1 - A
QUIMIOTERAPIA
Os
agentes químicos para o tratamento de câncer são chamados de antineoplásicos.
São baseados no fato de que as células cancerígenas crescem mais rápido do que as células normais. Algumas células, porém, também crescem rapidamente: os folículos capilares, o epitélio intestinal, células do sistema imunológico. Os antineoplásicos possuem efeitos colaterais sobre todas as células do organismo que apresentam crescimento acelerado.
São baseados no fato de que as células cancerígenas crescem mais rápido do que as células normais. Algumas células, porém, também crescem rapidamente: os folículos capilares, o epitélio intestinal, células do sistema imunológico. Os antineoplásicos possuem efeitos colaterais sobre todas as células do organismo que apresentam crescimento acelerado.
Um dos
primeiros antineoplásicos utilizados foi o Mecloroetamina, um agente
alquilante, utilizado como arma química na primeira guerra mundial. Os
cientistas observaram que os principais danos causados por esta droga nos
soldados afetados foram sobre as células de rápido crescimento, tal como
epitélio intestinal e tecido linfático. Esta descoberta levou os cientistas a
utilizarem o Mecloroetamina no tratamento do câncer e, hoje, no mínimo 10
cânceres podem ser tratados com este antineoplásico, tal como o linfoma de Hodgkin's
e o linfosarcoma.
O agente
quimeoterápico ideal mataria as células cancerígenas e seria inofensivo às
células sadias. Nenhum agente quimioterápico, por enquanto, atende a estes
critérios, e os mais efetivos são também os mais tóxicos para os humanos e,
portanto, precisam ser cuidadosamente controlados quando ministrados aos
pacientes. Existem três fontes principais de agentes quimioterápicos:
- Substâncias químicas sintéticas;
- Produtos
produzidos por micro-organismos;
- Plantas.
Os
quimioterápicos são agentes capazes de perturbar ou inibir a divisão (crescimento)
das células.
MODO DE AÇÃO:
a)
Agentes
alquilantes: foram as primeiras drogas
utilizadas no tratamento do câncer e, apesar de sua toxidade, constituem a base
de qualquer tratamento quimioterápico.
São chamados assim porque têm poder de adicionar um grupo
alquila a
diversos grupos eletronegativos do DNA
celular (célula neoplásica e sadia), desta maneira alterando ou evitando a
duplicação celular. O primeiro deles a ser usado foi a Cisplatina.
Principais agentes alquilantes:
Os agentes alquilantes são
extremamente reativos e ligam-se facilmente a grupos fosfatos, aminos,
hidroxilas e imidazólicos, que são encontrados nos ácidos nucléicos. Estes
agentes afetam tanto as células cancerígenas como as sadias - eles podem
quebrar a cadeia do DNA ou formar pontes entre as cadeias do ácido nucléico,
impedindo a duplicação do DNA e causando a morte da célula (citotoxidade).
Estes agentes causam vômitos, diarréia e uma grande diminuição no número de
glóbulos brancos e vermelhos no sangue, deixando o organismo debilitado,
incapaz de combater uma infecção.
b)
agentes antimetabólitos: São antineoplásicos
estruturalmente semelhantes aos compostos naturais encontrados em nosso
organismo, como aminoácidos, precursores do DNA, vitaminas, etc.. Afetam o
funcionamento celular, impedindo ou dificultado sua reprodução.
Um metabólito
é uma substância com estrutura similar ao metabólito necessário
para reações bioquímicas normais. O antimetabólito compete com o metabólito e
portanto inibe a função nomrmal da célula, incluindo a divisão celular. Podem
ser de três tipos:
- Análogos do
ácido fólico - Inibe a formação do tetrahidrofolate,
essencial para a síntese de purina e pirimidina, pela inibição da dihidrofolate redutase
(exemplos Metotrexato, Trimetoprim e Pirimetamina;
- Análogo da purina - Azatioprina (muito
usada em controle de reijeições a transplantes), Mercaptopurina, Tioguanina, Fludarabina, Pentostatina e Cladribina;
c) Terapia hormonal: Rigorosamente isto não é uma quimioterapia. Cânceres
de mama e de órgãos genitais são tratados com hormônios. Estes tecidos requerem
hormônios, tais como androgenos, progestinas e estrogenos, para crescimento e desenvolvimento.
Os antineoplásicos hormonais limitam a ação destes hormônios naturais. São
extremamente específicos e somente funcionam com certos tipos de câncer.
Estrogenos
são necessários para o crescimento e desenvolvimento das células nas mamas
femininas. Tamoxifen interage com o sítio receptor do estrogeno,
impedindo sua absorção e, portanto, interferindo no crescimento do tumor
cancerígeno.
d) fotoquimioterapia: foi primeiramente usada pelos
egípcios, há 4.000 anos, para ajudar a reduzir os efeitos da leucoderma
(vitiligo), onde pedaços da pele perdem a pigmentação. Extratos de plantas eram
administrados oralmente e, então, o paciente era exposto à luz do sol. Isto
fazia com que a pigmentação voltasse a sua pele. Os egípcios sabiam que tanto
as plantas como a luz do sol eram necessárias para o tratamento: de alguma
maneira, a radiação ativava os antineoplásicos.
e) Inibidores
Mitóticos
- Alcalóides da Vinca são agentes
antimitóticos e sob os microtúbulos. Eles são
produzidos sinteticamente e usados como drogas na terapia do câncer e como
drogas imunosupressivas. São eles a Vimblastina, Vincristina, Vindesina e Vinorelbina.
- Terpenóides: Extraído da planta Taxus brevifolia (ou
Teixo do Pacífico), o Taxane é usado para produzir sintéticamente drogas como o
Paclitaxel e Docetaxel.
f) Antibióticos anti-tumorais: Antibióticos
antitumorais ou "antibióticos citotoxicos" são drogas que inibem e
combatem o desenvolvimento do tumor.
- Antraciclinas: Daunorubicina, Doxorubicina, Epirubicina, Idarubicina, Mitoxantrona, Pixantrona, Valrubicina
g) Inibidores da Topoisomerase: Topoisomerases são enzimas isomerases que atuam
sobre a topologia do DNA. Inibição das topoisomerases Tipo I e Tipo II interferem tanto na transcrição quanto na replicação do DNA
controlando o superenrolamento do DNA.
- Exemplos de inibidores do tipo II incluem Amsacrina, Etoposida, Etoposida
fosfato, e Teniposida. Estes são
derivados semi-sintéticos da podofilotoxinas, alcalóides
presentes na raiz da Podophyllum
peltatum.
Tipos de
quimioterapia
·
Poliquimioterapia: É a
associação de vários citotóxicos (quimioterápicos) que atuam com diferentes
mecanismos de ação, sinergicamente, com a finalidade de diminuir a dose de cada
fármaco individual e aumentar a potência terapêutica de todas as substâncias
juntas. Esta associação de quimioterápicos costuma ser definida segundo o tipo
de fármacos que formam a associação, dose e tempo de administração, formando um
esquema de quimioterapia.
·
Quimioterapia adjuvante: É a
quimioterapia que se administra geralmente depois de um tratamento principal,
como por exemplo, a cirurgia, para diminuir a incidência de disseminação a
distância do câncer.
·
Quimioterapia neoadjuvante ou
de indução: É a quimioterapia que se inicia antes de qualquer tratamento cirúrgico
ou de radioterapia, com a finalidade de avaliar a efetividade in vivo do
tratamento. A quimioterapia neoadjuvante diminui o estado tumoral, podendo
melhorar os resultados da cirurgia e da radioterapia e, em alguns casos, a
resposta obtida para chegar à cirurgia, é fator prognóstico.
·
Radioquimioterapia
concomitante: Também chamada quimioradioterapia, costuma ser administrada em conjunto
com a radioterapia, com a finalidade de potencilizar os efeitos da
radiação ou de atuar especificamente com ela, otimizando o efeito local da
radiação.
====================
2 - QUIMIOTERAPIA - PERGUNTAS
E RESPOSTAS
O que é
quimioterapia?
Quimioterapia é um
tratamento que utiliza medicamentos para destruir as células doentes que formam
um tumor. Dentro do corpo humano, cada medicamento age de uma maneira
diferente. Por este motivo são utilizados vários tipos a cada vez que o
paciente recebe o tratamento. Estes medicamentos se misturam com o sangue e são
levados a todas as partes do corpo, destruindo as células doentes que estão
formando o tumor e impedindo, também, que elas se espalhem pelo corpo. O
paciente pode receber a quimioterapia como tratamento único ou aliada a outros,
como radioterapia e/ou cirurgia.
Como é
feito o tratamento?
O tratamento é
administrado por enfermeiros especializados e auxiliares de enfermagem, podendo
ser feito das seguintes maneiras:
§
Via oral
(pela boca): o paciente ingere pela boca o medicamento na forma de comprimidos,
cápsulas e líquidos. Pode ser feito em casa.
§
Intravenosa
(pela veia): a medicação é aplicada diretamente na veia ou por meio de cateter
(um tubo fino colocado na veia), na forma de injeções ou dentro do soro.
§
Intramuscular
(pelo músculo): a medicação é aplicada por meio de injeções no músculo.
§
Subcutânea
(pela pele): a medicação é aplicada por injeções, por baixo da pele.
§
Intracraneal
(pela espinha dorsal): menos freqüente, podendo ser aplicada no líquor (líquido
da espinha), pelo próprio médico ou no centro cirúrgico.
§
Tópico
(sobre a pele ou mucosa): o medicamento (líquido ou pomada) é aplicado na
região afetada.
Quanto
tempo demora todo o tratamento?
A duração do
tratamento é planejada de acordo com o tipo de tumor e varia em cada caso.
Ainda que o paciente não sinta qualquer mal-estar, as aplicações de medicamento
não devem ser suspensas. Somente o médico indicará o fim do tratamento.
Como é
feita uma aplicação de quimioterapia?
A quimioterapia não
causa dor. O paciente deve sentir apenas a “picada” da agulha na pele. Algumas
vezes, certos remédios podem causar uma sensação de desconforto, queimação na
veia ou placas avermelhadas na pele, como urticária.
O médico deve ser
imediatamente avisado de qualquer reação. O tempo de aplicação vai depender do
tipo de tratamento determinado pelo médico. Existem situações em que o paciente
precisa se internar para receber aplicações mais prolongadas.
É
necessário mudar a rotina diária durante o tratamento?
Não. O paciente pode
manter as atividades de trabalho normais, devendo comunicar ao médico qualquer
reação do tratamento.
§
Sono: é importante dormir
bem e repousar, principalmente após receber a aplicação. Isso porque um corpo
descansado responde melhor ao tratamento
e ajuda a reduzir os efeitos desagradáveis que ele pode causar.
§ Outros medicamentos: o paciente deve
informar ao médico se possui outro problema de saúde e se toma outros remédios.
§ Bebidas alcoólicas: são permitidas,
desde que ingeridas em pequenas quantidades. É proibido tomar bebidas
alcoólicas poucos dias antes ou poucos dias após receber a aplicação da
quimioterapia; e quando o paciente estiver tomando antibióticos,
tranqüilizantes ou remédios para dormir.
§ Queda dos cabelos: caso ocorra, é
importante saber que o cabelo voltará a crescer quando acabar o tratamento ou
até mesmo antes. Para contornar esse desconforto, podem ser usados bonés,
perucas, lenços etc.
§
Menstruação: as mulheres que
menstruam podem apresentar algumas alterações no ciclo menstrual o fluxo de
sangue do período pode aumentar, diminuir ou parar completamente. Se isto
acontecer, o médico responsável deve ser comunicado. No entanto, após o término
do tratamento, o ciclo menstrual retornará ao normal.
§
Tratamento
dentário:
só deve ser feito mediante autorização do médico.
§
Atividades
sexuais:
a
quimioterapia não interfere nem prejudica as relações sexuais, que podem ser
mantidas normalmente. Vale ressaltar que a gravidez deve ser evitada durante o
tratamento. Por isso, homens e mulheres devem usar preservativo (camisinha) em
todas as relações sexuais, e as mulheres também devem usar pílulas
anticoncepcionais se o médico prescrever.
Quais
os efeitos colaterais da quimioterapia?
Alguns efeitos indesejáveis podem
ocorrer. Saiba o que fazer em cada situação.
§
Fraqueza: em decorrência da anemia devida à destruição
da medula óssea, que diminui o
número de glóbulos vermelhos, bem como a
imunodepressão. Às vezes é necesário recorrer à transfusão de sangue ou à administração
da eritropoetina.O paciente deve evitar
esforço excessivo e aumentar as horas de descanso. Para tanto, pode dividir com
alguém as atividades caseiras e combinar um melhor horário de trabalho.
§
Diarréia: o médico irá receitar medicamentos próprios
para combater a diarréia, o que pode ser ajudado com a ingestão de líquidos e
de alimentos como arroz, queijo, ovos cozidos, purês e banana, que ajudam a
“segurar” o intestino. O paciente deve se lavar após cada episódio de diarréia
e consultar-se com o nutricionista. Pode ocorrer também Prisão de ventre ou obstipação ou
constipação intestinal.
§
Perda
de peso:
alimentos como gemadas, milk-shakes, queijo, massas e carnes, ajudam a aumentar
seu peso, e devem ser ingeridos principalmente no intervalo entre uma aplicação
e outra.
§
Aumento
de peso:
neste caso, o paciente deve reduzir a quantidade de alimentos, diminuir ou
cortar o sal da alimentação e comer mais frutas.
§
Feridas
na boca:
para minimizar esse efeito, deve-se manter a boca sempre limpa, e evitar usar escova
de dente e prótese dentária. O enxagüe deve ser feito com água filtrada e uma
colher de chá de bicarbonato. É indicado comer alimentos pastosos, sopas ou
sucos. Alimentos gelados (sorvetes, refrigerantes, gelatina) ajudam a
anestesiar a boca.
§
Queda
de cabelos e outros pêlos do corpo (Alopécia): para contornar essa situação passageira,
podem ser utilizados perucas, lenços e demais acessórios para melhorar o
visual.
§
Náuseas e vômitos: Podem ser aliviados com antieméticos ou melhor com antagonistas dos receptores
tipo 3 da serotonina. Alguns estudos e
grupos de pacientes manifestam que o uso da maconha (Cannabis sativa), durante a quimioterapia reduz de
forma importante as náuseas e os vômitos e que aumenta o apetite.
O paciente deve comer em pequenas quantidades
e com mais freqüência. Balas à base de hortelã, água mineral gelada com limão,
bebidas com gás e sorvetes ajudam a melhorar este tipo de desconforto. Evitar
alimentos com muito tempero ou muito gordurosos (é bem aceita pipoca sem
gordura) e bebidas alcoólicas; tomar os remédios para enjôo e vômito que forem
receitados pelo médico; comer algo leve antes da aplicação e dormir após.
§
Tonteiras: o paciente deve vir
acompanhado para a sessões da quimioterapia. Após a aplicação, deve descansar,
evitando passeios.
§ Infecções: Devido a diminuição do número
de leucócitos, responsáveis pela defesa contra microrganismos.
§ Tumores secundários
§ Cardiotoxicidade: A quimioterapia
aumenta o risco de enfermedades cardiovasculares (exemplo: adriamicina).
§ Hepatotoxicidade
§ Nefrotoxicidade
§ Síndrome da lise tumoral: Ocorre com a destruição pela quimioterapia das
células malignas de grandes tumores como os linfomas. Este grave e mortal efeito
colateral é prevenido no início do tratamento com diversas medidas
terapêuticas.
Existem
cuidados especiais para o paciente em tratamento?
Ao fazer a barba, o
paciente deve ter cuidado para não se cortar (se possível, usar barbeador
elétrico). Nas mãos, evitar retirar cutículas e cuidado ao cortar as unhas.
Caso sinta
ressecamento da pele ou descamação, pode passar hidratante que não contenha
álcool (como por exemplo óleo de amêndoa, leite de aveia, Proderm). Não usar
desodorantes que contenham álcool.
Alguns medicamentos,
quando administrados fora da veia, podem causar lesões do tipo queimaduras,
que, quando não tratadas, podem causar algumas complicações. Podem surgir
dores, queimação, inchaço, vermelhidão no braço e outros sintomas, que podem
ser sentidos durante a injeção ou algum tempo (até dias) depois. Caso isso
aconteça, a equipe médica deve ser avisada. Em casa, o paciente pode tomar
algumas medidas:
- lavar o braço com água e sabão;
- mergulhar o braço em água gelada durante 20
minutos, várias vezes ao dia, até que desapareça a vermelhidão;
- manter o braço
elevado o maior tempo possível
Em que
situações o paciente em tratamento deve procurar o médico?
O paciente deve retornar ao hospital
imediatamente em caso de:
- febre por mais de duas horas,
principalmente igual ou acima de 38°C;
- manchas ou placas avermelhadas no
corpo;
- sensação de dor ou ardência ao
urinar;
- dor em qualquer parte do corpo
inexistente antes do tratamento;
- sangramentos que demoram a estancar;
- falta de ar ou dificuldade de
respirar;
- diarréia por mais de dois dias.
A cada volta, o
enfermeiro ou médico devem ser informados sobre tudo o que o paciente sentiu
depois que recebeu a Quimioterapia.
Wikipédia
INCA
Oncoguia
Revista eletrônica do Departamento de Química – UFSC