segunda-feira, 20 de junho de 2011

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A Ignorância e a discriminação são cúmplices do câncer

A redução sustentada das taxas de mortalidade geral do câncer se evidencia nos dados que dão conta de que cerca de 898.000 mortes pela doença foram evitadas entre 1990 e 2007, de acordo com as últimas estatísticas da American Cancer Society. No entanto, o relatório Cancer Statistics 2011, e a publicação especializada Cancer Facts & Figures 2011, revelaram que este progresso não tem beneficiado de forma igualitária todos os segmentos da população. Uma seção especial do relatório esclarece que as taxas de morte por câncer em indivíduos com menor grau de instrução são mais de duas vezes superiores as dos individuos com grau mais elevado de instrução, e que a detecção desta realidade poderia ter evitado 37% - ou 60.370 - das mortes prematuras por câncer que ocorreram em 2007, em pessoas com idades entre 25 e 64 anos.

A cada ano, a Sociedade Americana do Câncer projeta o número de novos casos de mortes por câncer esperados nos Estados Unidos no ano corrente, e compila os dados mais recentes sobre a incidência da doença, mortalidade e sobrevivência com base em dados de incidência do Instituto National do Cancer e demais órgãos de controle do estado.

Um total de 1.596.670 novos casos e 571.950 mortes por câncer são projetados para este ano nos EUA. As Taxas de incidência global de câncer entre os homens mantiveram-se estáveis ​​no período mais recente, após uma queda de 1,9% ao ano de 2001 a 2005; nas mulheres, as taxas de incidência têm diminuido em 0,6% anualmente, desde 1998.

As taxas de câncer em geral e de morte, que têm caído desde o início de 1990, continuaram a diminuir em todos os grupos raciais/étnicos, em homens e mulheres desde 1998, com exceção das mulheres de etnia índia, entre as quais as taxas permaneceram estáveis. Afroamericanos e hispânicos mostraram as maiores quedas anuais nas taxas de morte por câncer durante este período, 2,6% e 2,5%, respectivamente. As taxas de morte por câncer de pulmão declinaram significativamente em mulheres após um aumento contínuo desde 1930.

O Cancer Statistics 2011 é publicado on-line anualmente pelo CA: A Cancer Journal for Clinicians. Outros destaques do relatório incluem:

Entre os homens, o câncer de próstata, o de pulmão, brônquios e cólon representam mais da metade (cerca de 52%) de todos os cânceres diagnosticados. O de próstata responde sozinho por 29% (240.890) dos casos incidentes no sexo masculino.

OS três tipos mais comumente diagnosticados entre as mulheres também são os cânceres de mama, pulmão, brônquios e cólon, o que representa cerca de 53% dos casos de câncer estimados em mulheres. Isoladamente, só o câncer de mama responderá por cerca de 30% (230.480) de todos os novos casos esperados entre as mulheres.

A probabilidade de ser diagnosticado com um câncer invasivo é mais elevada para os homens (44%) que para as mulheres (38%). Estima-se que cerca de 571.950 norte-americanos vão morrer de câncer, correspondendo a mais de 1.500 mortes por dia.

A taxa de mortalidade por câncer de pulmão em mulheres finalmente começou a declinar, mais de uma década depois do início do declínio entre os homens. Este atraso é atribuido ao fato de as mulheres terem aderido mais tardiamente ao vício do tabagismo, entre as quais o hábito de fumar atingiu o apogeu 20 anos mais tarde em relação aos homens.

Rápidas quedas nas taxas de incidência do câncer colorretal em grande parte refletem os resultados das ações recentes de prevenção e triagem, que podem detectar e remover pólipos pré-cancerosos.

A taxa de mortalidade geral por câncer diminuiu 1,9% ao ano de 2001-2007 em homens e 1,5% em mulheres de 2002-2007, em comparação com o declínio menor de 1,5% ao ano no sexo masculino entre 1993-2001 e de 0,8% ao ano no sexo feminino, entre 1994-2002.

Os relatórios apresentam uma seção especial sobre o impacto da eliminação das disparidades sociais sobre o número de mortes por câncer. O nível de ensino é muitas vezes usado como um marcador de status socioeconômico. Em 2007, a mortalidade por câncer no segmento menos instruido da população foi 2,6 vezes maior do que entre os mais instruidos. Esta disparidade foi ainda maior para o câncer de pulmão, para o qual a taxa de mortalidade foi cinco vezes maior entre os menos escolarizados. As diferenças nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão refletem um gradiente marcante na prevalência do tabagismo por nível de escolaridade: 31% dos homens com 12 ou menos anos de educação são fumantes, comparados com 12% dos graduados universitários e 5% dos homens com pós-graduação.

A seção especial também estimou o número de mortes potenciais por câncer prematuro que poderiam ter sido evitadas, na ausência de disparidades socioeconômicas e/ou raciais. Considerando que se todas as etnias, de todas as faixas socioeconomicas e etárias entre os 25-64 anos tivessem tido o mesmo tratamento que os brancos mais bem instruidos tiveram no período estudado, 60.370 mortes por câncer prematuro poderiam ter sido evitadas.

Os relatórios anuais tornaram-se ferramentas essenciais para os cientistas, especialistas em saúde pública e formuladores de políticas para avaliar a carga atual do câncer. Estas estimativas são algumas das estatísticas de câncer mais amplamente citadas no mundo.

O número esperado de novos casos de câncer e de mortes devem ser interpretados com cautela, pois estas estimativas são baseadas em modelos estatísticos e podem variar consideravelmente de ano para ano. Nem todas as mudanças nas tendências de câncer podem ser capturadas através de técnicas de modelagem e, por vezes, o modelo pode ser muito sensível às tendências recentes, resultando em sobre ou sub estimativas.

Apesar das limitações, as estimativas da American Cancer Society, do número de novos casos de câncer e de mortes no ano corrente fornecem estimativas razoavelmente precisas sobre a carga de novos casos de câncer e mortes nos Estados Unidos. Tais estimativas ajudarão nos esforços em curso para reduzir o impacto da doença na saúde pública.

Os norteamericanos possuem excelentes bancos de dados, que alimentam softwares de tratamento de estatísticas muito eficientes, que constituem ferramentas poderosas para o entendimento da evolução dos padrões de incidencia e distribuição do câncer, muito úteis na adoção de políticas de ações de saude publica, que devem, a meu ver, ser compartilhadas entre os povos que lutam contra a doença.

Traduzido e condensado de material publicado em Cancer Statistics 2011 @ CA: A Cancer Journal for Clinicians. Os interessados em ler o extenso relatório na íntegra podem clicar no link acima.

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