Ao findar uma leitura sobre Geologia, devemos sempre fazer isso com
humildade.
Na nave Terra que nos transporta pela imensidão até uma meta final que
só Deus conhece, nada mais somos que passageiros de proa.
Somos emigrantes que conhecem seu próprio infortúnio. Os menos
ignorantes entre nós, os mais ousados, os mais impacientes, questionamos nossos
próprios problemas; queremos saber quando começou a viagem da humanidade,
quanto tempo durará, como navega o barco, por que vibram seu casco e seu
convés; por que algumas vezes os ruídos vêm dos porões e se extinguem pela
escotilha; nos indagamos sobre que segredos se ocultam nas profundezas desta
estranha nave e sofremos porque nunca o saberemos...
Você e eu somos do grupo dos impacientes e ousados que desejam saber e
que nunca ficam satisfeitos com qualquer resposta.
Mantemos-nos unidos na proa do barco atentos a todas as indicações que
provenham do interior misterioso, do mar monótono ou do céu mais monótono
ainda.
Confortamos-nos uns aos outros falando sobre a costa para a qual
acreditamos devotamente navegar, ou sobre aquela a que na realidade chegaremos
e onde desembarcaremos, talvez amanhã.
È uma costa que nenhum de nós nunca viu, mas que reconheceremos sem
titubear quando aparecer no horizonte.
É a costa do país de nossos sonhos, onde o ar é tão puro que não existe
a morte, é o país de nossas aspirações e seu nome é “Verdade”.
(Pierre Termier)
Hoje, procurando alguns
papeis no trabalho, caiu-me nas mãos o meu velho convite de formatura, onde se
pode ler este belo texto/poesia extraído do prefacio de um livro técnico de
Pierre Termier, eminente geólogo francês da cidade de Lyon, falecido na década
de 30. Era um livro da biblioteca do Campus,
em espanhol, já defasado no tempo. Desde muito cedo eu aprecio leituras deste
tipo. Afinal, as raízes do presente não estão no passado?
Surpreendeu-me - depois de
transcorrido tanto tempo - a simplicidade do impresso, notadamente se comparado
às superproduções que envolvem hoje a concepção e a confecção desses convites, onde
os formandos são tratados como verdadeiros pop
stars. Uma grana preta!
O nosso convite foi feito por nós mesmos
em cartolina fosca e impresso em serigrafia, ou silk screen, que é um processo de impressão totalmente artesanal. Depois, cada um desenhou com cola plástica motivos geológicos em seus convites e jogou sobre eles, para aderir, areia de cores variadas e materiais dourados como purpurina para simular veios de ouro, cobre, etc.
Quase todos os convidados que compareceram, já chegavam dizendo: "Parabéns pelo convite", "Adorei o convite!" e coisas desse tipo.
De lá pra cá proliferaram no
País as faculdades de praticamente todas as ciências de curso superior, as
universidades particulares, promotoras de diplomas, pouco ciosas da excelência
do serviço que prestam à sociedade. E, proporcionalmente, é assustadora a
quantidade de taxistas, garçons, representantes de laboratórios farmacêuticos, agente
administrativo, etc, graduados com diploma de administrador, economista,
pedagogo, arquivista, biblioteconomista, turismólogo, e por aí vai...
Para os céticos, dentre as ciências materialistas e positivistas, talvez a Geologia, ao lado da Astronomia, seja a que mais
contribuição tem dado às ciências esotéricas, à Ciência Iniciática das Idades, principalmente os ramos da Geologia
Histórica e da Tectônica de Placas, aportando evidências que dia após dia trazem à luz conhecimentos até então velados pelos processos das dinâmicas externa e interna do Planeta,
que se vão justapondo num quebra-cabeça monumental e revelador, ao mesmo tempo histórico e dialético.
Num próximo post vamos tratar mais extensivamente
este assunto.
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Convite aberto |
E o texto de Pierre Termier
nos reconduz às indagações ancestrais da humanidade: “de onde viemos?”, “por
que?”, e, “para onde vamos?”.