Quem assistiu
ao filme “Como se Fosse da Primeira Vez”, de 2004, com Adam Sandler e Drew
Barrymore, provavelmente sentiu-se tocado pela beleza e originalidade da
interpretação que se ouve de um medley das canções “Over the Rainbow” e “What a
Wonderful World”, na cena final, enquanto são exibidos os créditos. A segunda, é
de Louis Armstrong. A primeira é uma das canções mais famosas do final da
década de 1930, eternamente associada à Judy Garland e ao filme “O Mágico de Oz”,
onde apareceu pela primeira vez.
Durante o tratamento
e recuperação de um câncer de mama, a cantora australiana Kylie Minogue gravou
uma versão dela.
E se considerarmos
apenas Over The Rainbow, segundo a
Wikipedia ela já foi interpretada por nomes da música mundial como The
Beatles, Celtic Woman, Jewel, Celine Dion, Aretha Franklin, Patti LaBelle,
Beyonce, Guns and Roses, Chris Impellitteri, Eric Clapton, Faith Hill, Frank
Sinatra, Shania Twain, Ray Charles, Mariah Carey, Crystal Kay, The Ramones,
Louis Armstrong, Ingrid Michaelson, Girls' Generation, entre centenas de outros
interpretes. No Brasil já foi traduzida e interpretada por Luiza Possi, com o
título de Além do arco-íris. Nara Leão,
a eterna musa da Bossa Nova, também gravou uma versão. Né moleza não, né?
Além do arco-íris há um mundo maravilhoso?
Mesmo assim IZ, como era carinhosamente chamado o popular cantor
e compositor havaiano Israel
Kamakawiwo’ole, “o Doce Gigante”, conseguiu ser original. E sua grande sacada foi ter tido a sensibilidade criativa de
juntar em uma mesma canção duas composições que combinam perfeitamente poesia e
música e se complementam esteticamente, no álbum Facing Future, de 1993.
E, depois, ter dado ao conjunto a mais bela
e original interpretação, traduzindo de maneira minimalista, tranquila e
encantadora - apenas com sua voz suave e morna e o pequeno violão havaiano ukelele
- as esperanças e sonhos da humanidade
por um mundo ideal de amor, justiça e paz, ou pelo menos um pouco melhor do que
esse em que vivemos.
Nos últimos anos de
sua vida, IZ, descendente de uma linhagem pura de nativos havaianos, resistiu a
várias hospitalizações devidas a problemas de saúde acarretados pela obesidade mórbida
extrema contra a qual lutava, a ponto de atingir 340 kg.
Outra luta, que muita
gente não sabe, pois o assunto é meio tabu no Havaí, é que IZ também tinha participação
política discreta, mas ativa, através de sua música, no movimento pacífico pela
independência da Ilha onde nasceu Barak Obama.
Quando foi premiado pela
Hawaii Academy of Recording Arts, no ano de
1997, com o título de melhor vocalista e pela autoria do melhor álbum, aos 38
anos, pelo reconhecimento de seu talento, ele assistiu às cerimônias já no quarto do hospital onde viria a falecer
em seguida, em consequência de complicações respiratórias devidas ao excesso de peso.
Suas cinzas foram lançadas no Oceano Pacífico em cerimônia da qual participaram mais de dez mil
pessoas. Mas, IZ: - Valeu, cara!
Baixe o album póstumo Alone
in IZ World
2 Comentários:
Foi uma surpresa descobrir que essa interpretação tão delicada tinha sido feita por alguém tão....grande. Obrigada por compartilhar. Selma Araujo
Meu querido, como sempre o seu blog exala doçura e inteligência! Continue no caminho...e nos encantando com a sua expressão!
Beijo,
Anitha
Ah! Licença, vou postar esse texto no meu Facebook. Obrigada, desde já!
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