terça-feira, 7 de dezembro de 2010

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Linfoma: talvez “esperar e observar” não seja a melhor conduta terapêutica

Um grande ensaio, conduzido por pesquisadores do Reino Unido e apresentado na 52ª  reunião anual da Sociedade Americana de Hematologia, que termina hoje em Orlando, nos EUA, pode representar uma abordagem completamente nova para o tratamento de um câncer comum do sistema imunológico, o linfoma folicular (FL). Atualmente, muitos pacientes com este tipo de câncer não recebem qualquer tipo de tratamento e são mantidos sob observação, "observar e esperar" ( watch and wait) até que eles comecem a apresentar sintomas. Quando os sintomas aparecem, os pacientes têm de iniciar um tratamento que inclui a quimioterapia.

N
o entanto um novo estudo, conduzido no Reino Unido, contradiz eficazmente esta prática, proporcionando a primeira evidência forte de que o momento de iniciar a quimioterapia e o tempo de progressão do câncer podem ser prorrogados por mais tempo, se os pacientes forem tratados com o anticorpo alvo MabThera (rituximab) imediatamente após o diagnóstico, em comparação a “observar e esperar”. Como o tratamento com rituximab é uma imunoterapia com anticorpos monoclonais, seus efeitos colaterais são bem menos agressivos que aqueles observados na administração da quimioterapia convencional.

O estudo, conduzido por médicos do University College London Hospital, investigou o que acontece quando os pacientes recebem tratamento com o rituximab antes do surgimento dos sintomas e permanecem nele por dois anos. Os resultados mostraram que após três anos, 91% dos pacientes que receberam monoterapia com rituximab como indução e manutenção (quatro doses semanais seguidas por doses de manutenção uma vez a cada dois meses por dois anos) foram poupados de quaisquer terapias citotóxicas (que danificam as células indiscriminadamente, quimioterapia ou radioterapia), em comparação com 48% dos pacientes que não receberam tratamento no momento do diagnóstico (grupo “observar e esperar”).

Ao mesmo tempo, 81% dos pacientes que receberam terapia de indução e rituximab estendida não tinham experimentado nenhum agravamento da doença (sobrevida livre de progressão) em três anos, em comparação com 33% dos pacientes do grupo “esperar e observar”.

"Nós encontramos uma outra maneira de controlar esta doença em seus primeiros anos", comentou o Dr. Kirit Ardeshna, do University College Hospital, Londres, e investigador-chefe do estudo. "Para muitos pacientes é importante poder retardar o início da quimioterapia e para eles os resultados deste estudo são um grande avanço."

"Os efeitos colaterais da quimioterapia podem influir muito negativamente na qualidade de vida de alguém, razão pela qual a conduta “esperar e observar” vinha sendo adotada  até agora, por se julgar ser a melhor opção para os pacientes", comentou Sally Penrose, diretora executiva do Lymphoma Association. "No entanto, uma nova opção, que atrasa ainda mais a necessidade de se passar pela quimioterapia é uma notícia fantástica para milhares de pessoas no Reino Unido que vivem com esse tipo de linfoma."

O linfoma folicular é uma forma de crescimento lento de linfoma não-Hodgkin (LNH), caracterizada por períodos de remissão e de recaída e afeta mais de 15 mil pessoas no Reino Unido. Como o FL é um câncer incurável, o objetivo primário do tratamento é manter a doença sob controle o maior tempo possível, permitindo que as pessoas tenham uma vida quase normal.
Traduzido e condensado de matéria publicada em medicalnewstoday.com em 07/12/2010. Leia original aqui.

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