Meses após o término do primeiro tratamento contra um
linfoma não-Hodgkin diagnosticado em março do ano passado, o ator australiano
Andy Whitfield, 39 anos, foi informado do retorno da doença e obrigado a abandonar a
série Spartacus e passar por um
tratamento mais agressivo. Ele faleceu neste domingo, vítima da doença.
Nesta
quinta-feira (15/09), será celebrado o Dia Internacional de Conscientização
sobre Linfomas no Brasil e em mais 25 países. Apesar de a doença ter se mantido
em evidência na mídia nestes últimos anos por atingir famosos como o ator
Reinaldo Gianecchini, a novelista Glória Perez e a presidente da República,
Dilma Rousseff, há ainda muitas dúvidas e desconhecimento da população quanto à
doença. A análise é feita pelo diretor da Associação Brasileira de Hematologia
e Hemoterapia (ABHH), o hematologista Dr. Carlos Chiattone.
De acordo com o hematologista,
70% da população ainda desconhece o termo “linfoma”. Os linfomas, em linhas
gerais, são cânceres das células do sistema imunológico. E, estas células estão
espalhadas em todo o organismo, podendo assim se manifestar em qualquer lugar
do corpo. “Diferente de outros tipos de cânceres, como o de mama ou de
próstata, que tem o local definido”, explica Chiattone.
Há dois grandes grupos de
linfomas, o de Hodgkin, primeiro a ser descoberto na história da medicina em se
tratando deste câncer, que tem índice de cura em torno de 90% e, o não-Hodgkin.
Este último, segundo Chiattone, é o mais complexo, pois apresenta mais de 50
tipos diferentes, sendo cada um deles com manifestações clínicas e prognósticos
distintos.
O hematologista explica ainda
que os linfomas do tipo não-Hodgkin são divididos em dois grupos, um com
comportamento agressivo, com índice de cura em torno de 70% e outro denominado
indolente. “Os linfomas do tipo indolentes, não são curáveis, mas com os
tratamentos atuais, é possível promover sobrevida a este paciente, e com
qualidade, de maneira a mantê-la crônica, como é a Aids hoje”, reforça o
especialista, que também é professor de hematologia da Faculdade de Medicina da
Santa Casa de São Paulo.
O índice de incidência da
doença dobrou nos últimos anos. A cada ano são diagnosticados 10 mil casos no
Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Entretanto, é
difícil identificar a causa deste aumento, mas uma das possibilidades
reconhecidas pelos especialistas é o envelhecimento da população. “Os linfomas
são democráticos, independem de sexo e idade, embora acometam, sobretudo, a
faixa acima dos 60 anos”, revela o hematologista.
Outro fator apontado é o uso de
medicações imunossupressoras, utilizadas no reumatismo, por exemplo, que
rebaixam a imunidade da pessoa. “Embora tenhamos algumas possíveis explicações,
mesmo somando todas elas, ainda não se pode indicar as causas.”
Sintomas, Diagnóstico e
Tratamento
O linfoma pode começar em
qualquer local em que existam as células linfáticas, preferencialmente nos
gânglios linfáticos, em nódulos no pescoço, axilas e região da virilha. Vale
ressaltar que na maioria das vezes, os nódulos são ocasionados por infecções,
nem sempre sendo linfoma.
Como diferença básica, Chiattone
aponta o fato de o gânglio da infecção, via de regra, doer, enquanto no caso do
linfoma, não haver qualquer sensação de dor. Outros fatores indicativos de
linfomas são o aparecimento de nódulos com crescimento progressivo, de
consistência elástica (fibroelástica), amolecida, como de borracha.
Além disso, em torno de 30% dos
pacientes com quadro de linfomas apresenta estes sintomas acompanhados de
febre, perda de peso sem motivo aparente, suor noturno intenso e coceira
persistente, sem indício de quadro alérgico. “O que é intrigante nos linfomas,
é que as manifestações se assemelham a outras doenças comuns”, relata
Chiattone. “O fato é que estes sintomas levam a pessoa a buscar atendimento em
médicos de outras áreas, que não especialistas no linfoma e isso, muitas vezes,
retarda o diagnóstico. Por isso é importante todos os médicos estarem bem
informados sobre o linfoma”, complementa o hematologista.
Quando detectado em estágio
precoce, o linfoma pode ser erradicado com tratamento adequado. Atualmente, a
terapia que mais aumenta a chance de cura e qualidade na sobrevida é a
quimioterapia associada ao uso de anticorpos monoclonais, este último ainda não
disponível da rede SUS para todos os tipos existentes de linfoma.
Para Chiattone, não há na
oncologia uma área tão avançada em termos de tratamento como a dos linfomas. O
médico relata que na maioria das vezes, é aplicada a quimioterapia,
imunoterapia e, em alguns casos, radioterapia. “Quando a doença é mais grave ou
a pessoa teve recaída, daí entramos com o transplante de medula óssea, como
terapia de salvamento.”
Fonte aqui. Ilustração editada do googleimages. Editorial pelo autor do blog.
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