Rabdovirus em uma célula
epitelial de peixe
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Essencialmente, o câncer é o crescimento descontrolado
das células. As células são afetadas por vírus. Um vírus poderia infectar
células cancerosas? Sim, de acordo com a descoberta dos pesquisadores de Yale. Liderados
pelo dr. Anthony Van Den Pol, eles usaram o vírus da estomatite vesicular como uma arma contra as células cancerosas. Os
resultados demonstraram que o procedimento poderá ser util para combater um
tipo de câncer encontrado principalmente em crianças e adultos jovens, o
sarcoma. As descobertas serão relatadas na edição de setembro de 2011 do Journal of Virology.
Sarcomas de tecidos
moles são cânceres que se desenvolvem em tecidos que conectam, suportam ou envolvem
outras estruturas e órgãos do corpo. Músculos, tendões, tecidos fibrosos,
gordura, vasos sanguíneos, nervos e tecidos sinoviais são tipos de tecidos moles.
Embora relativamente raros em adultos, eles representam aproximadamente 15% das
neoplasias malignas pediátricas e resultam na morte de aproximadamente um terço
dos pacientes dentro de cinco anos do diagnóstico.
Para alguns tipos de
câncer, a cirurgia pode ser uma opção perigosa. Entre eles, o câncer no
cérebro. A fragilidade do órgão, além do risco e da dificuldade de se chegar
aos tumores em regiões profundas do cérebro podem impossibilitar a cirurgia. A
quimioterapia e a radioterapia podem ser as únicas opções no tratamento do
câncer no cérebro. Esses tratamentos geralmente prolongam a vida de um paciente
com esse tipo de câncer por alguns meses.
O vírus da estomatite
vesicular (VSV) é um rabdovirus da mesma família do vírus da raiva e causa uma
doença semelhante à febre aftosa em bovinos. Uma pesquisa recente descobriu que
o vírus também é oncolitico, o que significa que procura e destrói tumores
cancerígenos. Estudos anteriores já indicavam o VSV como promissor no
tratamento de tumores cerebrais em ratos.
Neste estudo, os
pesquisadores investigaram o potencial do VSV e uma versão melhorada oncoliticamente
do vírus (VSV-rp30a) para efetivamente alvejar e matar 13 sarcomas diferentes.
Ambos os vírus, de forma eficiente infectaram e mataram 12 dos sarcomas. A
resistência do sarcoma de um sobrevivente foi finalmente superada por
pré-tratamento com compostos que antagonizam a sinalização do interferon, uma proteína produzida
pelo organismo para defendê-lo de agentes externos como vírus, bactérias e
células de tumores.
Além disso, eles observaram
a capacidade do VSV-rp30a para infectar e impedir o crescimento do tumor em
ratos.
Nos
testes de laboratório, os pesquisadores de Yale usaram camundongos infectados
com o câncer de cérebro e transplantaram tecido não canceroso do cérebro humano
para o cérebro dos camundongos. As células cancerosas foram identificadas com
proteínas fluorescentes, assim como o vírus injetado nos camundongos. Isso deu
aos pesquisadores uma visão clara do processo: o vírus atacou as células
cancerosas, acabando com o tumor no prazo de três dias [fonte: Sociedade de Neurociência
(em inglês)].
Os estudos de Yale também mostraram outro aspecto
importante. Como progrediu sozinho pelo cérebro dos camundongos, o vírus matou
somente as células cancerosas e deixou intactas as células não cancerosas do
tecido dos próprios camundongos, assim como do tecido transplantado das
amostras humanas.
Estrutura de um rabdovirus típico
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"Uma única
injeção intravenosa de VSV-rp30a infectou seletivamente todos os sarcomas humanos
subcutâneos testados em camundongos e evitou o crescimento de tumores que, de
outra forma cresceriam 11 vezes", dizem os pesquisadores. "No geral,
achamos que a eficácia potencial do VSV como um agente oncolítico estende-se a tumores
mesodérmicos não-hematológicos, e que a resistência invulgarmente forte à ação
do VSV pode ser superada com atenuadores de interferon."
Traduzido de sciencedaily.com,
com conteúdo acrescido de comotudofunciona.
Editorial pelo autor do blog. Fonte das
ilustrações: Microbiologia
e Inmunologia On-line
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