segunda-feira, 12 de setembro de 2011

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Tempo é dinheiro e alguns médicos estão pagando o preço


Em nossa cultura tupiniquim estamos, ainda, acostumados a copiar como modelo o comportamento que chega até nós institucionalizado pelo avanço social estrangeiro que permite o posicionamento do cidadão esclarecido em questões que envolvem os seus interesses e direitos individuais, como neste caso da queda de braço entre médicos e pacientes, nos states, em relação aos abusos que são praticados pelos primeiros, que insistem em achar que o tempo deles é mais importante que o dos demais.
Na maioria das vezes os modelos não são adaptáveis, mas desta vez eu concordo: – Aí está algo que deveríamos copiar:

Quando marca uma consulta com o médico, Cherie Kerr esclarece que não quer esperar muito. E diz que normalmente tenta marcar a primeira consulta do dia, ou o primeiro horário do após almoço. Porém, se o médico vai se atrasar, ela insiste para que a recepcionista telefone para ela - temendo que a consulta seja cobrada pelo seu tempo de espera no consultório. "Eu ligo antes e digo educadamente que não pretendo esperar”.

Proprietária de uma firma de relações públicas e de uma pequena boutique em Santa Ana, Califórnia, Kerr declarou a MedPage Today: "Até aqui só deduzi duas vezes o meu tempo de espera, porém já adverti várias vezes os médicos que cobraria se tivesse que esperar abusivamente”.

Ela diz que vem utilizando este sistema desde 1969, quanto um pediatra a fez esperar por quatro horas e ela se recusou a pagar os 75 dólares da consulta. Como escritora freelancer, perdera mais do que isto na sala de espera.  Mais recentemente ela cobrou de seu oftalmologista aproximadamente 150 dólares por um período de espera de cerca de 45 minutos, deduzindo esta quantia de uma fatura que totalizava algumas centenas de dólares pela consulta.

- Agora... é engraçado... - diz Kerr. - Eles sempre me farão esperar algum tempo, mesmo sabendo que a minha é a primeira consulta.

A técnica de Kerr recebeu recentemente muita atenção da mídia, desde que uma reportagem da CNN divulgou o post no blog da médica Pamela Wible sobre um amigo que cobra de seu médico o equivalente ao seu rendimento por hora – 47 dolares – pelo tempo desperdiçado. Isto provocou muito debate sobre se os médicos devem reembolsar os seus pacientes pelo tempo perdido nas salas de espera.

Em seu blog, a médica diz que os médicos devem se desculpar pelos seus atrasos – e também pagar aos pacientes caso sejam cobrados pela espera excessiva pelo atendimento no consultório. "Por sorte," escreveu ela, "a maior parte dos pacientes não enviam cobranças baseadas no valor da hora do médico”.

Outros médicos foram mais previdentes nas suas abordagens para tentar atenuar o tédio dos pacientes de terem como alternativa a leitura de revistas antigas ou a programação insossa das TV’s, geralmente sem som e sintonizadas ao acaso.

Steve Fallek, por exemplo, cirurgião plástico na cidade de Nova York e no norte de New Jersey, registra o tempo de espera dos pacientes com um temporizador daqueles usados para cozinhar ovos e distribui cupões da Starbucks (rede internacional de cafés), se os pacientes esperarem mais que 15 ou 20 minutos. Ele também envia mensagens de texto aos pacientes quando vai se atrasar. "É um ambiente competitivo," diz ele. "Você tem que deixar o seu paciente feliz."

Do outro lado, o paciente Issamar Ginzberg, rabino em Nova York e Consultor de Gerenciamento Comercial, diz que não se importa de esperar no consultório do seu médico porque o mesmo oferece Internet sem fio.

O médico Lee Green, da Universidade de Michigan, diz que sua instituição se preocupa com os tempos de espera e procura mantê-los baixos. "É bastante raro para mim que esteja pelo menos 10 minutos atrasado”, escreveu em e-mail dirigido a MedPage Today e ao ABC News.

"Sim, Clínicos Gerais poderiam agendar menos pacientes," escreveu ele, "mas para onde iriam os outros? Não existem médicos suficientes para atender, e não existirão até que o falido sistema de saúde seja consertado”.

Outros profissionais culpam a programação de reembolsos e o excesso de papelada pelos atrasos.  “Os médicos têm que comprimir o atendimento em blocos de 15 minutos, levando uma média de 7 minutos para preencher a papelada de cada paciente para que possam ganhar dinheiro e finalizar tudo o que for necessário para isto”, disse a Dra. Deane Waldman, da Universidade do Novo México.

O médico Gary Seto, que tem consultório particular em Pasadena, Califórnia, está tentando atualmente uma alternativa ao presente sistema. Ele pratica uma versão de atendimento especial, marcando somente 10 pacientes por dia, os quais são atendidos por pelo menos 30 minutos cada. Eles pagam uma taxa anual de 125 dólares por família, além dos custos das consultas.

Embora afirme que raramente se atrasa, quando é inevitável ele paga 25 dólares ao paciente pelo tempo de espera – o mesmo valor que ele cobra para quem não comparecer na hora marcada.

"É justo," diz ele, "pagar esta taxa”.

Traduzido e condensado daqui. Ilustração do googleimages e editorial pelo autor do blog.

1 Comentário:

Anônimo disse...

Se essa moda pega eu vou ficar rico