quarta-feira, 14 de outubro de 2009

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O Glamur e os Números




A participação ultimamente na chamada grande mídia (eu disse mídia no lugar de imprensa?) de vários astros populares portadores de câncer, principalmente os ditos "globais", como Patrícia Pilar, Gloria Perez, Ana Maria Brega e por último a pavoneante, quem diria, Ministra Dilma (linfoma) Rousself, tem de alguma forma contribuído para diminuir o sentimento negativo que as pessoas têm à simples menção da palavra que denomina a doença. Cabeças peladas, lindas maquiagens déjà vu realçando os olhos e excelentes prognósticos oncológicos parecem funcionar como uma combinação diferente pra anabolizar níveis de audiência e de popularidade, inclusive eleitoral. Quem não se lembra da participação de Patrícia Pilar na campanha do marido à Presidência da República? Afinal o câncer de mama é o de melhor prognóstico se detectado precocemente.
Excluo deste contexto o vice José Alencar, figura simples e exemplar no trato com a doença, a qual é o principal motivo pela sua longevidade na mídia - permanece vivo –sem a manipular.
Mas isso tudo também tem outro lado, o estatístico, o numeralógico, o factual que expõe a realidade imparcial, não tão glamurosa quanto poderiam numa primeira análise sugerir as aparências, o momento. Patrick Swayze teve um prognóstico de 20 meses. 20 meses!!
No Brasil, as estimativas para o ano de 2008 e válidas também para o ano de 2009, apontam que ocorrerão 466.730 casos novos de câncer e somente no ano de 2002, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de 3,2 mil pessoas morreram por causa da doença.

Deixo claro que não estou criticando a postura pública de ninguém. A reação a esse tipo de estímulo depende mais da pessoa que o recebe, seu grau de instrução, informação e experiência.
O chamado curso clínico de cada caso da doença depende de uma infinidade de fatores que, em conjunto, vão definir o prognóstico (a expectativa de vida ou sobrevida expressa em IPI, que é um índice internacional de prognósticos)para um dado paciente em particular. Assim, hoje em dia já se tem uma massa acumulada de informações sobre o comportamento clínico de cada tipo de tumor (de mama, de pulmão, de próstata, de rins, etc) e quais as probabilidades dele recidir (voltar), quanto tempo levaria pra isso acontecer e como seria essa recidiva que, normalmente, é fatal. A questão é quanto tempo se deve esperar para poder considerar um paciente realmente curado.
Dependendo do tipo de Câncer 5, 7, ou até 10 anos, como na maioria dos casos de linfoma.
Finais felizes e curas completas não são impossíveis, mas a experiência tem demonstrado que não é tão fácil assim. Infelizmente. Linfoma é câncer. Informação é vida.

1 Comentário:

Thati disse...

Pai, estou ficando viciada nisso! Tenho acompanhado os posts desde o início e aguardo ansiosamente pelo próximo!
Afinal, Daniel é Informação. Informação é Vida!
Te amo!!