quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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Um lugar incomum, Pará-disíaco em São Domingos do Capim

Tenho consciência de que pertenço a esse grupo de pessoas ranhetas que se vão tornando cada vez mais exigentes em relação a lugares e companhias, à medida que o tempo vai passando. Neste sentido concordo com o filósofo romano Sêneca quando diz que a vida divide-se em três períodos: o que foi, o que é, e o que será. E, destes, o que vivemos é breve, o que havemos de viver, duvidoso e, o que já vivemos, certo. O tempo presente é brevíssimo, amigos. Então por que não procurar aproveitá-lo da melhor maneira possível?
Já ouvi muito se dizer que o que importa, mesmo, é a companhia, o “papo”. O lugar e a ocasião seriam, então, nesta ótica, “secundários”. Concordo, em parte. Nada melhor que uma boa companhia. Afinal, quando o “papo” e a camaradagem fluem até esquecemos do lugar onde estamos e o tempo parece voar. Mas se esse lugar comum (não resisti ao trocadilho) fosse totalmente verdadeiro, não existiria o prazer da variação, da descoberta, do novo, da empatia, da identificação com um local que escolhemos livremente dentro das limitações de um determinado contexto sócio-cultural para se ser, estar
E não é por acaso que na língua francesa e em todos os idiomas germânicos modernos não há diferença entre "ser" e “estar”. Segundo este chavão, o mundo então não haveria de ser este lugar maravilhoso e multifacetado.
Campo-Cidade, Praia-Montanha, Megalópole-Província, Mar-Rio, Dancing-Pub, Tropical-Temperado, Barzinho-Fundo-de-Quintal....E não são dicotomias; apenas opções. Eu diria até que nada melhor que uma boa companhia para se desfrutar de locais e ocasiões singulares, agradáveis, que têm a ver com a gente e com a ambiência natural e cultural. 
Para nós, que vivemos em uma cidade abafada onde vigoram temperaturas médias anuais de 35-37 graus, o vento que sopra nos lugares à beira-mar nas cidades litorâneas representa um prazer quase sensual. Mas nas minhas raras viagens de férias, de lazer, procuro fruir deste prazer fugindo dos lugares comuns, perfunctórios, caça-níqueis, descaracterizados, daqueles lugares que você encontra aos montes espalhados pelo mundo, sem o mínimo de colorido local.
Nessa minha breve estadia em Belém-do-Pará tive o privilegio, a convite de um amigo, de passar dois dias com amigos e parentes em um desses lugares fantásticos, singulares, onde o trabalho do homem e a natureza Amazônica perfeitamente preservada se uniram, no município de São Domingos do Capim, às margens do rio Capim, a 130 km de Belém, cerca de 2 horas por estrada.
Imaginem um paraíso de lagos de águas cristalinas onde os peixes estão pedindo para serem fisgados e uma floresta exuberante, povoada com inúmeras espécies frutíferas nativas, inclusive esta maravilha que é o açaí, que colhemos e preparamos com a participação dos experts da fazenda. 
No mais a alegria, a "cerpinha" bem gelada, a boa comida do Pará, o bom "papo", a camaradagem e o prazer de compartilhar com gente querida.
Um passeio e um lugar pra ficar na memória. Um lugar Incomum.

Créditos das fotos:
Sandrinha: fotos 6, 10, 11, 12 e 14;
Berenice:: fotos 1, 2, 5 e 8;
Eu: fotos 3, 4, 7, 9, 13, 15.
Edição de ilustração: Sandrinha

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