Um novo medicamento pretende melhorar
o tratamento do câncer de mama metastático do tipo HER2-positivo – um dos tipos
mais agressivos, que acomete até 20% das pacientes. Ainda em fase experimental,
a droga T-DM1 promete prolongar a sobrevida e retardar a evolução da doença
nessas pacientes, sem causar os efeitos colaterais típicos da quimioterapia. O
estudo clínico com o medicamento foi apresentado durante o Congresso Anual da
Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, sigla em inglês), que aconteceu
em Chicago, na primeira quinzena de junho, nos Estados Unidos.
O T-DM1 está em fase final de testes.
Ele é formado pela combinação do anticorpo monoclonal (produzido a partir de
clones de uma única célula) trastuzumabe e pelo quimioterápico emtansine (DM1).
As duas substâncias já existiam no mercado, sendo que o trastuzumabe é usado
rotineiramente no tratamento do câncer. "A novidade aqui é a união dessas
duas drogas em uma só", diz Gilberto Amorim, diretor do Grupo Brasileiro
de Estudos de Câncer de Mama e presente no ASCO.
Juntas, elas conseguem ter uma ação
mais específica, atuando virtualmente apenas nas células cancerígenas. A ação
da droga é combinada. Ao trastuzumabe cabe o papel de se ligar às células
cancerígenas com o reagente HER2-positivo. Uma vez que esse primeiro passo é
dado, o quimioterápico emtansine é então injetado para dentro da célula,
matando-a. "É como um Cavalo de Troia. Por isso os efeitos colaterais são
bem inferiores aos da quimioterapia tradicional", diz Amorim. Em outras
palavras, como o agente quimioterápico não ataca também as células saudáveis do
organismo, problemas como ânsia, queda de cabelo e diarreia são minimizados.
Pesquisas – O estudo foi realizado com 991
pacientes (cerca de 50 brasileiros), sendo que todas já haviam sido tratadas
apenas com trastuzumabe. Metade do grupo recebeu, então, T-DM1, e a outra
metade o tratamento padrão com os quimioterápicos lapatinibe e capecitabina.
Aquelas que tomaram o T-DM1 não apresentaram progressão da doença por um tempo
35% maior — ficaram, em média, 9,6 meses sem o avanço da doença, contra 6,4
meses no grupo controle.
Das pacientes que tomaram o T-DM1,
43,6% tiveram os tumores reduzidos, enquanto apenas 30,8% do grupo controle
apresentaram redução. A sobrevida com a nova droga também foi maior. No grupo
que recebeu o medicamento, houve um aumento de 7,1 meses na qualidade de vida —
sem nenhum sintoma. No grupo que recebeu os quimioterápicos tradicionais, o
aumento foi de 4,6 meses.
Medicina personalizada — De acordo com a Roche, farmacêutica
responsável pelo T-DM1, a droga deve ser submetida para aprovação da Agência de
Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, sigla em inglês) e para a Agência
Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) ainda este ano. "No
Brasil, as expectativas são de que ela entre no mercado entre 2014 e
2015", diz Adriano Treve, presidente da Rocha Farmacêutica do Brasil.
A farmacêutica vem trabalhando ainda
com três outras drogas biológicas para o tratamento do câncer. Já está em
análise pela Anvisa o Avastin (já usado no tratamento de câncer colorretal,
pulmão e de alguns tipos de tumor no cérebro e nos rins). Agora, o medicamento
deverá ser usado também contra o câncer de ovário. Dados apontam que o uso
combinado do Avastin com a quimioterapia reduziu em até 52% a progressão da
doença.
Recentemente aprovado pela Anvisa, o
medicamento Zelboraf (vemurafenibe) conseguiu reduzir em 63% o risco de morte e
em 74% o risco de progressão do melanoma (câncer de pele), quando comparada à
quimioterapia. A droga é indicada para aqueles pacientes com melanoma
metastático positivo para mutação BRAF V600. "Esse medicamento será
lançando em paralelo com o teste diagnóstico. Isso porque o produto só poderá
ser prescrito para pacientes com essa mutação", diz Treve.
O que são biomedicamentos?
- A substância ativa de um medicamento biológico é feita por (ou derivada de) um organismo vivo, como uma bactéria ou uma levedura (um tipo de fungo unicelular).
- Ele pode ainda ser obtido de uma fonte biológica, como um tecido ou sangue, de onde são extraídos compostos que agem como medicamentos.
- Diferentemente de um remédio sintético, que é produzido por síntese química em processos controlados, o remédio biológico tem um processo bem mais complexo, que pode envolver etapas de recombinação genética.
- Seus
efeitos colaterais podem ser graves e têm, geralmente, relação direta com
o sistema imunológico, podendo levar a uma doença autoimune.
No Brasil, há vários biológicos em uso: insulina recombinante, interferon (diabetes), eritropoietina (anemia causada por falência renal), fatores de crescimento e anticorpos monoclonais (usados no tratamento de doenças autoimunes, no câncer e após um transplante). - Vacinas e antissoros também são considerados biológicos. O remédio Avastin, um anticorpo monoclonal, é um dos remédios contra o câncer mais usados no mundo.
- Em 2011, o FDA (agência americana similar à Anvisa) retirou seu uso para casos de câncer de mama em estágio avançado, mas ele ainda é indicado para alguns tipos de câncer colorretal, pulmonar, renal e cerebral.
Fonte aqui
2 Comentários:
enquanto isso eu vou me sugurando aqui e ali, então, quando menos esperar a cura vem e sairei por ai, bela e saltitante, que tal?
quem sabe nao faça uma viagem a Manaus?
Grande ideia! Será muito bem vinda como nossa hospede aqui. Ja vou começar a preparar o terreno pra te receber. BJ
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