A redução
sustentada das taxas de mortalidade geral do câncer se evidencia nos dados que
dão conta de que cerca de 898.000 mortes pela doença foram evitadas entre 1990
e 2007, de acordo com as últimas estatísticas da American Cancer Society. No entanto, o
relatório Cancer Statistics 2011, e a
publicação especializada Cancer Facts
& Figures 2011, revelaram que este progresso não tem beneficiado de
forma igualitária todos os segmentos da população. Uma seção especial do
relatório esclarece que as taxas de morte por câncer em indivíduos com menor
grau de instrução são mais de duas vezes superiores as dos individuos com grau
mais elevado de instrução, e que a detecção desta realidade poderia ter evitado
37% - ou 60.370 - das mortes prematuras por câncer que ocorreram em 2007, em pessoas
com idades entre 25 e 64 anos.
A cada ano, a
Sociedade Americana do Câncer projeta o número de novos casos de mortes por
câncer esperados nos Estados Unidos no ano corrente, e compila os dados mais
recentes sobre a incidência da doença, mortalidade e sobrevivência com base em
dados de incidência do Instituto National do Cancer e demais órgãos de controle
do estado.
Um total de
1.596.670 novos casos e 571.950 mortes por câncer são projetados para este ano nos
EUA. As Taxas de incidência global de câncer entre os homens mantiveram-se
estáveis no período mais recente, após uma queda de 1,9% ao ano de 2001 a
2005; nas mulheres, as taxas de incidência têm diminuido em 0,6% anualmente,
desde 1998.
As taxas de câncer
em geral e de morte, que têm caído desde o início de 1990, continuaram a diminuir
em todos os grupos raciais/étnicos, em homens e mulheres desde 1998, com
exceção das mulheres de etnia índia, entre as quais as taxas permaneceram
estáveis. Afroamericanos e hispânicos mostraram as maiores quedas anuais nas
taxas de morte por câncer durante este período, 2,6% e 2,5%, respectivamente. As
taxas de morte por câncer de pulmão declinaram significativamente em mulheres
após um aumento contínuo desde 1930.
O Cancer
Statistics 2011 é publicado on-line anualmente pelo CA: A Cancer Journal for Clinicians.
Outros destaques do relatório incluem:
Entre os homens, o
câncer de próstata, o de pulmão, brônquios e cólon representam mais da metade
(cerca de 52%) de todos os cânceres diagnosticados. O de próstata responde
sozinho por 29% (240.890) dos casos incidentes no sexo masculino.
OS três tipos mais
comumente diagnosticados entre as mulheres também são os cânceres de mama,
pulmão, brônquios e cólon, o que representa cerca de 53% dos casos de câncer
estimados em mulheres. Isoladamente, só o câncer de mama responderá por cerca
de 30% (230.480) de todos os novos casos esperados entre as mulheres.
A probabilidade de
ser diagnosticado com um câncer invasivo é mais elevada para os homens (44%)
que para as mulheres (38%). Estima-se que cerca de 571.950 norte-americanos vão
morrer de câncer, correspondendo a mais de 1.500 mortes por dia.
A taxa de
mortalidade por câncer de pulmão em mulheres finalmente começou a declinar,
mais de uma década depois do início do declínio entre os homens. Este atraso é atribuido
ao fato de as mulheres terem aderido mais tardiamente ao vício do tabagismo,
entre as quais o hábito de fumar atingiu o apogeu 20 anos mais tarde em relação
aos homens.
Rápidas quedas nas
taxas de incidência do câncer colorretal em grande parte refletem os resultados
das ações recentes de prevenção e triagem, que podem detectar e remover pólipos
pré-cancerosos.
A taxa de
mortalidade geral por câncer diminuiu 1,9% ao ano de 2001-2007 em homens e 1,5%
em mulheres de 2002-2007, em comparação com o declínio menor de 1,5% ao ano no
sexo masculino entre 1993-2001 e de 0,8% ao ano no sexo feminino, entre 1994-2002.
Os relatórios apresentam uma seção especial sobre o impacto da eliminação das disparidades sociais sobre o número de mortes por câncer. O nível de ensino é muitas vezes usado como um marcador de status socioeconômico. Em 2007, a mortalidade por câncer no segmento menos instruido da população foi 2,6 vezes maior do que entre os mais instruidos. Esta disparidade foi ainda maior para o câncer de pulmão, para o qual a taxa de mortalidade foi cinco vezes maior entre os menos escolarizados. As diferenças nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão refletem um gradiente marcante na prevalência do tabagismo por nível de escolaridade: 31% dos homens com 12 ou menos anos de educação são fumantes, comparados com 12% dos graduados universitários e 5% dos homens com pós-graduação.
A seção especial
também estimou o número de mortes potenciais por câncer prematuro que poderiam ter
sido evitadas, na ausência de disparidades socioeconômicas e/ou raciais. Considerando
que se todas as etnias, de todas as faixas socioeconomicas e etárias entre os 25-64
anos tivessem tido o mesmo tratamento que os brancos mais bem instruidos
tiveram no período estudado, 60.370 mortes por câncer prematuro poderiam ter
sido evitadas.
Os relatórios
anuais tornaram-se ferramentas essenciais para os cientistas, especialistas em
saúde pública e formuladores de políticas para avaliar a carga atual do câncer.
Estas estimativas são algumas das estatísticas de câncer mais amplamente citadas
no mundo.
O número esperado
de novos casos de câncer e de mortes devem ser interpretados com cautela, pois
estas estimativas são baseadas em modelos estatísticos e podem variar
consideravelmente de ano para ano. Nem todas as mudanças nas tendências de
câncer podem ser capturadas através de técnicas de modelagem e, por vezes, o
modelo pode ser muito sensível às tendências recentes, resultando em sobre ou
sub estimativas.
Apesar das
limitações, as estimativas da American Cancer Society, do número
de novos casos de câncer e de mortes no ano corrente fornecem estimativas
razoavelmente precisas sobre a carga de novos casos de câncer e mortes nos
Estados Unidos. Tais estimativas ajudarão nos esforços em curso para reduzir o
impacto da doença na saúde pública.
Os norteamericanos
possuem excelentes bancos de dados, que alimentam softwares de tratamento de estatísticas
muito eficientes, que constituem ferramentas poderosas para o entendimento da
evolução dos padrões de incidencia e distribuição do câncer, muito úteis na
adoção de políticas de ações de saude publica, que devem, a meu ver, ser
compartilhadas entre os povos que lutam contra a doença.
Traduzido e
condensado de material publicado em Cancer
Statistics 2011 @ CA: A
Cancer Journal for Clinicians.
Os interessados em ler o extenso relatório na íntegra podem clicar no link
acima.
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