeira batalha. Um ano depois, a surpresa. Novos tumores indicavam mais aparições do câncer, desta vez no pulmão e no fígado. Mesmo assim, Claudio não se deixou abalar: “O apoio da minha mulher e das minhas filhas é fundamental para levar essa situação com confiança e até bom humor. Falei que ia escrever um livro e alguém me sugeriu um título digno de noticiário policial: Pegaram o cara errado!". Veja o depoimento:

“Se tem médico direto e objetivo, que não enrola a gente, é o oncologista. Eu, pelo menos, só conheci desse tipo. Tive uns sangramentos intestinais e o médico me mandou fazer uma colonoscopia. Quando alguém disser que você tem pólipos no intestino, desconfie que já pode ser adenoma. E se disserem que você tem adenomas, fique cabreiro porque já pode ser carcinoma.

No meu caso, o exame mostrou um tumor enorme, com 8 cm de comprimento e tomando quase todo o tubo intestinal, na região de junção entre o cólon e o reto. As primeiras biópsias indicaram que se tratava de adenoma, isto é, um tumor benigno, pré-cancerígeno. Mas o cirurgião do Hospital Erasto Gaertner, que é referência no tratamento de câncer, foi enfático: ‘tem cara de leão, juba de leão, garra de leão e estão me dizendo que é um gatinho? Tem que operar e é logo’.

Dá um ‘cagaço’ na gente. Mas, ao mesmo tempo, percebemos que, se tem que operar, tem que operar. E vamos para a faca. Foi tirado um pedaço de 20 cm do intestino, 5 cm além das bordas do tumor. De fato, a biópsia da peça retirada demonstrou que era um adenocarcinoma, isto é, um tumor maligno, e que um dos oito linfonodos retirados do entorno estava contaminado. Ou seja, já havia processo metastático.

Metástase! Quantas vezes ouvimos as pessoas falarem que ‘fulano não tem mais volta, está com metástase’. Pois eu estava com metástase, e a solução era fazer quimioterapia. Não havia indicação para radioterapia. Foi me colocado um cateter subcutâneo no peito e começaram as sessões. Eram três horas na clínica e mais 48 com uma bombinha que a gente carrega em uma pochete. Nessa primeira série deveria fazer 12 aplicações, mas acabei fazendo 11 – uma a cada 15 dias.

A quimioterapia que eu fiz não derruba cabelo, mas dá um enjoo danado e alguma diarreia. Como eles dão um anti-hemético (remédio para não enjoar) concomitantemente com a aplicação, a gente sai de lá meio que sob controle. Mas depois os enjoos voltam, e então a gente tem que tomar, pela ordem, Plasil, Vonau ou Nausedron. Tem vezes que o Plasil não segura a barra, então se usa os outros dois. Só que o Nausedron é muito caro...

Mas como encarar a químio? No meu caso, saio da clínica e vou trabalhar. Confesso que ficar vendo letrinhas no computador muitas vezes potencializa o enjoo, mas acho melhor enfrentar essa parte ocupado, em vez de ficar em casa vendo a ‘Sessão da Tarde’. No começo, a bombinha me atrapalhava um pouco, mas depois me acostumei.

De uma maneira geral, fico enjoado até o fim do segundo dia; no terceiro, quando tiro a bombinha, já está tudo bem, e daí em diante fico bem até a próxima químio. Bem mesmo: como de tudo, inclusive carne, e só não tomo uma cervejinha porque o médico proíbe.

A primeira cirurgia foi em outubro de 2008 e fiz químio até junho de 2009. Ficou tudo bem até agosto de 2010, quando apareceram dois nódulos no pulmão – um dos órgãos para onde vai o adenocarcinoma. Era, portanto, uma metástase. Fiz a segunda circurgia, e em janeiro de 2011 voltaram as aplicações, com um produto diferente, o Camptosar, que piorou os quadros de enjoo. Abandonei o Plasil e fiquei com o Vonau, mas mesmo assim tem vezes que não dá para segurar o vômito. Mas as crises duram só dois ou três dias, e eu continuei trabalhando nos dias de aplicação. Nunca deixei de trabalhar por causa dela.

Bem. No meio desse ciclo de tratamento, apareceram nódulos no fígado – mais uma manifestação metastática. Então o médico entrou com um medicamento novo, o Erbitux, além de tudo o que eu já fazia. Esse Erbitux enche o dorso e o rosto da gente de espinhas, mas um antibiótico leve ajuda a controlar as erupções.

Agora voltou a aparecer um nódulo no pulmão, e os do fígado estão iguais ao exame anterior: não aumentaram nem diminuíram. Se tiver que operar de novo, o pulmão ou o fígado – ou os dois – não haverá nenhum problema. Corto numa boa. E já sei que vou continuar com quimioterapia, o que não me intimida nem um pouco. É um mal que vem para bem, logo...”

Fonte aqui. Ilustração do Googleimages

2 Comentários:

Jú Carelli disse...

Daniel querido!!!
Mais uma vez passo para parabenizá-lo pela matéria maravilhosa que compartilha conosco nessa postagem...
Realmente um exemplo de superação...
Obrigada pelo teor informativo do seu Blog.
Fique com Deus!!!
Beijos

O SOL do amanhã... disse...

É disso que a gente precisa...pessoas guerreiras que não desistem fácil de viver e ser feliz...que venha os leões porque nós somos os domadores!!!
Adorei seu blog, passo a te seguir agora...