quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

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Férias bem diferentes e um retorno meio preguiçoso

Férias é sair da rotina. E estas foram as mais movimentadas que já tive.
Tem gente que prefere, principalmente os mais jovens e cheios de energia, quebrar a rotina do dia-a-dia de forma mais agitada: praias ensolaradas diariamente, esportes aquáticos, longos passeios de buggy nas dunas com muita adrenalina, baladas, restaurantes da moda, compras em “novos” shoppings e toda a gama quase infinita de atividades lúdicas que as praias e as capitais do nordeste brasileiro oferecem. Chega-se até a acordar mais cedo pra se ter mais tempo disponível.
Para outros, como eu, que moro numa estufa com temperatura anual variando entre os 36 e os 40 graus e já passei dos 50, pra variar basta uma temporada num lugar friozinho, melhor ainda com uma bela paisagem serrana, cheiro de mato e boa música pairando no ar, um bom livro. Cozinhar algo especial, se deslumbrar com o espetáculo do sol se pondo em outra latitude, acordar e ir dormir mais tarde, quiçá uma bebidinha de leve em boa companhia. Assim transcorreram minhas férias do ano passado, em Ouro Preto, com Sandrinha: sossego, sombra e vinho tinto seco.
Desta vez as coisas foram bem diferentes, mais agitadas, mas não menos agradáveis. Talvez um pouco daquele cansaço prazeroso ao qual alude Sêneca quando indaga: “Não existem igualmente prazeres corporais que se reforçam com uma sensação dolorosa, como quando uma pessoa se vira sobre o lado que ainda não está fatigado e se agita sem cessar procurando uma posição melhor?”. A fuga da rotina, da mesmice. A mudança de lugar. O prazer da variação? Em um dos trechos que fizemos, ainda no microônibus que nos conduzia, o Guia já oferecia novos pacotes de passeios e as pessoas se apressavam em reservar seus lugares, sem se darem conta de que mal teriam tempo de conhecerem e desfrutarem do paraíso de Jericoacoara, nosso destino inicial.
Desta vez, além do deslocamento aéreo Manaus-Fortaleza-Manaus, rodamos dezenas de horas por quase 3.000 km pelas estradas do nordeste em deslocamentos a Crateús/CE, Natal/RN, Praia da Pipa/RN, Genipabu/RN, Jericoacoara/CE e Quixadá/CE.
Fiquei vários dias, indolentemente, tomando água de côco, picolé de cajá e de mangaba, comendo camarão e lagosta nas praias da Ponta Negra e da Pipa, na praia do Futuro e na praia de Jericoacoara, enquanto esperava Sandrinha adquirir “aquele” tom dourado na pele.
Em Crateús, cortei o cabelo lá no Deusin, matei a saudade da deliciosa paçoca de dona Djanira, minha sogra, dos papos com “seu” Antônio, minha sede com cajuína e me emocionei com nosso singelo Natal em família. Em Natal, fizemos passeios inesquecíveis e conhecemos os melhores restaurantes ao lado de Hugo e Rejane, nossos cúmplices potiguares, companheiros de aventuras no R. G. do Norte, visitei o maior cajueiro do mundo e coloquei um palmo de língua pra fora escalando a duna de Genipabu pra apreciar o pôr-do-sol lá de cima – lindo!
Ah! – as compras! – Ia esquecendo das compras! Tivemos que comprar mais duas mochilas grandes (uma delas assinada pelo talentoso artesão Expedito Seleiro) e uma valise pra acomodar o estrago em nossas economias. Fomos com dois volumes e voltamos com oito! Uma orgia: telas da incrível arte naif nordestina (inclusive um Militão dos Santos, um Fé Córdula e dois Edilson Araújo), algum artesanato, um caleidoscópio, alguma roupa e presentes. E ainda havia os queijos, a nata e os maravilhosos potes de doces caseiros de dona Djanira. Até uma linda rede em algodão em cor cultivada, natural! Mas, milagrosamente, não fizemos dívidas.
Passamos 27 dias fora de casa. Depois de uns 20 dias curtindo e perambulando começou a bater, como sempre, um certo banzo. Lembram do filme “E.T. - O extraterrestre”, quando o pequeno alienígena apontava com aquele dedão feio para as estrelas e dizia “caaaasa, caaaasa” ? Pois é, a gente começa a lembrar da nossa cama, do nosso quarto, do nosso canto, a saudade de tudo começa a se insinuar de vagarinho e a gente começa a imaginar como ficarão as telas na parede, onde vai colocar isso e aquilo, e também quanto vai pagar de excesso de bagagem. Aí começa uma espécie de retorno mental: a gente fica dividido entre a saudade dos novos lugares que conheceu, das pessoas queridas que vai deixar e a saudade dos que esperam o nosso regresso.

Mas no final, como no filme do E.T., tudo contribuiu pra dar tudo certo e a vidinha retoma seu curso.
Muito feliz por voltar ao nosso convívio aqui no blog. Aos poucos, aqui e ali, irei postando algumas das melhores impressões que tive nestas férias e algumas fotos. Agradeço a todos os amigos e amigas que deixaram mensagens estimulantes nos comentários. Carpe Diem.

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