Bloquear anomalias que provocam o
crescimento dos tumores é um desafio constante. Entusiastas das terapias
dirigidas defendem que, no futuro, os tumores acabarão sendo caracterizados pelos
seus perfis moleculares – pela assinatura genética ou genes mutantes que eles
têm – em vez da parte do corpo que eles afetam, dando fim a denominações como câncer
de mama, câncer de pulmão, câncer disso e daquilo. E os medicamentos serão
escolhidos com base nesse perfil.
A quimioterapia convencional
normalmente funciona matando as células que se dividem rapidamente. Isso
significa que ela também pode atingir as células normais, causando efeitos
colaterais como perda de cabelo, náusea, diarréia e anemia. As terapias
dirigidas, em contrapartida, miram as proteínas que contribuem para o
crescimento ou sobrevivência do tumor. Isso pode significar maior eficácia e
menos efeitos colaterais. Vários remédios dirigidos são usados hoje e melhoram
os tratamentos. Os medicamentos, porém, têm seus próprios efeitos colaterais.
Em muitos casos, eles funcionam melhor em conjunto com a quimioterapia.
O
medicamento experimental PLX4032, que reverte os efeitos de uma mutação
encontrada em certos tumores, é considerado um grande exemplo das
"terapias dirigidas" que teremos no futuro para o combate ao câncer.
O medicamento produziu resultados milagrosos em alguns pacientes com melanoma.
Mas,
quando o mesmo medicamento foi testado em pacientes com tumores colorretais com
a mesma mutação, quase não houve efeitos, relataram pesquisadores na semana
passada durante o encontro da Sociedade Norte-americana de Oncologia Clínica.
Era o mesmo remédio, mas os resultados foram diferentes.
Essa
descoberta serve como outro lembrete de como o câncer é complexo e de que ainda
há muito a ser estudado sobre essa doença. Os estudos questionam o entusiasmo
acerca das terapias dirigidas, que agem para bloquear anomalias específicas que
provocam o crescimento dos tumores.
Apesar de os pesquisadores elogiarem o sucesso dos medicamentos mais recentes,
eles reconhecem que os avanços não vêm acontecendo com a facilidade que eles
previam. Muitas terapias dirigidas não estão se saindo muito bem nos ensaios
clínicos.
"Passamos
por um período muito rápido de grandes expectativas, maturação e
decepções", disse Leonard Lichtenfeld, vice-presidente da Sociedade
Norte-Americana do Câncer. "Fomos ingênuos ao pensar que, achando o alvo,
teríamos a cura".
Após
um período de muitos ganhos - que culminou com a aprovação em 2004 de dois
medicamentos direcionados, Avastin e Erbitux -, o progresso contra o câncer
colorretal estagnou. Nos últimos cinco anos, não houve avanços significativos.
Uma
das estrelas da conferência oncológica foi a Pfizer, cujo medicamento experimental,
Crizotinib, diminuiu os tumores que tinham uma anomalia genética específica, em
quase todos os pacientes com câncer de pulmão. A anomalia foi descoberta há
apenas três anos, e o remédio está entrando no mercado.
Entretanto,
a Pfizer teve várias falhas nos ensaios clínicos de outros medicamentos
dirigidos. Seu remédio para câncer renal, Sutent, não funcionou como tratamento
para cânceres de mama, cólon e fígado.
Outro
remédio que bloqueia uma proteína, chamada "fator de crescimento
semelhante à insulina", também não teve êxito no tratamento do câncer de
pulmão.
THE NEW YORK TIMES, Traduzido por André Luiz Araújo. Editorial e edição de ilustração pelo autor.
THE NEW YORK TIMES, Traduzido por André Luiz Araújo. Editorial e edição de ilustração pelo autor.
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