Um ensaio clínico
internacional, com a participação dos Estados Unidos, da Espanha e da Alemanha
utiliza as folhas da planta do tabaco - a
mesma que em outras circunstancias servem de base para a fabricação de fumo -
na produção de vacinas personalizadas contra o linfoma folicular.
O linfoma folicular é
um tipo freqüente de câncer que se caracteriza por um crescimento dos linfócitos B, que são células que fazem parte do sistema imunológico
do organismo. A incidência desta patologia é elevada. Na Espanha, por exemplo,
a cada ano se diagnosticam 5 mil novos casos em pessoas maiores de 40 anos.
O trabalho foi apresentado na 52ª reunião anual da Sociedade Americana de
Hematologia encerrado anteontem,
em Orlando, EUA.
O
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novo ensaio, dirigido pelo investigador
Maurizio Bendandi, especialista em hematologia do Centro de Investigación Médica Aplicada (CIMA) da Universidade de Navarra, na Espanha, tem
como objetivo produzir, a partir de folhas de plantas de tabaco, vacinas idiotípicas, personalizadas contra o
linfoma folicular.
O estudo está sendo
financiado pela farmacêutica alemã Bayer e conta com a
participação dos especialistas de Navarra, já que a empresa alemã os selecionou
em função dos bons resultados obtidos desde 2006 com as primeiras vacinas
idiotípicas.
O objetivo
prioritário da Bayer com este ensaio é valorizar a eficácia das proteínas
obtidas com a nova tecnologia, capaz de encurtar o prazo de produção destas
vacinas para apenas 6 semanas. Para se ter uma idéia, atualmente o tempo de
elaboração destes preparados personalizados leva cerca de 9 meses, dada a
complexidade da produção de um medicamento individualizado para cada paciente.
Uma vacina idiotípica
é um fármaco elaborado com as células tumorais do próprio paciente. Elas
apresentam na superfície uma proteína, denominada imunoglobulina, que tem uma parte
específica que é o idiotipo. Esta proteína de superfície, depois de
manipulada adequadamente, pode ser utilizada como vacina terapêutica, já que
representa um antígeno (substancia capaz de estimular o sistema
imunológico) específico para esse tumor específico.
O objetivo da vacina
é ativar o sistema imunológico para que reconheça e destrua as células tumorais.
Este procedimento poderá vir a ser útil para a maioria dos linfomas
não-Hodgkin, e não apenas para o linfoma folicular, já que nos linfomas sabe-se
claramente qual é o antígeno contra o qual se deve dirigir a resposta.
A previsão é de que a
investigação se desenvolva até 2012 com uma amostra de 20 pacientes. O
recrutamento, a biópsia dos gânglios e posterior tratamento dos enfermos estão
ao encargo do Southwestern Medical
Center de Dallas, nos EUA. Uma metade do
material obtido na biópsia é enviada aos laboratórios da Universidade de
Navarra, a outra metade vai para Halle, Alemanha, onde os técnicos da Bayer isolarão
o material genético que será utilizado na produção da vacina.
A vacina
personalizada assim obtida na Alemanha será então enviada a Dallas, onde será ministrada
ao paciente correspondente. Uma injeção subcutânea que se aplicará, em cada um
dos casos, uma média de seis doses durante 6 meses.
Os
especialistas da Universidade de Navarra são os responsáveis pela avaliação da
resposta de cada um dos pacientes.
Traduzido e condensado de RNW. Leia texto original aqui.
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