A oncofertilidade é uma nova
subespecialidade da medicina que tem o objetivo de preservar a fertilidade dos
pacientes que se submetem a quimio ou radioterapia para tratamento de câncer.
Segundo o médico urologista Alberto Stein, a radiação e as drogas utilizadas
nestes casos causa danos às células germinativas, podendo provocar a
subfertilidade ou infertilidade, que podem ser transitórias ou permanentes.
Diante do
diagnóstico de câncer, o desafio é salvar a própria vida. Muitos pacientes,
porém, têm outra preocupação: gerar novas vidas no futuro, ter filhos, algo até
há pouco tempo impensável para quem se submetia à quimioterapia – remédios que
matam as células tumorais, mas que também podem danificar seriamente os
sistemas reprodutivos masculino e feminino. Porém, devido à sofisticação das
técnicas de fertilização, hoje esses tratamentos não significam esterilidade.
Nos Estados Unidos, recentemente, o nascimento de uma menina graças à
conservação do sêmen de seu pai, Chris Biblis, congelado há 21 anos, foi um
marco desse avanço.
Antes de
iniciar sua luta contra a leucemia – tumor que afeta as células sanguíneas –
quando ainda era um adolescente, o americano, de 38 anos, guardou os
espermatozoides numa clínica de reprodução assistida. Os principais avanços, no
entanto, beneficiam mais as mulheres. A extração e conservação dos óvulos é
mais delicada, mas cada vez mais possível.
Baseados
na eficácia dos métodos, especialistas estão criando um movimento mundial para
fazer com que as novidades da fertilização estejam mais disponíveis para os
pacientes com câncer. Criaram até um nome para isso: oncofertilidade.
A
necessidade de ampliar as opções e o acesso a esses tratamentos tornou-se
imperativa. Felizmente, os índices de cura do câncer estão se elevando. Desta
maneira, o que se tem hoje é uma grande população de pessoas curadas, jovens, e
com a vida pela frente.
O efeito
devastador das terapias contra o câncer sobre a fertilidade tem explicação
simples: as células tumorais se multiplicam de forma acelerada, e os remédios,
em especial os mais antigos, atacam toda célula que mostre o mesmo
comportamento. É o caso das células dos ovários e dos testículos, que têm uma
multiplicação acelerada para produzir os óvulos e os espermatozoides. Isso as
torna alvo dos quimioterápicos também. A chance de perder a fertilidade varia
conforme a idade do paciente e a agressividade do tratamento.
Os
métodos da reprodução assistida disponíveis possibilitam ao paciente aumentar a
chance de proteger seu corpo desse prejuízo. Eles têm como finalidade guardar
tecidos e células saudáveis, existentes antes do bombardeio químico de
remédios, para usá-los depois. Opções como a maturação de óvulos (a maturidade
dessas células é atingida em laboratório) e o congelamento de tecido ovariano
ou testicular são oferecidas, embora ainda não mostrem resultados iguais ao
congelamento de gametas e embriões.
Já
existem também medicamentos capazes de preservar o ovário provocando um estado
de menopausa precoce – algo como uma “hibernação”. A vantagem do método é
diminuir sua sensibilidade aos quimioterápicos. Com o metabolismo mais baixo e
sem produzir óvulos, a divisão celular no órgão diminui. Com isso, há maior
possibilidade de ser poupado dos efeitos da medicação. Após a quimioterapia, o
medicamento é suspenso e, em alguns casos, a fertilidade é preservada.
A
paciente pode tentar a gravidez depois de seis meses, no mínimo, do fim do
tratamento contra o câncer. “É preciso esperar esse tempo porque há chance de
resíduos do medicamento causarem má-formação no bebê e de reincidência do
câncer”, explica o médico Artur Dzik, da Sociedade Brasileira de Reprodução
Humana e do Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Em casos de câncer com
forte caráter hereditário, é aconselhável marcar consulta com um geneticista.
Ele pode ajudar o casal a avaliar as chances de os filhos sofrerem o mesmo
problema e decidir sobre a gravidez.
O
promotor de justiça carioca Claucio Cardoso da Conceição seguiu todos os passos
para vencer o câncer e conseguir aumentar a família. Ele teve sua paternidade
garantida com o congelamento do sêmen, antes de fazer a cirurgia para retirada
de um tumor no intestino, há três anos. “Tinha mil planos e eles não foram
adiados por causa da doença.” Um desses planos tem o nome de Natália, e nasceu
há dois anos: é a filha de Cardoso e sua mulher, Letícia. E pode ser que
Natália ganhe um irmão ainda este ano fruto do mesmo material que o pai mantém
em laboratório.
Condensado de matéria publicada em istoe.com
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O bravo guerreiro José Alencar nos deixou hoje, no
início da tarde, mas deixou para quem precisa um exemplo poderoso de coragem,
temperança, fé e simplicidade diante das agruras que a vida imperiosa lhe impôs.
Dentre as frases de sua autoria que a imprensa lembra hoje, gosto especialmente
de: “Onde está a coragem, para um cidadão que não tem alternativa? Não tenho
medo da morte. Não sei o que é a morte. Você tem que ter medo da desonra, isso,
sim mata você”.
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