Pesquisadores da Universidade da Pennsylvania School
of Medicine podem ter encontrado
uma maneira de transformar uma resposta adaptativa celular em uma vulnerabilidade para derrotar células
cancerosas. Quando as células normais sofrem privação de nutrientes, elas
digerem as proteínas existentes e membranas para permanecerem vivas. As células
cancerosas têm recorrido a esse processo, chamado autofagia, para sobreviver quando se esgotam os nutrientes e para
escapar da morte após os danos da quimioterapia e de outras fontes. Quando os
investigadores trataram um grupo de pacientes portadores de diversos tipos de
câncer avançado com temsirolimus, um
medicamento-alvo molecular contra o câncer, que bloqueia a absorção de
nutrientes, combinado com a hidroxicloroquina,
uma droga antimalária que inibe a autofagia, viram que os tumores pararam de
crescer em dois terços dos pacientes.
“Os resultados são
muito encorajadores - impressionante, mesmo”, diz o autor sênior Ravi
Amaravadi, MD, professor assistente de Medicina no Abramson Cancer Center, vinculado
à Pennsylvania School of Medicine “O
temsirolimus, isoladamente, tem pouco efeito nesta população de pacientes. Os
tumores riem dele, com percentuais de resposta de zero a 5 por cento. Mas,
combinando-o com a hidroxicloroquina, descobrimos que 14 dos 21 pacientes
mantiveram a doença estável após o tratamento, incluindo cinco dos seis
pacientes com melanoma.”
Além de melanoma,
outros dos pacientes envolvidos no estudo apresentavam câncer de cabeça, colo e
pescoço, mama, gastro-esofágico, próstata, pâncreas, pulmão e câncer renal.
Além dos pacientes apresentarem taxas substanciais de estabilização da doença
com a combinação destas duas drogas, os investigadores relatam que os efeitos
colaterais observados foram relativamente limitados, mais comumente restritos a
feridas na boca, perda de peso, náuseas e fadiga.
O grupo de
pesquisadores foi capaz de ver a evidência da inibição da autofagia em células
do sangue periférico em pacientes tratados com esta combinação, e verificaram
que a inibição aumentou com doses crescentes de hidroxicloroquina.
Dada a grande
proporção de pacientes com melanoma que se beneficiaram desta combinação no
grupo inicial de pacientes, os pesquisadores estão registrando atualmente um
adicional de mais 12 pacientes em um grupo de expansão, com a dose de 1200 mg
de hidroxicloroquina. Eles também estão esperançosos de que esta combinação de
drogas também seja útil em pacientes com câncer de cabeça, pescoço e mama.
Derivado da vitamina A pode inibir formas
iniciais do câncer de mama
Uma substância encontrada na cenoura e na batata-doce
pode revelar-se fundamental para combater o câncer de mama em estágios
iniciais, segundo um novo estudo realizado por investigadores do Fox Chase Cancer Center. Sandra
Fernandez, PhD, professora assistente de pesquisa desta instituição, estará
apresentando os resultados deste trabalho na 102a reunião anual da American Association Cancer for Reserch-AACR, nesta terça-feira, 5 de abril. Este encontro, aberto no
último sábado no Centro de Convenções Orange County, em Orlando,
Flórida, com encerramento previsto para amanhã, reúne
anualmente há mais de um século toda a comunidade científica, políticos,
entidades, empresas, envolvidos na luta contra o câncer.
O ácido
retinóico, um derivado da vitamina A, poderá ser uma terapia promissora contra o
câncer, pois afeta o crescimento, a proliferação e a sobrevivência celular. Neste
momento, sua eficácia está sendo testada em vários ensaios clínicos. Neste
estudo, Sandra Fernandes e seus colegas apontam os aspectos críticos do modo de
ação do ácido retinóico - o que pode representar um avanço potencialmente
importante no desenvolvimento de tratamentos eficazes para os pacientes.
Para identificar as
condições específicas em que o ácido retinóico inibe e até reverte o
crescimento de massas anormais na mama, os pesquisadores desenvolveram um
sistema de cultura composto de quatro linhagens de células que representam
diferentes fases do câncer: a) células normais, como as células da mama humana,
b) células transformadas (que dão origem a massas sólidas em função da
exposição a agentes cancerígenos), c) células invasoras (que são capazes de
quebrar as barreiras do tecido do peito e se espalhar para outras partes do
corpo) e d) células tumorais (que se formam quando as células invasoras são
injetadas na gordura mamária de camundongos e apresentam todas as
características das células cancerosas totalmente malignas da mama).
Os resultados sugerem
que o ácido retinóico pode deter a progressão do tumor no início, mas não em
estágios mais adiantados. "Não parece haver nenhuma maneira de reverter os
tumores com ácido retinóico, quando eles se tornam muito avançados", diz
Fernandez.
Contestada eficácia do controle médico
contra câncer de próstata
O controle médico reduz de maneira pouco significativa as
mortes por câncer de próstata, segundo um estudo do Instituto Karolinska, de Estocolmo, que foi publicado pelo British Medical Journal em sua
última edição. A pesquisa, que se estendeu durante um período de 20 anos,
destaca também que "há um risco considerável de excesso de
tratamento" no caso de homens sem problemas médicos.
O câncer de próstata é
um dos mais comuns entre pessoas do sexo masculino no mundo todo, e as revisões
médicas são a prática rotineira para a detenção adiantada da doença. As
conclusões do estudo se baseiam em um teste clínico que começou na Suécia em
1987 com 9.026 homens de 50 e 69 anos, dos quais 1.494 foram escolhidos ao
acaso para serem submetidos a um controle médico com consultas a cada três anos
entre 1987 e 1996.
Os outros 7.532 não
receberam um atendimento preventivo específico e fizeram as vezes de
"grupo de controle", com o qual posteriormente se compararam os
resultados do teste. Em 1987 e em 1990, as consultas consistiram unicamente em
um exame de toque retal, mas a partir de 1993 foi combinada com um teste
antigênico específico da próstata (PSA).
Em 31 de dezembro de
1999, foi feito um acompanhamento específico dos homens que tinham sido
diagnosticados com câncer, e em 31 de dezembro de 2008 foi determinada sua taxa
de sobrevivência. No caso do grupo de acompanhamento, foram diagnosticados 85
casos (5,7%) de câncer de próstata, enquanto no grupo de controle, 292 (3,9%).
Os tumores no
primeiro grupo eram menores e mais localizados, mas o estudo não mostrou que
houve uma diferença significativa na taxa de sobrevivência entre um grupo e o
outro.
"Após 20 anos, a taxa de mortes por câncer de próstata não diferiu
de maneira significativa entre homens no grupo de acompanhamento e homens do
grupo de controle", afirma o texto publicado no BMJ.
Os autores acreditam
que, embora as revisões e o tratamento de homens com tumores detectados possam
reduzir até em um terço as mortes no caso específico do câncer de próstata,
existe também o risco que uma excessiva preocupação por um diagnóstico rápido
se traduza em tratamentos "excessivos ou prejudiciais".
Os pesquisadores
também defendem que o próximo desafio nesse campo deveria ser encontrar a
maneira de distinguir os "tumores indolentes" (de crescimento lento)
dos de crescimento rápido, e desenvolver tratamentos menos invasivos para os
primeiros.
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