Em nossa cultura tupiniquim estamos, ainda, acostumados a
copiar como modelo o comportamento que chega até nós institucionalizado pelo
avanço social estrangeiro que permite o posicionamento do cidadão esclarecido
em questões que envolvem os seus interesses e direitos individuais, como neste
caso da queda de braço entre médicos e pacientes, nos states, em relação aos
abusos que são praticados pelos primeiros, que insistem em achar que o tempo
deles é mais importante que o dos demais.
Na maioria das vezes os modelos não são adaptáveis, mas desta vez eu concordo: – Aí está algo que deveríamos copiar:
Quando
marca uma consulta com o médico, Cherie Kerr esclarece que não quer esperar
muito. E diz que normalmente tenta marcar a primeira consulta do dia, ou o
primeiro horário do após almoço. Porém, se o médico vai se atrasar, ela insiste
para que a recepcionista telefone para ela - temendo que a consulta seja
cobrada pelo seu tempo de espera no consultório. "Eu ligo antes e digo educadamente
que não pretendo esperar”.
Proprietária
de uma firma de relações públicas e de uma pequena boutique em Santa Ana, Califórnia, Kerr declarou a MedPage Today: "Até aqui só deduzi
duas vezes o meu tempo de espera, porém já adverti várias vezes os médicos que cobraria
se tivesse que esperar abusivamente”.
Ela
diz que vem utilizando este sistema desde 1969, quanto um pediatra a fez
esperar por quatro horas e ela se recusou a pagar os 75 dólares da consulta. Como
escritora freelancer, perdera mais do
que isto na sala de espera. Mais
recentemente ela cobrou de seu oftalmologista aproximadamente 150 dólares por um
período de espera de cerca de 45 minutos, deduzindo esta quantia de uma fatura
que totalizava algumas centenas de dólares pela consulta.
-
Agora... é engraçado... - diz Kerr. - Eles sempre me farão esperar algum tempo,
mesmo sabendo que a minha é a primeira consulta.
A
técnica de Kerr recebeu recentemente muita atenção da mídia, desde que uma
reportagem da CNN divulgou o post no blog da médica Pamela Wible sobre um amigo
que cobra de seu médico o equivalente ao seu rendimento por hora – 47 dolares –
pelo tempo desperdiçado. Isto provocou muito debate sobre se os médicos devem
reembolsar os seus pacientes pelo tempo perdido nas salas de espera.
Em
seu blog, a médica diz que os médicos devem se desculpar pelos seus atrasos – e
também pagar aos pacientes caso sejam cobrados pela espera excessiva pelo
atendimento no consultório. "Por sorte," escreveu ela, "a maior
parte dos pacientes não enviam cobranças baseadas no valor da hora do médico”.
Outros
médicos foram mais previdentes nas suas abordagens para tentar atenuar o tédio dos
pacientes de terem como alternativa a leitura de revistas antigas ou a
programação insossa das TV’s, geralmente sem som e sintonizadas ao acaso.
Steve
Fallek, por exemplo, cirurgião plástico na cidade de Nova York e no norte de
New Jersey, registra o tempo de espera dos pacientes com um temporizador daqueles
usados para cozinhar ovos e distribui cupões da Starbucks (rede internacional de cafés), se os pacientes esperarem
mais que 15 ou 20 minutos. Ele também envia mensagens de texto aos pacientes
quando vai se atrasar. "É um ambiente competitivo," diz ele.
"Você tem que deixar o seu paciente feliz."
Do
outro lado, o paciente Issamar Ginzberg, rabino em Nova York e Consultor de Gerenciamento
Comercial, diz que não se importa de esperar no consultório do seu médico porque
o mesmo oferece Internet sem fio.
O
médico Lee Green, da Universidade de Michigan, diz que sua instituição se
preocupa com os tempos de espera e procura mantê-los baixos. "É bastante
raro para mim que esteja pelo menos 10 minutos atrasado”, escreveu em e-mail dirigido a MedPage Today e ao ABC News.
"Sim,
Clínicos Gerais poderiam agendar menos pacientes," escreveu ele, "mas
para onde iriam os outros? Não existem médicos suficientes para atender, e não
existirão até que o falido sistema de saúde seja consertado”.
Outros
profissionais culpam a programação de reembolsos e o excesso de papelada pelos
atrasos. “Os médicos têm que comprimir o
atendimento em blocos de 15 minutos, levando uma média de 7 minutos para
preencher a papelada de cada paciente para que possam ganhar dinheiro e
finalizar tudo o que for necessário para isto”, disse a Dra. Deane Waldman, da
Universidade do Novo México.
O
médico Gary Seto, que tem consultório particular em Pasadena, Califórnia, está
tentando atualmente uma alternativa ao presente sistema. Ele pratica uma versão
de atendimento especial, marcando somente 10 pacientes por dia, os quais são
atendidos por pelo menos 30 minutos cada. Eles pagam uma taxa anual de 125 dólares
por família, além dos custos das consultas.
Embora
afirme que raramente se atrasa, quando é inevitável ele paga 25 dólares ao
paciente pelo tempo de espera – o mesmo valor que ele cobra para quem não
comparecer na hora marcada.
"É
justo," diz ele, "pagar esta taxa”.
Traduzido
e condensado daqui.
Ilustração do googleimages e editorial pelo autor do blog.
1 Comentário:
Se essa moda pega eu vou ficar rico
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