Irreverente, debochado, incisivo, iconoclasta, eclético,
genial, poeta, maldito, criativo....Faltam adjetivos para tentar defini-lo. Francisco
José Itamar de Assumpção tinha uma música, uma arte, que não podia ser
enquadrada, classificada segundo padrões de uma estética, ou de uma época.
Ele era o
novo, a síntese, desde que surgiu no
cenário musical de São Paulo, trazendo na bagagem a experiência das primeiras
aventuras musicais ainda em Londrina, ao lado do amigo e parceiro Arrigo
Barnabé. No final dos anos 70 ele foi um dos grandes nomes do novo movimento
musical pós-tropicalista que foi batizado de Vanguarda Paulistana ao lado de Arrigo Barnabé, Premeditando o Breque,
Grupo Rumo, Língua de Trapo e cantoras como Tetê Espíndola e Vânia Bastos.
Anarquista,
nunca se enquadrou nos esquemas de massificação consumista impostos pela
indústria fonográfica. Preferiu não pagar o preço de sua liberdade criativa, e
há quem diga que o sucesso e a popularidade bateram várias vezes em sua porta,
mas ele nunca abriu.
Abriu, sim, caminho para uma centena de novos
artistas que foram tocados pelos ares libertários de sua individualidade desprendida.
Suas músicas têm nítida influência do guitarrista Jimi Hendrix, com um
sincretismo musical que inclui de samba a rock, passando pelo reggae e pelo funk.
Foi diretamente responsável pela aproximação da poeta Alice Ruiz à Vanguarda
Paulista, quando mostrou ao público os sons dos versos da poeta.
Faleceu aos 53 anos, vítima de câncer no intestino,
em 12 de junho de 2003, quando ainda não se atentava para a importância do
diagnóstico precoce. Viveu à margem da mídia, recusando-se, inclusive, a editar
suas músicas e a fazer parte do que chamava de sistema.
Mais do que um grande compositor, o Brasil perdeu
um gênio, um mito, o cara que tirou a música paulista da mesmice do vácuo deixado
pela passagem do movimento tropicalista dos baianos.
Em um cenário musical monopolizado pela música
sertaneja (nada contra, mas prefiro a diversidade), imagino o espaço possível
para alguém de natureza irrequieta e criativa como Itamar nos dias de hoje.
Ok, Itamar, recebemos e agradecemos.
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sobre Itamar Assumpção
2 Comentários:
Oi pai! Tô longe, mas continuo acompanhando o blog! Já estou em minha última escala, quarta estou por aí!! Bjs
Itamar representa um período de retomada das liberdades democráticas no Brasil, de saída do sufoco imposto pelo Regime militar castrador e repressivo. Devemos muito a ele e a todos que se consumiram à margem da sociedade de consumo dos cartões de crédito para que pudessemos ter a liberdade relativa que temos hoje.
Temos muito que agradecer a ele.
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