Milhões
de pacientes de câncer em todo o mundo poderão em breve ser beneficiados com tratamentos
personalizados mais eficazes para a sua doença, graças à evolução no
entendimento da biologia do câncer, segundo declaração de pesquisadores desta
matéria no Simpósio organizado pela Sociedade Européia de Oncologia Médica (ESMO),
em Nice, semana passada. No entanto, para aproveitar ao máximo essa
transformação, governos, empresas farmacêuticas e médicos precisam urgentemente
se adaptar a maneira como as novas drogas serão
desenvolvidas e produzidas.
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ara os
pesquisadores, a terapia do câncer experimenta, sem dúvida, o momento mais emocionante
de sua história. "Estamos na confluência de dois novos movimentos: um,
para a medicina personalizada e outro, em direção ao uso de novas terapêuticas,
molecularmente orientadas, que exploram a assinatura genética e molecular do
tumor. Estes movimentos despertam muitos desafios, mas também a oportunidade
para fazer mudanças de paradigma na nossa forma de pensar e de tratar o câncer",
afirmou José Baselga, do MGH Cancer Center, de
Boston, EUA.
Tratamentos
personalizados têm se tornado cada vez mais disponíveis para o câncer na última
década. Isso contribuiu para que se descobrisse que os tumores comuns, tais
como o câncer de mama, são, na verdade, uma mistura de vários tipos de doenças
com distintas características moleculares. Enquanto isso, as drogas alvo
molecular, que inibem alvos moleculares específicos envolvidos em alguns tipos
de câncer, também têm sido desenvolvidas.
"A medida que
nossa compreensão da biologia do câncer se desenvolve, esses tipos de
tratamentos personalizados devem se tornar mais disponíveis para vários outros
tipos de câncer", disse Fabrice André, porta-voz do Institut Gustave
Roussy, na França. "Se queremos facilitar a implementação
deste tipo de medicina personalizada, então precisamos urgentemente desenvolver
novas estratégias para o desenvolvimento de medicamentos contra o câncer."
Em particular, é
hora de repensar se o modelo-padrão de testes de novas drogas em grandes
estudos clínicos de fase III continuará sendo eficaz para testar essas drogas, que
inibem alvos moleculares específicos envolvidos em alguns tipos de câncer,
direcionados aos pacientes, questionam os pesquisadores.
Os processos de
regulamentação estão cada vez mais restritivos ao acesso dos doentes aos novos
medicamentos potencialmente inovadores, pois até os grandes ensaios geralmente
envolvem apenas uma pequena parcela da população de doentes de câncer, e também
porque o processo de desenvolvimento de medicamentos consome muitas vezes mais
de uma década, desde o primeiro estudo pré-clínico.
Isso está
relacionado ao fato de que para a aprovação de uma nova droga geralmente são necessários
grandes ensaios de confirmação, normalmente feitos em uma população não
selecionada. O momento atual, pelo contrário, impõe a necessidade de estudos
menores, com a seleção de pacientes alvo em ensaios clínicos de menor duração
"Num futuro
próximo, as decisões de tratamento do câncer serão baseadas na biologia", afirma
Jean-Charles Soria, do Institut Gustave
Roussy. "É fundamental que médicos oncologistas tenham as habilidades
e o conhecimento para trazer esses avanços para seus pacientes. A oncologia do futuro
será personalizada, e a medicina e a comunidade precisam discutir como isso
será implementado.”
Traduzido e comentado de medicalnewstoday.com
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