O primeiro estudo consistente da abordagem emocional no tratamento do câncer foi de autoria do oncologista Carl Simonton, da sua mulher, a psicóloga Stephanie Matthews-Simonton, já falecida, e de James Creighton, nos anos 70. Se os resultados obtidos se devessem a qualquer agente da hightech aplicado à medicina, até hoje a notícia estaria reverberando na mídia, e as indústrias produtoras de remédios e de material cirúrgico-hospitalar estariam se digladiando para conseguir o monopólio da sua fabricação. Não obstante estas evidências, os idiotas da objetividade da comunidade médico-científica rejeitaram as conclusões dos autores, desqualificando a metodologia empregada e, inclusive, distorcendo suas afirmações.
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Os investigadores trabalharam exclusivamente com doentes terminais, isto é, clinicamente incuráveis, nos quais a sobrevida estimada pelas normas americanas era de até 12 meses. Dividiram-nos randomizadamente em dois grupos, para reduzir as interferências do acaso. O grupo controle recebeu apenas o tratamento convencional indicado, enquanto que o grupo em estudo, além do tratamento médico apropriado, submeteu-se a sessões de relaxamento e visualização dirigida.
A comparação dos resultados entre os dois grupos foi surpreendente. Até a publicação destes dados, os pacientes do grupo em estudo já tinham sobrevivido, em média, o dobro do grupo controle. Mesmo os que morreram, chegaram a viver uma vez e meia a mais do que os pacientes que somente receberam o tratamento convencional! Além disto, a qualidade de vida, expressa pela capacidade física e de trabalho, pela freqüência e intensidade de sintomas como dor, ansiedade/depressão, melhorou na quase totalidade dos pacientes que tiveram as sessões de “abordagem emocional” associadas ao tratamento médico indicado.
Os Simontons e Creighton nunca disseram que o paciente era conscientemente responsável – e muito menos, culpado – pela sua doença, e jamais recomendaram a substituição do tratamento convencional do câncer pela abordagem MenteCorpo. Da mesma forma, nunca afirmaram que tal abordagem era uma garantia para a cura da doença. Quanto à acusação de que levavam “falsas esperanças” aos doentes, pensamos que frente a uma situação de tantas incertezas – principalmente quando a medicina tradicional declara que nada mais resta a fazer –, levar esperança aos pacientes é mais do que uma boa idéia.
O trabalho mais impressionante sobre a influência da mente na evolução do câncer é de David Spiegel, professor associado de psiquiatria da Stanford University. Spiegel admitia que os grupos de apoio sociais contribuíssem para melhorar a qualidade de vida de mulheres com câncer de mama avançado, mas não acreditava que tivessem qualquer influência sobre a evolução da doença. E, para comprovar sua tese, dividiu aleatoriamente em dois grupos mulheres com câncer de mama metastático e/ou recidivante. Todas as participantes da investigação receberam o tratamento convencional apropriado.
As pacientes do grupo em estudo se reuniram, adicionalmente, em sessões de 90 minutos, semanalmente, durante um ano. Nestas sessões, elas expressavam livremente as suas emoções, como o medo da morte, da dor, do sofrimento, da solidão, da tristeza e da raiva.
Elas sabiam que iam morrer. Para muitas delas estas reuniões eram o único ambiente em que isto era possível, devido às dificuldades para tal no âmbito familiar, social e profissional. Além disto, Spiegel ensinou-lhes a auto-hipnose ericksoniana, que praticavam ao final de cada sessão e em casa.
No fim da pesquisa o autor observou, como esperava, que as mulheres que se reuniam mostraram melhor qualidade de vida do que as do grupo controle: mais otimistas, mais alegres, menos ansiosas/deprimidas, menor uso de drogas para combater a dor.
Dez anos depois, ao rever o material da pesquisa, Spiegel defrontou-se com resultados para os quais não estava preparado, e que mudaram drasticamente a sua vida pessoal e as suas linhas de investigação. É isto mesmo, perspicaz leitor: as mulheres que se reuniram viveram o dobro das que somente receberam o tratamento convencional, o que até hoje não foi possível com o uso de qualquer remédio, cirurgia, radio ou quimioterapia!
Sem acreditar no que vira, Spiegel enviou seu trabalho, pedindo a renomados cientistas que encontrassem qualquer falha. Não conseguiram, apesar de estudarem profundamente o assunto durante quatro anos. E não se tratava de pacientes com câncer de mama em estágio inicial, localizado. Não, eram portadoras de câncer avançado.
Desde 1989, a publicação da pesquisa de David Spiegel motivou outros investigadores a usar abordagem semelhante, não só em portadoras de câncer de mama, como também de melanomas, AIDS, leucemias e linfomas, com resultados comparáveis e muito animadores. No estado atual da arte parece cada vez mais realista a hipótese de que viver melhor pode significar viver mais, como demonstrado em estudos prévios ou subseqüentes ao de Spiegel em praticamente todas as doenças graves, como as cardiovasculares, diabetes, artrites e disfunções sexuais, entre tantas e tantas outras.
Para concluir, referendo as palavras de Daniel Goleman, PhD pela Universidade de Harvard: “mesmo que a abordagem MenteCorpo não prolongasse um só dia a vida dos pacientes com câncer (e de qualquer doença grave, acrescento), seria falta de ética deixar de incluí-los em programas semelhantes”, associados à terapia convencional.
1 Comentário:
O conteudo já era bom, com o novo visual ficou melhor ainda,os posts assim têm mais destaque e fica mais fácil pra ler, mais enxuto.Abraço e parabens!
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