A curcumina,
principal componente da cúrcuma, conhecida também como turmérico, açafrão-da-índia,
açafroa ou gengibre amarelo, empregada no preparo do condimento indiano curry, demonstrou
ser capaz de suprimir uma via de sinalização celular que impulsiona o
crescimento do câncer de cabeça e pescoço, de acordo com um estudo piloto
usando saliva humana, desenvolvido por pesquisadores do Jonsson Comprehensive
Cancer Center. O estudo aparece em 15 de setembro na revista Clinical
Cancer Research, da Associação Americana de Pesquisa do Câncer. Encontrar
maneiras de tratar melhor cânceres de cabeça e pescoço é vital para os
pacientes, que muitas vezes ficam desfigurados pela cirurgia, perdendo partes
da língua ou boca.
Segundo a Dra. Marilene Wang,
professora de cirurgia de cabeça e pescoço e autora sênior do estudo, ficou
demonstrado que a curcumina pode trabalhar na boca dos pacientes com neoplasias
de cabeça e pescoço e reduzir atividades que promovam o crescimento do câncer. "E
não somente afetou o câncer, inibindo um fator crítico de sinalização, mas a
própria saliva, reduzindo citocinas pró-inflamatórias dentro dela."
Há muito conhecida por suas
propriedades medicinais, a cúrcuma, à qual se atribuí ação anti-inflamatória, é
uma especiaria que ocorre naturalmente e é amplamente utilizada na cozinha do
Sul da Ásia e do Oriente Médio.
Estudos anteriores demonstraram
que ela pode suprimir o crescimento de certos tumores. Na Índia, as mulheres há
anos a utilizam como um agente antienvelhecimento (esfregam na pele), para
tratamento de cólicas durante a menstruação e como um emplastro sobre a pele
para promover a cicatrização de feridas.
Neste estudo, foram coletadas
amostras de saliva de 21 pacientes com câncer de cabeça e pescoço, antes e
depois de terem mastigado dois comprimidos de curcumina, totalizando 1.000
miligramas.
Em estudo de 2005, feito por Wang
e sua equipe, ficou demonstrada a capacidade da curcumina, primeiro suprimindo
o crescimento do câncer de cabeça e pescoço em células e, em seguida, em
modelos de cobaia. Nos estudos em animais, a curcumina foi aplicada em forma de
pasta diretamente sobre os tumores. Em outro estudo, em 2010, também feito em
células e em modelos de ratos, os pesquisadores descobriram que a curcumina
suprimia o crescimento do câncer de cabeça e pescoço através da regulação do
ciclismo celular, disse o cientista Eri Srivatsan, professor adjunto de
cirurgia e pesquisador que, juntamente com Wang, vem estudando a curcumina e
suas propriedades anticâncer há sete anos.
Foram enviadas amostras-cegas a um
laboratório independente, em Maryland, que confirmou os resultados - as
citocinas pró-inflamatórias na saliva que ajudam a alimentar o câncer foram
reduzidas nos pacientes que tinham mastigado a curcumina.
Os pesquisadores acreditam que a
curcumina pode ser combinada com outros tratamentos, como quimioterapia e
radioterapia para tratar câncer de cabeça e pescoço, e também poderá talvez ser
administrada em pacientes com alto risco de desenvolver cânceres de cabeça e
pescoço, como fumantes, aqueles que mascam tabaco e pessoas com o vírus HPV.
A curcumina foi bem tolerada
pelos pacientes e não resultou em efeitos tóxicos. O maior problema era a boca
e os dentes, que ficaram com uma cor amarelo brilhante.
Para ser eficaz no combate ao
câncer, a curcumina pode ser utilizada em forma de suplemento. Apesar de ser
usada na culinária, a quantidade de curcumina necessária para produzir uma
resposta clínica é muito maior. Esperar um efeito positivo através da ingestão
de alimentos condimentados com açafrão não é realista, disse Wang.
O próximo passo para Wang e sua
equipe é tratar pacientes com curcumina por longos períodos de tempo para ver
se os efeitos inibitórios podem ser aumentados. Eles planejam tratar pacientes
com câncer, programados para a cirurgia, por algumas semanas antes do procedimento.
"Há potencial aqui para o
desenvolvimento da curcumina como tratamento adjuvante para o câncer",
disse Wang. "Não é tóxica, é bem tolerada, barata e facilmente obtida em
qualquer loja de alimentos saudáveis. Embora este seja um estudo piloto
promissor, é importante expandir nosso trabalho para um universo maior de pacientes,
para confirmar nossos resultados."
Traduzido daqui. Ilustração
do Googleimages. Editorial pelo autor do blog.
1 Comentário:
Olá Daniel, interessante e esclarecedora seu post, parabéns. E você como está?
Tenha um final de semana bem florido
Beijos da Sol
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