quarta-feira, 29 de junho de 2011

4

A maioria dos norte-americanos está a favor da pesquisa com células-tronco para curar doenças graves


Médicos que fizeram um transplante com células-tronco em um homem infectado por HIV com leucemia, em 2007, acreditam que o paciente tenha sido curado. Um relatório foi publicado recentemente no jornal Blood, da Sociedade Americana de Hematologia, afirmando que, com base nos resultados de extensos testes, “é razoável concluir que a cura da infecção por HIV foi obtida nesse paciente.” As informações são do site Aids Map.
Embora as pesquisas usando células estaminais embrionárias humanas venham despertado controvérsias políticas, éticas, religiosas e filosóficas por quase duas décadas, pouco foi feito para se avaliar cientificamente as atitudes dos norte-americanos sobre o assunto. Uma nova pesquisa da Universidade de Nevada, Reno, fornece aos legisladores uma imagem muito mais clara de como os gringos realmente se sentem sobre o assunto. Certamente, como a história recente tem demonstrado quando se trata de questôes desta natureza, a opinião deles subsidiará e influenciará tomadas de decisão em vários países do mundo ocidental, principalmente.

O estudo, "As atitudes dos EUA sobre a pesquisa com células-tronco embrionárias humanas", publicado este mês na revista NatureBiotechnology, foi conduzida pela Universidade de Nevada, Reno, por membros do corpo docente, que pesquisaram uma grande e representativa amostra nacional de 2.295 entrevistados em 2009. Suas descobertas mais significativas incluem:

Mais de dois terços dos entrevistados aprovaram o uso da clonagem terapêutica (transferência nuclear de genes do próprio paciente) e células-tronco de embriões fertilizados in vitro para curar o câncer ou o tratamento de doenças cardíacas, enquanto apenas um em cada seis entrevistados não aprovaram. A clonagem terapêutica permanece proibida nos Estados Unidos hoje. Cerca de um em cada seis inquiridos tinha sentimentos controvertidos ou estava indeciso.

Mais de dois terços dos entrevistados também aprovaram uma nova técnica, que utiliza  células adultas modificadas como uma alternativa ao uso de células de embriões fertilizados in vitro - se este método puder vir a ser empregado na cura do câncer ou no tratamento de doenças cardíacos., contra apenas 15% que se manifestaram contra. Dentre eles, cerca de um em cinco estava indeciso.

Quase metade (43 a 47 por cento) dos entrevistados também aprovam o uso da clonagem terapêutica de células, cultivadas in vitro de embriões fertilizados e células-tronco de adultos para o tratamento de alergias, mas um pouco mais de um em cada quatro entrevistados, não. E de 28 a 29 por cento estavam indecisos a esse respeito.

A pesquisa revela que, enquanto a maioria dos entrevistados aprova a utilização destes métodos para o tratamento de condições de saúde menos graves, esta aprovação não é tão evidente quando se trata da aplicação desses métodos para tratar doenças mais graves, como o câncer e as cardiopatias.

A grande maioria, mais de dois terços, afirmou seguir sua própria consciência no julgamento para decidir se é certo que se permitam estes tratamentos. Apenas 4% deu maior peso moral à Igreja Católica do que a si mesmos, e mesmo entre os católicos praticantes que frequentam a igreja, apenas cerca de um em cada cinco transfere para a igreja as decisões sobre estas questões.

Traduzido e condensado de ScienseDaily, com editorial pelo autor. Leia o release original aqui.

terça-feira, 28 de junho de 2011

1

Sobreviventes de câncer infantil têm alto risco para tumores múltiplos à medida que envelhecem

O maior estudo já realizado de adultos sobreviventes de câncer na infância descobriu que o primeiro câncer é apenas o começo de uma batalha ao longo da vida contra as diferentes formas da doença, para cerca de 10 por cento destes sobreviventes.
O estudo incluiu sobreviventes cujos cânceres foram diagnosticados entre 1970 e 1986, quando tinham no máximo 20 anos de idade. Os participantes foram tratados em uma das 26 instituições nos Estados Unidos ou Canadá e sobreviveram pelo menos cinco anos após o diagnóstico de câncer.
Depois dos acidentes, o câncer é a principal causa de morte entre crianças e adolescentes no Brasil. A cada ano são cerca de 10 mil novos casos de câncer pediátrico, ou infanto-juvenil, segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer. A boa notícia é que hoje cerca de 70% desses pacientes podem ser curados. Mas um monitoramento rigoroso deve ser seguido por toda a vida

A pesquisa envolveu 14.358 indivíduos que participaram do estudo financiado pelo governo federal Childhood Cancer Survivor (CCSS). Investigadores do St. Jude Children Research Hospital, liderando o esforço, informaram que 1.382, ou 9,6% dos sobreviventes desenvolveram novos tumores não relacionados com o câncer original. Cerca de 30 por cento dos sobreviventes, 386 indivíduos, desenvolveram outros tumores. Quatro ou mais tumores foram encontrados em 153 sobreviventes neste estudo. Os resultados aparecem na edição on-line de 27 de junho do Journal of Clinical Oncology.

Essas descobertas mostram que quando se considera adultos sobreviventes de câncer infantil, isso não tem sido feito de forma adequada para prever  o risco de um câncer subseqüente e de reconhecer que alguns desses pacientes estão em risco de cânceres múltiplos. “Este é o primeiro estudo mais completo para tentar quantificar esse risco ", disse Gregory Armstrong, investigador principal do estudo.

O trabalho ressalta a importância de exames preventivos para o diagnóstico precoce do câncer nestas pessoas. "Geralmente, os sobreviventes ainda não estão recebendo esses cuidados de triagem importantes para a detecção do câncer no início, ou não tão frequentemente o quanto recomendado", disse Armstrong. Como exemplo, o controle com mamografia com início aos 25 anos, em vez de aos 40 anos de idade, é recomendado para as sobreviventes do câncer de mama infantil, cuja terapia incluiu a radiação do tórax.

Estima-se que 366.000 americanos vivos hoje são sobreviventes de câncer infantil. A CCSS foi lançada em 1994 para identificar os desafios enfrentados pelos sobreviventes de câncer infantil e para desenvolver novos métodos para aliviar ou prevenir efeitos tardios. Neste estudo, metade dos participantes tinham sobrevivido pelo menos 23 anos desde sua infância, quando os cânceres foram encontrados.

Quase 70 por cento dos participantes do estudo haviam recebido radiação como parte de seu tratamento bem sucedido contra o câncer infantil. Este estudo reforçou pesquisas anteriores que ligavam a terapia de radiação com um risco aumentado de desenvolver tumores adicionais, malignos e benignos, mais tarde na vida. Sobreviventes do sexo feminino submetidos na infância à radiação para tratamento do câncer foram incluídos entre aqueles com maior risco de tumores mais tarde, particularmente tumores de mama.
Traduzido e condensado de Science News, com editorial pelo autor. Leia release completo aqui.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

0

Proteína age como supressora do crescimento de tumores mamários

Cientistas americanos conseguiram, pela primeira vez, identificar e compreender o funcionamento de uma proteína capaz de reduzir as chances de desenvolvimento de tumores de mama. De acordo com reportagem publicada no periódico especializado Oncogene, pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, conseguiram reverter o crescimento do tumor apenas regulando os níveis da substância no tecido mamário.

Batizada de Runx3, a proteína já era conhecida como um potente supressor do crescimento do câncer de mama. Não se sabia, no entanto, qual era seu mecanismo de ação. Na pesquisa, o grupo coordenado por Lin-Feng Chen, professor da Universidade de Illinois, descobriu que uma quantia significativa de camundongos sem um dos dois genes Runx3 desenvolveu espontaneamente tumor na glândula mamária após 14 ou 15 meses de vida — o equivalente à faixa etária entre 40 e 50 anos em humanos.

“Descobrimos tumores mamários em desenvolvimento em cerca de 20% dos camundongos que não tinham um dos genes Runx3”, diz Chen. Nenhum dos animais que tinha as duas cópias do gene, no entanto, desenvolveu o tumor. Assim, a equipe já tinha indícios de que a ausência de um dos dois genes Runx3 estava relacionada ao desenvolvimento do câncer. Os pesquisadores descobriram ainda que o receptor alfa de estrogênio (ER-alfa), um dos envolvidos no desenvolvimento do câncer de mama, aparecia em excesso no tecido dos tumores dos camundongos. O ER-alfa é abundante em cerca de 75% dos casos humanos de câncer de mama - o excesso da substância é especialmente perigoso nesses casos porque o ER-alfa aumenta a proliferação das células cancerígenas e também a resistência do tumor aos tratamentos. 

Quando o Runx3 que estava inativo foi reintroduzido no organismo em regiões onde havia ER-alfa em excesso, o gene conseguiu suprimir o crescimento das células cancerígenas, além de inibir o potencial de formação de tumores nos camundongos. “Ao regular os níveis celulares de ER-alfa, o Runx3 controla a resposta celular ao estrogênio circulante. Assim, a proteína desempenha um papel importante na inibição do câncer de mama”, diz Chen.

Para o cientista, o estudo abre portas para a criação de novos tratamentos e medicamentos contra o câncer. Uma ideia, segundo o pesquisador, seria o desenvolvimento de testes para medir os níveis de Runx3 nos tecidos mamários. “Já se sabe que o Runx3 está inativo nos primeiros estágios do câncer de mama. Esse gene poderia funcionar como um biomarcador dos estágios da doença”, diz.

Fonte aqui

sexta-feira, 24 de junho de 2011

3

Depoimento: Herson Capri fala sobre o câncer à revista Istoé

“cigarro faz mal e é um dos causadores do câncer sim, inclusive do meu.”

Por Rosângela Honor

Para os que não tiveram a oportunidade de ler esta excelente entrevista publicada há alguns dias na revista Istoé, posto aqui esse depoimento de alguém que superou um dos cânceres mais letais e segue a vida normalmente. Aos 48 anos, o curitibano Herson Capri vem redescobrindo o prazer de viver desde que domou um câncer no pulmão esquerdo há um ano e oito meses.

O que mudou depois do câncer?
Comecei a cultivar a vida com mais leveza, a desprezar problemas menores que se faziam grandes na minha cabeça, aumentou a alegria de viver. Em alguns momentos, paro e digo: “Estou vivo! Que bom!”. Não morri por um triz. Câncer no pulmão é complicado, mata em 90% das vezes. Só é curável quando detectado antes de qualquer sintoma. Foi a minha sorte.

Como descobriu?
Por acaso. Ia encenar Jesus Cristo no espetáculo Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém. Estava meio gordinho e resolvi fazer uma lipoaspiração. Quando fui fazer os exames preparatórios, detectaram um nódulo no pulmão esquerdo e depois fui operado. Tive muita sorte, acho que houve um empurrãozinho da mão de Deus.

Você acredita que houve alguma relação?
Esta relação com Jesus Cristo é uma coisa que, sem nenhuma pieguice, mexeu comigo. Já me disseram que é uma babaquice dizer que foi Jesus quem me salvou. Respondi que babaquice era da pessoa. Fui salvo por Jesus, literalmente. Fui fazer Jesus Cristo, quis ficar magro igual a ele e isso acabou salvando minha vida.Como não fazer essa associação imediata?

O que mudou na sua crença?
Tive uma formação religiosa muito contraditória. Meu pai era ateu, militante do Partido Comunista, foi preso várias vezes. Mas estudei alguns anos em colégio interno e religião era algo obrigatório. Aos 5 anos, todos os dias, às seis da manhã, lá estava eu ajoelhadinho rezando. Esta contradição sempre me perseguiu. Da infância à adolescência, oscilei entre uma religiosidade muito minha, até escondida, e um discurso ateu. Comecei a admitir que rezava sim, a falar de fé e a agradecer. E isto se acentuou depois que me salvei do câncer.

Mesmo operado você se manteve no espetáculo. Por quê?
É, tinha só 25 dias de operado. Antes de cada apresentação, rezava para agradecer. Eram momentos muito emotivos porque ainda estava cicatrizando. Ainda hoje é assim, tenho um contato com Deus muito particular, mas não freqüento igrejas.

Qual foi sua reação ao descobrir o câncer?
Quando me deparo com uma dificuldade muito grande, costumo ser racional. Na minha ignorância pensei: “É um câncer, vou morrer e preciso saber quanto tempo tenho, o que posso fazer”. Pensava: “Vou enlouquecer, vou viajar e conhecer o mundo ou vou me drogar, o que vou fazer?

Como se comportou em relação à sua família?
Percebi a dificuldade das pessoas de assimilar, principalmente a Susana, que é médica e trabalha com diagnóstico de câncer em ultra-sonografia. Pensava também na possibilidade de deixar o Lucas sem pai.

Teve medo de morrer?
Como ator, interpretei vários personagens que morreram. Isso é muito louco porque, de alguma forma, eu estava amadurecido em relação à morte. Não fiquei em pânico, foi uma coisa madura. Tive medo, mas não me isolei das pessoas.

Você sabia da gravidade de seu quadro clínico?
Não sabia das estatísticas e de todas as possibilidades que envolvem câncer de pulmão. Sabia que o tumor estava próximo da pleura, mas não sabia que, se ele colasse na pleura, a sobrevida era pequena. Sabia o que precisava saber, talvez até por fuga.
E como convive com a possibilidade da reincidência do câncer?
Faço exames periódicos e em cada uma das vezes existe a expectativa de pintar um novo tumor em algum outro lugar ou não. Os dois primeiros anos são decisivos, cruciais. Fui operado há um ano e oito meses.

Você fumou durante 30 anos. Acredita que o cigarro foi um dos causadores do tumor?
Com certeza. O cigarro contribuiu e a natação compensou um pouco. Tentava parar, mas não conseguia. Parava e depois voltava. Era uma briga com a consciência, sabia que fazia mal, que precisava parar, mas achava gostoso. Parei três vezes, numa delas fiquei sem fumar três anos.

Você fez comercial de cigarro?
Fiz. Não sinto culpa, nem arrependimento. Existe uma discussão muito grande em torno do cigarro. O que posso dizer hoje é que cigarro faz mal e é um dos causadores do câncer sim, inclusive do meu.

Como você reage diante de um fumante?
Não sou ex-fumante chato. Só falo no assunto quando sou perguntado. Quando um fumante fala que não consegue parar, digo que é uma questão de força de vontade e aconselho a fazer uma chapa de pulmão de vez em quando. Mas sempre com leveza. Quando fumam do meu lado, me afasto porque me dá alergia. Agora tenho um pulmão diferenciado, especial.

Você leva uma vida normal?
Faço tudo. Eu me exercito na esteira durante 40 minutos e às vezes nado. Isso quando tenho paciência porque não sou religioso em nada. Eu me alimento bem, mas irregularmente, como sempre foi. Meu sono e minha alimentação têm um lado desregrado. Durmo tarde e acordo tarde.

Além do cigarro, você usou outro tipo de droga?
Usei maconha um tempo, com alguns intervalos. Usava de forma racional. Nunca para trabalhar. O trabalho de ator é delicado e a maconha dispersa muito. Usava à noite, em casa. Fazia uma coisa equilibrada, se é que se pode dizer isso de uma droga.

Leia a entrevista completa aqui

terça-feira, 21 de junho de 2011

2

SUS continua a ser a galinha dos ovos de ouro do enriquecimento ilícito na saude


A Política Nacional de Atenção Oncológica criou os chamados CACON - Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, definidos como Unidades de Saúde que possuem as condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de assistência especializada de alta complexidade para o diagnóstico definitivo e tratamento de todos os tipos de câncer. Um hospital particular, para ser credenciado junto ao SUS como um destes Centros, deverá, obrigatoriamente, oferecer todos os serviços de oncologia, incluindo Cirurgia Oncológica, Oncologia Clínica e Serviço de Radioterapia e Hematologia, especificados em Portaria do Ministério da Saúde. A falta de vigilância e de controle sobre estes prestadores de serviço facilitam e até incentivam a prática asquerosa, fraudulenta de profissionais de saúde ambiciosos que roubam o País, envergonham os colegas honestos e usurpam a esperança de vida.

“Em Rondônia, o Instituto de Oncologia e Radioterapia São Pelegrino Ltda. - Clínica São Pelegrino - Porto Velho, está ligado diretamente ao Hospital de Base.  Estes estabelecimentos não sofrem, em geral, caso não haja denúncia, nenhum tipo de auditoria ou controle social de seus tratamentos ou faturamentos. Há muito médico, proprietário de clínicas, ficando milionário, tamanho é seu grande faturamento, com a estratosférica margem de lucro. Para se entender como é a “margem de lucro”, veja o “modus operandi”, detalhado no artigo do médico hematologista e oncologista Ricardo Teixeira, publicado no órgão do Conselho Federal de Medicina:

‘O Ministério da Saúde paga “X” reais por cada tratamento para cada Neoplasia, adjuvante e metastático; vamos supor que seja R$ 1.000,00 (hum mil reais) para uma enferma com câncer de mama metastático, o que contempla (tratamento com) Docetaxel e Doxorubicina. Pois bem, eles aplicam Doxorubicina com Ciclofosfamida, que é mais barato, tendo assim uma grande margem de lucro (pois declaram ter seguido o tratamento mais indicado) e privando a paciente de ter maior chance de cura ou sobrevida, tudo por ganância e total ausência de preocupação com as vidas dos pacientes. Esse é o segredo do lucro fantástico’.

Como o DENASUS – Departamento Nacional de Auditoria do SUS não tem como auditar todas essas “clínicas” (espalhadas pelo País), usurpa-se a chance de enfermos com câncer, em todo o Brasil, de ter algum nível mínimo de qualidade de tratamento, provocando assim, menor sobrevida, uma maior mortalidade por câncer.

O Instituto de Oncologia e Radioterapia São Pelegrino Ltda. - Clínica São Pelegrino - Porto Velho, recebeu importâncias referentes a procedimentos impugnados e/ou não realizados/comprovados, causando um prejuízo financeiro ao Sistema Único de Saúde - SUS de R$ 52.268,41 (Cinqüenta e dois mil duzentos e sessenta e oito reais e quarenta e um centavos).

A auditoria constatou cobrança indevida de serviços não realizados, conforme constatado na ficha de Planejamento e no prontuáruo médico analisado. Em 05 APAC houve a cobrança indevida de quimioterapia cuja realização não foi comprovada no prontuário médico, contrariando o que dispõe a Portaria MS/SAS Nº 296/99.

Em 01 prontuário havia 06 folhas de "Controle de Freqüência Individual de Quimioterapia” previamente assinada pelo paciente, sem aposição de datas. Os prontuários e respectivas APAC, solicitados com antecedência, não foram apresentados. Os prontuários auditados não apresentavam ordenamento cronológico e em 08 deles havia inserção de documentos de outros pacientes.”

Leia a matéria completa aqui

segunda-feira, 20 de junho de 2011

0

A Ignorância e a discriminação são cúmplices do câncer

A redução sustentada das taxas de mortalidade geral do câncer se evidencia nos dados que dão conta de que cerca de 898.000 mortes pela doença foram evitadas entre 1990 e 2007, de acordo com as últimas estatísticas da American Cancer Society. No entanto, o relatório Cancer Statistics 2011, e a publicação especializada Cancer Facts & Figures 2011, revelaram que este progresso não tem beneficiado de forma igualitária todos os segmentos da população. Uma seção especial do relatório esclarece que as taxas de morte por câncer em indivíduos com menor grau de instrução são mais de duas vezes superiores as dos individuos com grau mais elevado de instrução, e que a detecção desta realidade poderia ter evitado 37% - ou 60.370 - das mortes prematuras por câncer que ocorreram em 2007, em pessoas com idades entre 25 e 64 anos.

A cada ano, a Sociedade Americana do Câncer projeta o número de novos casos de mortes por câncer esperados nos Estados Unidos no ano corrente, e compila os dados mais recentes sobre a incidência da doença, mortalidade e sobrevivência com base em dados de incidência do Instituto National do Cancer e demais órgãos de controle do estado.

Um total de 1.596.670 novos casos e 571.950 mortes por câncer são projetados para este ano nos EUA. As Taxas de incidência global de câncer entre os homens mantiveram-se estáveis ​​no período mais recente, após uma queda de 1,9% ao ano de 2001 a 2005; nas mulheres, as taxas de incidência têm diminuido em 0,6% anualmente, desde 1998.

As taxas de câncer em geral e de morte, que têm caído desde o início de 1990, continuaram a diminuir em todos os grupos raciais/étnicos, em homens e mulheres desde 1998, com exceção das mulheres de etnia índia, entre as quais as taxas permaneceram estáveis. Afroamericanos e hispânicos mostraram as maiores quedas anuais nas taxas de morte por câncer durante este período, 2,6% e 2,5%, respectivamente. As taxas de morte por câncer de pulmão declinaram significativamente em mulheres após um aumento contínuo desde 1930.

O Cancer Statistics 2011 é publicado on-line anualmente pelo CA: A Cancer Journal for Clinicians. Outros destaques do relatório incluem:

Entre os homens, o câncer de próstata, o de pulmão, brônquios e cólon representam mais da metade (cerca de 52%) de todos os cânceres diagnosticados. O de próstata responde sozinho por 29% (240.890) dos casos incidentes no sexo masculino.

OS três tipos mais comumente diagnosticados entre as mulheres também são os cânceres de mama, pulmão, brônquios e cólon, o que representa cerca de 53% dos casos de câncer estimados em mulheres. Isoladamente, só o câncer de mama responderá por cerca de 30% (230.480) de todos os novos casos esperados entre as mulheres.

A probabilidade de ser diagnosticado com um câncer invasivo é mais elevada para os homens (44%) que para as mulheres (38%). Estima-se que cerca de 571.950 norte-americanos vão morrer de câncer, correspondendo a mais de 1.500 mortes por dia.

A taxa de mortalidade por câncer de pulmão em mulheres finalmente começou a declinar, mais de uma década depois do início do declínio entre os homens. Este atraso é atribuido ao fato de as mulheres terem aderido mais tardiamente ao vício do tabagismo, entre as quais o hábito de fumar atingiu o apogeu 20 anos mais tarde em relação aos homens.

Rápidas quedas nas taxas de incidência do câncer colorretal em grande parte refletem os resultados das ações recentes de prevenção e triagem, que podem detectar e remover pólipos pré-cancerosos.

A taxa de mortalidade geral por câncer diminuiu 1,9% ao ano de 2001-2007 em homens e 1,5% em mulheres de 2002-2007, em comparação com o declínio menor de 1,5% ao ano no sexo masculino entre 1993-2001 e de 0,8% ao ano no sexo feminino, entre 1994-2002.

Os relatórios apresentam uma seção especial sobre o impacto da eliminação das disparidades sociais sobre o número de mortes por câncer. O nível de ensino é muitas vezes usado como um marcador de status socioeconômico. Em 2007, a mortalidade por câncer no segmento menos instruido da população foi 2,6 vezes maior do que entre os mais instruidos. Esta disparidade foi ainda maior para o câncer de pulmão, para o qual a taxa de mortalidade foi cinco vezes maior entre os menos escolarizados. As diferenças nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão refletem um gradiente marcante na prevalência do tabagismo por nível de escolaridade: 31% dos homens com 12 ou menos anos de educação são fumantes, comparados com 12% dos graduados universitários e 5% dos homens com pós-graduação.

A seção especial também estimou o número de mortes potenciais por câncer prematuro que poderiam ter sido evitadas, na ausência de disparidades socioeconômicas e/ou raciais. Considerando que se todas as etnias, de todas as faixas socioeconomicas e etárias entre os 25-64 anos tivessem tido o mesmo tratamento que os brancos mais bem instruidos tiveram no período estudado, 60.370 mortes por câncer prematuro poderiam ter sido evitadas.

Os relatórios anuais tornaram-se ferramentas essenciais para os cientistas, especialistas em saúde pública e formuladores de políticas para avaliar a carga atual do câncer. Estas estimativas são algumas das estatísticas de câncer mais amplamente citadas no mundo.

O número esperado de novos casos de câncer e de mortes devem ser interpretados com cautela, pois estas estimativas são baseadas em modelos estatísticos e podem variar consideravelmente de ano para ano. Nem todas as mudanças nas tendências de câncer podem ser capturadas através de técnicas de modelagem e, por vezes, o modelo pode ser muito sensível às tendências recentes, resultando em sobre ou sub estimativas.

Apesar das limitações, as estimativas da American Cancer Society, do número de novos casos de câncer e de mortes no ano corrente fornecem estimativas razoavelmente precisas sobre a carga de novos casos de câncer e mortes nos Estados Unidos. Tais estimativas ajudarão nos esforços em curso para reduzir o impacto da doença na saúde pública.

Os norteamericanos possuem excelentes bancos de dados, que alimentam softwares de tratamento de estatísticas muito eficientes, que constituem ferramentas poderosas para o entendimento da evolução dos padrões de incidencia e distribuição do câncer, muito úteis na adoção de políticas de ações de saude publica, que devem, a meu ver, ser compartilhadas entre os povos que lutam contra a doença.

Traduzido e condensado de material publicado em Cancer Statistics 2011 @ CA: A Cancer Journal for Clinicians. Os interessados em ler o extenso relatório na íntegra podem clicar no link acima.