terça-feira, 30 de agosto de 2011

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Virus contra o câncer

Rabdovirus em uma célula epitelial de peixe
Essencialmente, o câncer é o crescimento descontrolado das células. As células são afetadas por vírus. Um vírus poderia infectar células cancerosas? Sim, de acordo com a descoberta dos pesquisadores de Yale. Liderados pelo dr. Anthony Van Den Pol, eles usaram o vírus da estomatite vesicular  como uma arma contra as células cancerosas. Os resultados demonstraram que o procedimento poderá ser util para combater um tipo de câncer encontrado principalmente em crianças e adultos jovens, o sarcoma. As descobertas serão relatadas na edição de setembro de 2011 do Journal of Virology.

Sarcomas de tecidos moles são cânceres que se desenvolvem em tecidos que conectam, suportam ou envolvem outras estruturas e órgãos do corpo. Músculos, tendões, tecidos fibrosos, gordura, vasos sanguíneos, nervos e tecidos sinoviais são tipos de tecidos moles. 

Embora relativamente raros em adultos, eles representam aproximadamente 15% das neoplasias malignas pediátricas e resultam na morte de aproximadamente um terço dos pacientes dentro de cinco anos do diagnóstico.

Para alguns tipos de câncer, a cirurgia pode ser uma opção perigosa. Entre eles, o câncer no cérebro. A fragilidade do órgão, além do risco e da dificuldade de se chegar aos tumores em regiões profundas do cérebro podem impossibilitar a cirurgia. A quimioterapia e a radioterapia podem ser as únicas opções no tratamento do câncer no cérebro. Esses tratamentos geralmente prolongam a vida de um paciente com esse tipo de câncer por alguns meses.

O vírus da estomatite vesicular (VSV) é um rabdovirus da mesma família do vírus da raiva e causa uma doença semelhante à febre aftosa em bovinos. Uma pesquisa recente descobriu que o vírus também é oncolitico, o que significa que procura e destrói tumores cancerígenos. Estudos anteriores já indicavam o VSV como promissor no tratamento de tumores cerebrais em ratos.

Neste estudo, os pesquisadores investigaram o potencial do VSV e uma versão melhorada oncoliticamente do vírus (VSV-rp30a) para efetivamente alvejar e matar 13 sarcomas diferentes. Ambos os vírus, de forma eficiente infectaram e mataram 12 dos sarcomas. A resistência do sarcoma de um sobrevivente foi finalmente superada por pré-tratamento com compostos que antagonizam a sinalização do interferon, uma proteína produzida pelo organismo para defendê-lo de agentes externos como vírus, bactérias e células de tumores.

Além disso, eles observaram a capacidade do VSV-rp30a para infectar e impedir o crescimento do tumor em ratos.

Nos testes de laboratório, os pesquisadores de Yale usaram camundongos infectados com o câncer de cérebro e transplantaram tecido não canceroso do cérebro humano para o cérebro dos camundongos. As células cancerosas foram identificadas com proteínas fluorescentes, assim como o vírus injetado nos camundongos. Isso deu aos pesquisadores uma visão clara do processo: o vírus atacou as células cancerosas, acabando com o tumor no prazo de três dias [fonte: Sociedade de Neurociência (em inglês)].

Os estudos de Yale também mostraram outro aspecto importante. Como progrediu sozinho pelo cérebro dos camundongos, o vírus matou somente as células cancerosas e deixou intactas as células não cancerosas do tecido dos próprios camundongos, assim como do tecido transplantado das amostras humanas.

Estrutura de um rabdovirus típico
"Uma única injeção intravenosa de VSV-rp30a infectou seletivamente todos os sarcomas humanos subcutâneos testados em camundongos e evitou o crescimento de tumores que, de outra forma cresceriam 11 vezes", dizem os pesquisadores. "No geral, achamos que a eficácia potencial do VSV como um agente oncolítico estende-se a tumores mesodérmicos não-hematológicos, e que a resistência invulgarmente forte à ação do VSV pode ser superada com atenuadores de interferon."

Traduzido de sciencedaily.com, com conteúdo acrescido de comotudofunciona. Editorial pelo autor do blog. Fonte das ilustrações: Microbiologia e Inmunologia On-line

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