quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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De novo a CPMF, agora disfarçada de CSS

Os jornais noticiaram ontem que em reunião do Conselho Político, a presidente observou que a Emenda 29, que fixa porcentuais mínimos para investimento na saúde pública, só pode ser aprovada se houver novos recursos. O presidente da Câmara Federal já se manifestou e pretende programar a votação da emenda para o dia 28 de setembro. A mensagem não poderia ser mais clara, e “novos recursos” deve ser traduzido como ressuscitar a famigerada CPMF - aquele imposto criado como provisório e banido na era Lula pela sociedade organizada, a qual já demonstrou inequivocamente que não o deseja de volta. Mas os políticos nunca se conformaram com a perda  dessa galinha dos ovos de ouro. Chega!

Por Jaime Leitão

O governo e os seus líderes no Congresso dão uma volta aqui, outra ali e retornam ao mesmo lugar. Circulam como quem não quer nada querendo tudo. O que eles pretendem mesmo é recriar a famigerada CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) com outro nome: CSS (Contribuição Social para a Saúde).

O nome é bonito, mas é inaceitável criar mais um imposto, taxando todas as operações financeiras, sem que tenhamos certeza de que os seus recursos serão aplicados na saúde. Quer dizer, é mais fácil acreditar em duendes e mula sem cabeça do que na aplicação desses recursos em um setor tão carente deles.

Durante os anos em que existiu a CPMF, a saúde no Brasil continuou maltratada, com os hospitais públicos atendendo, na sua maioria, muito mal os seus pacientes. Por que agora será diferente? Agora estão bem intencionados? Por que não estavam antes?

E já pagamos impostos demais, em quantia mais do que suficiente para atender às necessidades da saúde, educação e segurança.

 O fundamental é evitar que esses recursos que já existem sejam extraviados para onde nunca deveriam ir. Por mais impostos que sejam criados, as nossas maiores carências não serão aplacadas enquanto houver desvios.

Cenas tenebrosas vemos pela televisão: mulheres grávidas em trabalho de parto sendo rejeitadas em hospitais e maternidades públicas, algumas morrendo ou perdendo os seus filhos porque ficaram rodando horas na ambulância sem receber a assistência devida.

Inúmeras escolas têm falta de professores, e a qualidade do ensino muitas vezes é tão baixa que promove o aluno para a série seguinte sem que ele consiga fazer contas elementares ou entender um texto tão elementar quanto.

Não se suporta mais ouvir a expressão: “aumento de impostos”. Pelo contrário, o caminho deve ser o inverso: “diminuição urgente de impostos” e “melhoria na qualidade dos serviços prestados à população”.

Nada de CPMF, CSS ou qualquer tipo de contribuição que queiram nos enfiar goela abaixo. Pelos impostos que pagamos, deveríamos ter acesso a uma saúde pública de primeiríssima e a uma educação pública também excelente. Mas não! Os impostos que pagamos vazam por dutos invisíveis. E isso nos torna reféns de políticas obscuras que nunca chegam à transparência e à luz. Até quando pagaremos por camarão e receberemos ovo frito no prato? Gato por lebre, sardinha por lagosta, coxão duro por filé mignon? Pagamos em ouro e recebemos lata. Estou mentindo? A realidade está aí para provar que não.

O que gastamos em impostos é suficiente para suprir as necessidades básicas de toda a população. Mas isso não se dá porque a rota dos recursos segue um percurso cheio de atalhos. E nesses atalhos grande parte deles some para sempre. Com novos impostos, o destino será o mesmo.

Fonte aqui. Ilustração do Googleimages e editorial pelo autor do blog.

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